Hérlon Moraes/Sesapi Governo vai usar modelo europeu de Cuidados Continuados ao paciente A ideia é utilizar o modelo europeu adequado a realidade local.

O governo do Piauí, através da Secretaria de Estado da Saúde, se prepara para implantar no estado a Rede de Cuidados Continuados Integrais (RCCI). A Rede é caracterizada por um conjunto de instituições que prestam cuidados de saúde e de apoio social a pessoas em situação de dependência funcional temporária ou prolongada, idosos com critérios de fragilidade, incapacidade grave, doença severa e doenças crônicas com grau de dependência. Durante a manhã, no auditório do Hospital Getúlio Vargas (HGV), a equipe gestora que participou de um estágio na Espanha e Portugal no mês passado, na área, apresentou o diagnóstico das visitas realizadas em unidades de saúde na Catalunha, em Barcelona e em Lisboa. A ideia é utilizar o modelo europeu adequado a realidade local.

O objetivo do projeto é assistir a uma parcela da clientela que hoje ocupa os leitos nos hospitais públicos, com permanência elevada, doenças crônicas que poderiam ser acompanhadas até mesmo no domicílio. O Piauí é um dos quatro estados do país a implantar a RCCI. O projeto foi desenvolvido em parceria com Ministério da Saúde (MS), Hospital Samaritano (SP) e Secretaria de Saúde do Estado do Piauí, contando com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Teresina.

 “Sabemos da dificuldade para chegar ao nível deles, mas não é impossível. Só vendo de perto para ter uma ideia da dimensão. Demos o primeiro passo mesmo sabendo das dificuldades. Tenho a lucidez que estamos no caminho certo”, disse o secretário de saúde Ernani Maia, ressaltando que a Espanha demorou 20 anos para implantar a sua rede, já Portugal se estruturou em 7 anos.

O diagnóstico foi apresentado por Luciane Formiga, coordenadora da Central de Regulação de Internações da Sesapi. Segundo a gestora, foi uma oportunidade importantíssima para que o Piauí pudesse mostrar a sua força na busca pela saúde pública de maior qualidade. “Foi um choque quando chegamos lá, é tudo muito bem feito. As unidades de saúde são humanizadas, limpas e bem assistidas por profissionais”, explica.

Para o coordenador do Centro de Estudos Ayrosa Galvoã, Paulo Carrara, que coordena a implantação da Rede no Piauí, o país precisa de políticas na área. “Aqui é tudo igual a Espanha e Portugal, a diferença é que não temos a rede que eles têm. Precisamos criarmos uma política para isso. Precisamos de pessoas comprometidas. O Brasil precisa disso. Temos o direito de ter coisas de qualidade”, declara.

A equipe clínica, formada por servidores do estado e da Prefeitura de Teresina também apresentou suas impressões sobre o estágio na Europa. “Precisamos ter compromisso com o paciente e a família, compromisso com a unidade e o trabalho contínuo”, disse o coordenador da Clínica Médica do HGV, Jailson Matos.

“Foi uma experiência marcante. Precisamos fazer uma gestão integrada”, disse Sammia Barros, da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, que também integrou a equipe.

O projeto prevê a instalação de 20 leitos no Hospital São Carlos Barromeu, em Teresina, onde a instituição será totalmente reformada e equipada com recurso do MS para adequar a finalidade do cuidado constituindo um investimento de cerca de R$ 3 milhões. E ainda a capacitação da equipe de gestores e técnicos especializados para prestação do cuidado.