A realidade da Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) tem passado por uma série de melhorias no último mês. A instituição é referência em todo o Piauí e parte do Maranhão e, recentemente, apresentou problemas pontuais relacionados ao baixo de estoque em alguns itens. Entretanto, a direção da unidade e a Superintendência de Assuntos Hospitalares da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) estão trabalhando para sanar essas dificuldades. A ação será facilitada com a verba de R$ 500 mil disponibilizada pelo Estado que será utilizada de forma emergencial na instituição.

O abastecimento de material já está regularizado e, no prazo de 30 dias, a MDER já terá um estoque equivalente à reserva de consumo para o período de 180 dias.

Segundo o superintendente de Assistência à Saúde, Alderico Tavares, o recurso é proveniente do Tesouro Estadual e garantirá, de imediato, o restabelecimento dos insumos e medicamentos. “Em médio prazo, a Secretaria irá realizar processo licitatório para compra de insumos e medicamentos em quantidade que supra a demanda da maternidade”, garantiu.

A maternidade está sendo suprida de medicamentos, insumos e material cirúrgico de forma a atender prontamente e com segurança pacientes que ingressam na unidade, minimizando os problemas e com uma estimativa de plena regularização em até 30 dias.

O superintendente explicou que alguns medicamentos, como  a morfina - que estava em falta no mercado -, já foram adquiridos. No entanto, enquanto houve a falta pontual a MDER esteve reunida com a Comissão de Anestesiologistas para a substituição da mesma. A maternidade recebeu uma carta do laboratório produtor do anticoagulante enoxaparina, informando que o mesmo deixou de ser fabricado por falta de matéria prima. Esses casos pontuais foram solucionados com a substituição dos medicamentos. 
Tavares frisou ainda que o laboratório da maternidade receberá o reforço de uma empresa de análises clínicas, que terá uma sala específica na MDER, com o intuito de fortalecer e melhorar o a entrega do resultado de exames.

Óbitos
Durante uma coletiva à imprensa, o diretor geral da MDER, Francisco Macêdo, disse que a maternidade está realizando uma análise para descobrir se, de fato, as infecções que causaram a morte de três pacientes foram provenientes da própria maternidade. Uma das mulheres teve óbito constatado como sendo consequência de problemas neurológicos e outra por insuficiência cardíaca.

Uma análise preliminar do Comitê de Óbitos da maternidade apontou que duas pacientes que tiveram óbito registrado na MDER deram entrada com infecção. Ambas tiveram alta em bom estado de saúde e retornaram à unidade. Uma delas, no 11º dia do pós-parto e a outra com sete dias pós-parto. Essa última, antes de retornar, esteve por duas vezes em uma maternidade da rede municipal de Saúde. "Existem indícios fortes que nós temos recebido, parcialmente, de que as infecções não são inerentes da maternidade e que estão vindos de fora. Em breve, estaremos recebendo um laudo oficial, técnico, pra que a gente possa ter uma resposta", completou. 

Macêdo ressalta que a Evangelina Rosa é uma unidade de referência em alta complexidade, ou seja, atende grávidas em gestação de alto risco e seus bebês. "Aqui ingressam pacientes em estado grave. Normalmente, em toda a rede nacional de hospital de tratamento de alto risco, o índice de óbitos tende a ser maior do que nos lugares que atendem médio e baixo risco. Entendemos que é, de certa forma, injusto fazer comparação de taxa de mortalidade de hospital de alto risco com os demais de baixo risco", declarou o diretor.

CCIH
A Maternidade Evangelina Rosa possui uma Comissão de Combate à Infecção Hospitalar (CCIH) que tem objetivo evitar casos de infecções hospitalares. Segundo o diretor Francisco Macêdo, o perfil bacteriano desta da unidade é considerado bom. "Existe um calendário de limpeza terminal, específica para hospitais, onde é feita higienização completa das áreas e desinfecção das áreas críticas, como Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, UTIs, Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (Ucinco), Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (Ucinca). Um trabalho constante de combate, que agora foi intensificado. “Com a verba liberada para o plano emergencial, serão realizados programas de higienização e uma força-tarefa para evitar que possíveis infecções vindas de fora possam afetar pacientes”, destacou.

Estrutura
A Secretaria de Estado da Saúde do Estado (Sesapi) contratará uma empresa de engenharia terceirizada, através de contrato emergencial que, a partir da próxima semana, fará reparos considerados urgentes. Em longo prazo, outras ações de melhoria estrutural estão planejadas para serem realizadas no prédio. 

"A maternidade tem procurado incansavelmente soluções emergenciais para atender de forma satisfatória a demanda. Em menos de dois anos, tivemos a inauguração da Casa da Gestante, Puérpera e Bebês, com capacidade em atender simultaneamente 20 mulheres, que precisam de cuidados especiais, mas sem a necessidade de internação. Também foram criados mais 10 novos leitos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)", destacou Francisco Macêdo.

Por Astrid Lages