Após 14 dias de greve, os prestadores de serviço anunciaram ontem à noite ao governador Wellington Dias que iriam encerrar a paralisação no maior hospital público do Piauí. E no final da manhã de hoje, a Assembléia dos profissionais de nível superior decidiu também acatar a proposta do governo, e os grevistas voltaram às atividade normais ainda hoje.
No inicio da noite de ontem, o governador Wellington Dias foi pessoalmente ao hospital conversar médicos e servidores de nível médio e elementar, acompanhado do secretário estadual de Saúde, Nazareno Fonteles, e do secretário de Governo, Joaquim Almeida. Dias foi bastante aplaudido na reunião com os prestadores de serviço de nível médio e elementar. “Desde que fomos comunicados pela Justiça do Trabalho que teríamos que demitir todos os prestadores de serviços, sempre demonstramos interesse em regularizar essa situação, mas, infelizmente, as irregularidades existentes são históricas e ninguém pode apagá-las em apenas quatro meses de governo. Queremos lembrar que o HGV não é um hospital qualquer, é o maior hospital de referência que temos, é por isso que queremos dar essa oportunidade para as pessoas se capacitarem, profissionalizarem-se e crescerem. Enfim, queremos regularizar a vida de vocês para que nenhum outro governo possa ameaçá-los de demissão”, afirmou o governador aos grevistas.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Bartolomeu Gaspar, disse que o tipo de negociação que foi feita com o governo demonstrou que a maneira de administrar e conduzir a relação com os servidores agora está fazendo a diferença. “Os trabalhadores foram ouvido, isso revela a existência de um governo democrático e popular que temos, tanto no Piauí como no Brasil. E não é à toa que ajudar a eleger esse governo do partido que também ajudamos a construir”, enfatizou Gaspar.
Ele lembrou que agora os servidores podem trabalhar com calma porque foi afastado o fantasma da demissão. “Talvez se fosse num outro governo, estaria todo mundo no olho da rua”. Bartolomeu também elogiou a escolha de uma mulher para dirigir o HGV, e associou a iniciativa ao fato da maioria dos trabalhadores da saúde ser mulher.
A reunião teve um momento emocionante, quando a servidora Francisca Rodrigues, abraçou o governador Wellington Dias depois do anúncio do fim da greve. Ela teve uma crise de depressão desde que soube que poderia ser demitida, Francisca trabalha no hospital há 12 anos.
Um dos acontecimentos decisivos para a concretização do acordo foi o acerto feito entre o governo do Estado e a Procuradoria Geral do Trabalho, através da procuradora Evana Soares, para a realização de um teste seletivo simplificado, que garantirá a manutenção do emprego dos atuais prestadores de serviço do HGV por um ano, podendo esse prazo ser prorrogado por mais um ano. E ainda a formação da comissão paritária que irá definir os critérios desse teste simplificado.
Além disso, o governador também deu a garantia de que vai abonar os dias parados da saúde, mas solicitou que fosse feita uma escala de trabalho para a reposição das faltas.
Secretário de saúde pede a colaboração dos servidores para com a nova diretoria do HGV, ao ser anunciado o fim da greve
Durante a reunião que decidiu o fim da greve dos prestadores de serviços de nível médio e elementar do HGV, realizada ontem à noite (24/04-quinta-feira) no auditório do hospital, o secretário estadual de Saúde, Nazareno Fonteles, pediu aos servidores de nível médio e elementar que contribuíssem com a nova diretoria, no sentido de melhorar o atendimento do maior hospital da rede pública estadual. “Vamos zelar por essa casa e dar apoio à nova diretoria para que possamos melhorar as condições de trabalho de vocês, a fim de que a população seja a maior beneficiada com essa boa relação. Enfrentamos um momento muito difícil, mas graças a Deus chegamos a um denominador comum, voltando a reinar a tranqüilidade no HGV, que é esse coração do sistema de saúde do Piauí, para que esse hospital possa servir cada vez mais e melhor ao nosso povo tão sofrido”, afirmou o secretário aos servidores.
Nazareno também ressaltou a importância do HGV como o principal ponto de atendimento do sistema de saúde do Piauí, acrescentando que é justamente devido a essa importância que está investindo na reforma do hospital, da clinica Nefrológica, e ainda colocará para funcionar o laboratório do HGV. “Também queremos investindo em outros hospitais da capital e do interior, queremos construir, futuramente, uma nova maternidade, estamos montando também uma UTI no HDIC para atender possíveis casos de pneumonia asiática. E no interior a situação não é diferente, durante essa greve pudemos perceber que o pronto-socorro do HGV funcionou, embora precariamente, graças ao melhor atendimento dos hospitais do interior”, frisou o secretário de Saúde.
Fonteles também agradeceu à nova direção que assumiu o cargo num momento muito difícil, em plena greve, em especial à diretora-geral do HGV, Joana Zélia Arcoverde. “Assim como o HGV, diversas hospitais, como a maternidade Evangelina Rosa, o Hospital Areolino de Abreu, são dirigidos por mulheres, tenho certeza que elas têm muito mais jogo de cintura para construir uma diretoria mais atuante e participativa”, comentou Nazareno.
Ele ainda confirmou a manutenção do nome de Francisca Cortês para o cargo de Diretora de Enfermagem do HGV. O secretário também deixou claro que não existe nenhum conflito do ponto de vista administrativo entre ele membros da direção anterior.
Apesar das críticas que recebeu, Nazareno confessou que não existe nenhum tipo de ressentimento e estará sempre aberto para discutir com os servidores. “Quem me conheço bem sabe que não sou essa figura intransigente que tentam construir. Esse meu jeito aparentemente rígido pode incomodar, mais muitos sabem que ao longo da minha história sempre agi com integridade e decência, acredito que futuramente vocês também irão perceber o que estou dizendo. É por isso que o governador está sempre do meu lado, ele sabe da minha história, do meu zelo e dedicação pela coisa pública”, afirmou o secretário aos servidores.
Ao terminar a fala do secretário, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Bartalomeu Gaspar, disse que estava satisfeito com a negociação proposta pelo governo. “É o primeiro passo no sentido da vitória, o teste seletivo vem nos proporcionar a possibilidade de sairmos dessa situação de ilegalidade do serviço prestado no Estado, na área da saúde, enquanto não acontece o concurso público”, ressaltou Gaspar.
Ele ainda destacou a importância da formação da comissão paritária que irá decidir os critérios para regularização do teste seletivo. “Consideramos essa comissão muito importante principalmente porque o mesmo número de representantes dos servidores do HGV será igual ao número de representantes do governo do Estado”, enfatizou o sindicalista.
Governador e secretário também se reúnem com os médicos
Logo depois da reunião com o pessoal de nível médio e elementar, o governador Wellington Dias, o secretário estadual de Saúde, Nazareno Fonteles, o secretário de governo, Joaquim Almeida e o secretário de Defesa Civil, Flávio Nogueira, e membros da nova diretoria do HGV se reuniram com membros da comissão de negociação dos médicos grevistas do HGV. “Depois desse momento de satisfação de ter ouvido dos servidores decidirem que vão retornar ao trabalho, houve uma reunião com a comissão dos médicos bastante positiva. O governador fez um apelo e a comissão disse que estava disposta a voltar ao trabalho, mas essa decisão precisava ser homologada em assembléia, que só poderia ser realizada hoje tendo em vista que não deu tempo para essa reunião acontecer ontem”, afirmou o secretário.
Para Nazareno, não haveria mais motivo para os médicos permanecerem em estado de greve, tendo em vista que a grande reivindicação era, exatamente, fazer uma regularização dos contratos. “Como a Justiça do Trabalho apontou junto ao governo do Estado a possibilidade de teste seletivo e a realização de contrato temporário de trabalho por até dois anos, isso faz com que crie uma tranqüilidade para os servidores e a gente possa contribuir ao longo, desse tempo, com várias alternativas, capacitando melhor os servidores, instruindo aqueles que têm baixa instrução, e, portanto, dando uma esperança de uma estabilidade no emprego”, disse confiante o secretário.