Pela primeira vez na história, o Piauí finalmente vai implantar uma política consistente para garantir a saúde integral do trabalhador. Ontem à noite (quarta-feira), aconteceu a abertura oficial do I Seminário de Saúde do Trabalhador do Piauí , que reuniu representantes do Ministério da Saúde, do Governo Estadual, trabalhadores e outras instituições ligadas à saúde do trabalhador. Na abertura do evento, o coordenador da área técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Marco Pérez fez a conferência sobre o “Programa Nacional de Saúde do Trabalhador e sua implantação no Estado do Piauí”. Logo após a conferência aconteceu a plenária sobre a “Construção de Parcerias do Programa de Saúde do Trabalhador no Estado”. Para o secretário estadual da Saúde, Bruno Figueiredo, a política brasileira de saúde ao trabalhador se enquadra perfeitamente nos princípios do Sistema Único de Saúde. “Poucas políticas sociais se enquadram mais na lógica do SUS do que as da saúde do trabalhador, pois elas discutem desde política de prevenção até atendimento integral dos doentes do trabalho”, disse. Ela explicou ainda que o Piauí vai se inserir de forma decisiva na Rede Nacional de Saúde ao Trabalhador. “Até junho vamos inaugurar o Centro de Referência à saúde do Trabalhador, inserindo o Piauí na Renast. Em todo o Estado, essas políticas serão aplicadas seguindo a mesma lógica da regionalização. Num primeiro momento vamos implantar a rede em Teresina, onde todos os hospitais do Estado vão atender ao trabalhador de acordo com suas especialidades”, destaca o secretário. Para a representante do Ministério da Saúde, Dra. Maria Graça Hoefer, ao longo dos três dias de seminário será construída uma proposta que o Ministério da Saúde estará levando para os outros estados da federação no sentido de garantir o consenso. “Isso vai permitir a criação de estratégias de vigilância, atenção e mudança de uma realidade que é mutiladora e fatal”, destaca Hoefer. De acordo com o Chefe do Serviço de Benefícios do INSS, Carlos Augusto Viana, o Piauí está de parabéns pela iniciativa. “Ainda há muita falta de conhecimento por parte dos trabalhadores e empresários sobre a questão dos acidentes do trabalho. Com a implantação dessa política, o Piauí está de parabéns porque agora temos tudo para começarmos a mudar essa realidade. Atualmente são três os tipos de acidente no trabalho: os típicos, os de percurso e o das doenças ocupacionais e todos os três têm direito a ressarcimento”, explica Viana. Para se ter uma idéia de como é grave a dimensão do problema no Brasil, basta analisar os números do Ministério da Saúde. Em um ano acontecem um milhão de acidentes de trabalho no país. São duas mortes a cada três horas, 220 mutilados por ano, 800 mil acidentados por agravos ao trabalho e nada menos que U$$ 12 bilhões são gastos ao ano devido a esses acidentes, bem mais do que se gasta no SUS. “Esses números são ainda mais alarmantes se levarmos em consideração que apenas 4% dos casos são notificados e estão nas estatísticas oficiais do Governo”, diz Graça Hoefer. O I Seminário de Saúde do Trabalhador do Piauí continuou hoje com a apresentação do Projeto/Programa saúde do Trabalhador e o SUS, exposto pelo Dr. Marco Perez e a redefinição da rede do CEREST, a Proposta dos Municípios Sentinela e do termo de pactuação, pela Dra. Maria Graça Hoefer e Marcos Perez. O evento continua a tarde de hoje, a partir das 14h, com o trabalho em grupo para a elaboração do diagnóstico situacional da saúde do trabalhador nos municípios e a elaboração do plano de ação. Amanahã (sexta-feira), a partir das 8h30, haverá a exposição dos participantes sobre o plano de ação aos coordenadores do Ministério da Saúde. À tarde, através de AIHs, SAI/SUS e SINAN será feito um preenchimento de relatórios para obter informações sobre a saúde do trabalhador.