Mesmo sem a ocorrência de epidemias de dengue as ações de combate ao vetor da doença não podem ser deixadas de lado. Essa é a grande lição deixada pelas epidemias da doença pelas quais o país já passou. Com essa visão, o Ministério da Saúde vai reunir trinta gestores dos três níveis da federação para o I Curso Internacional de Gestão Integrada da Prevenção e Controle da Dengue, em Fortaleza, de 15 a 26 de agosto. A partir desta primeira edição, o curso deve se tornar anual. Durante o curso, os alunos serão treinados para agir em duas situações diferentes. Uma delas é com baixa transmissão de dengue. Nestas épocas, é preciso que se evite a formação dos criadouros do mosquito. Portanto, as operações de campo devem continuar a serem executadas e a população deve se manter atenta. Para tanto, são necessárias estratégias específicas. Do ponto de vista da Vigilância Epidemiológica, a vigilância entomológica (do mosquito e dos criadouros) tem de estar ativa, os laboratórios devem se manter atualizados quanto aos métodos de diagnóstico e os estudos sobre os hábitos do mosquito em perfeito andamento. Do ponto de vista da Comunicação Social, também há medidas específicas. Uma delas são as estratégias para impacto no comportamento, conhecida pela sigla em inglês Combi, elaborada pela Organização Mundial de Saúde e aplicada no controle da dengue no Brasil. Esta estratégia é baseada em princípios de marketing, já há muito utilizado pela iniciativa privada para a adesão dos consumidores à produtos e serviços, e que agora começa a ser adotada por autoridades de Saúde Pública de vários países para provocar impacto no controle de doenças através da mudança de comportamento das pessoas. No Brasil, o Combi já está sendo experimentado em projetos-piloto em São Luís, no Maranhão; Ibirité, em Minas Gerais; Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Sobral, no Ceará. Paralelamente a estas ações, o saneamento ambiental também precisa ser executado levando em conta a situação epidemiológica da doença e das condições para a reprodução do vetor, para evitá-la. A outra situação prevista no curso, é a ocorrência de epidemias, quando todas as estruturas, da vigilância epidemiológica à assistência, passando pela comunicação, devem estar prontas para agirem. Essa visão é chamada de gestão integrada de prevenção e controle e é a prioridade do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), executado pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estaduais e municipais de saúde. Dengue – Os resultados obtidos pelo PNCD nos últimos anos, por intermédio da visão de controle integrado e continuado das ações, são extremamente positivos. Os casos de dengue no país caíram na comparação entre o primeiro semestre de 2002, quando houve uma epidemia no país, e o mesmo período de 2004. A queda foi 91,04%, com 734,7 casos no primeiro semestre de 2002, e 65,8 mil casos em 2004. A comparação entre o primeiro semestre de 2003 e o mesmo período de 2004 registra nova queda nos casos. Nos primeiros seis meses do ano passado, foram registrados 299,7 mil casos no país e 65,8 mil casos em 2004, o que corresponde a uma queda de 78%.