Dos 130 casos notificados pelo Serviço de Atendimento Médico às Vítimas de Violência Sexual (SAMVIS) de janeiro a junho deste ano, 91 foram com crianças ou adolescentes com idade entre 5 e 19 anos, o que corresponde a 70% dos casos.
O serviço funciona na Maternidade Dona Evangelina Rosa desde outubro do ano passado e só atende mulheres. De acordo com a coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e Adolescente da Secretaria de Saúde, Carmem Viana, a idéia agora é expandir este serviço para os demais hospitais de referência da capital, para que possam realizar o atendimento inclusive com vítimas do sexo masculino.
“O que está nos preocupando agora são as crianças e os adolescentes do sexo masculino, pois não temos nenhum serviço especializado para atender estas vítimas de violência sexual, que a gente sabe que vem crescendo a cada dia”, ressalta Carmem.
Neste sentido, a Coordenação de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde está realizando hoje e amanhã, no auditório do Hospital Infantil Lucídio Portela, a Oficina de Sensibilização sobre o Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima de Violência.
Para a secretária estadual da Saúde, Tatiana Chaves, todos devem se empenhar no combate à violência contra crianças e adolescentes. “Nós abraçamos esta causa porque não podemos admitir qualquer que seja a violência contra essas pessoas, que geralmente são indefesas. E também porque a violência não é somente naquele momento em que sofre, mas ela se estende por toda a vida”, afirma.
Segundo Carmem, a violência sexual é apenas um tipo de violência que a criança sofre, seja no convívio familiar ou social. “Além disso, a criança e o adolescente sofrem outros tipos de violência, como a violência física, psicológica, dentre outras”, diz.
O SAMVIS
O SAMVIS foi implantado oficialmente no dia 22 de outubro do ano passado e funciona 24 horas por dia. O atendimento à mulher é feito por uma equipe de multiprofissionais, como médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros e inclui também o atendimento médico pericial, que é feito por dois médicos-legistas, que também ficam de plantão por 24 horas.
O atendimento de emergência é feito até as primeiras 72 horas após o estupro para que a paciente possa receber o medicamento que evita a gravidez indesejada, a medicação de prevenção de doenças venéreas, além da imunoglobina contra a hepatite e orientação para prevenção de HIV.
Após a emergência, as pacientes são encaminhadas para o ambulatório, onde recebem o atendimento ginecológico para prevenção contra o câncer e orientação para planejamento familiar e psicológico.