A suspeita de contaminação por agrotóxico de trabalhadores do sul do Estado será investigada por uma Força Tarefa. A secretária estadual da Saúde, Tatiana Chaves se reuniu hoje (quinta-feira) com representantes das Secretarias do Meio Ambiente, Desenvolvimento Rural e Segurança Pública, Vigilância Sanitária do Estado, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, Embrapa, Delegacia Regional do Trabalho, HGV, Laboratório Central e Ministério da Agricultura, além da coordenação de epidemiologia e Vigilância Ambiental da Sesapi e dos secretários de Saúde de Ribeiro Gonçalves e Baixa Grande do Ribeiro.
Na reunião ficou acertado que todas as instituições envolvidas irão compor a Força Tarefa com o objetivo, não apenas de investigar e esclarecer quais os motivos que levaram a óbito quatro pessoas do município de Ribeiro Gonçalves, mas também fazer uma grande campanha de educação sobre a manipulação de agrotóxicos. “Essa reunião foi extremamente positiva à medida que integrou várias frentes que estão engajadas ao problema. Juntos buscaremos a melhor solução garantindo saúde à população do Piauí”, destacou Tatiana Chaves.
De acordo com ela a Força Tarefa começa a atuar já na segunda-feira quando uma equipe do Laboratório Central vai coletar amostras de água de sete municípios da região sul do Estado, especialmente dos municípios de Ribeiro Gonçalves e Baixa Grande do Ribeiro, inclusive do rio Uruçuí Preto. “Depois de fazermos vários exames e ainda não termos chegado a um parecer definitivo sobre o que ocasionou as mortes e adoeceu vinte e cinco pessoas da região decidimos que vamos continuar com a investigação epidemiológica e ao mesmo tempo começar uma ampla campanha de sensibilização do uso de agrotóxicos na região”, disse a secretária.
Além disso, equipes composta por técnicos da Coordenação de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde e do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Piauí, que tem como objetivo garantir saúde integral aos trabalhadores piauienses, vão visitar a região para traçar as estratégias de orientação do uso de agrotóxicos em todo Estado. “As equipes começarão a trabalhar na área em que o problema apareceu, mas o nosso objetivo é levar a campanha para todo o Piauí”, ressaltou Tatiana.
Por outro lado, a Secretaria Estadual da Saúde vai reiterar perante o Ministério da Saúde a necessidade de se implantar um laboratório de toxicologia no Estado e acelerar a instalação de quatro laboratórios filiais do Lacen no interior nas cidades de Parnaíba, Picos, Floriano e Bom Jesus. A Sesapi ainda estima que, até o final de novembro, deverá entrar em funcionamento a Central de Informação Toxicológica que funcionará em regime de plantão 24h e contará com sete médicos, farmacêutico, enfermeiro e estagiários de medicina para informar e acompanhar os casos de possíveis intoxicações em todo interior do Estado.
Para o secretário do Meio Ambiente Dalton Macambira a reunião foi produtiva já que uniu o poder público para um trabalho integrado. “A reunião articulou todos os órgãos do poder público que tem atribuições constitucionais específicas. A Força Tarefa é importante porque considera que o problema é sério e o poder público vai atuar em conjunto para que encontremos a verdade sobre o que de fato aconteceu naquela região e assim tomar as medidas necessárias para resolver o problema”, disse.
De acordo com o secretário de Saúde de Ribeiro Gonçalves, Adelmar Pinheiro, onde vinte e cinco pessoas apresentam os mesmos sintomas de intoxicação, a situação é atípica e requer cuidados especiais. “Montamos uma equipe interdisciplinar e interinstitucional para montarmos um plano de ação na região”, ressaltou.
O médico do trabalho da Delegacia Regional do Trabalho, Luís Lima, destaca que uma Força Tarefa como essas no Piauí é inédita. “Essa medida é fundamental. Nunca fizemos uma discussão desse tipo no Piauí. É a primeira vez que conseguimos unir todos esses órgãos. O risco de contaminação por agrotóxicos naquela região é muito grande e acredito que unindo todas essas forças poderemos não apenas vislumbrar a ponta do iceberg, que é o que estamos fazendo agora, como também resolver o problema como um todo”, disse.