O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) está fazendo um levantamento para identificar os agravos à saúde do trabalhador ocasionados no ambiente de trabalho.
Segundo o psicólogo do Cerest, Lucas Guimarães, um pré-levantamento feito com trabalhadores que procuram o Hospital Psiquiátrico Areolino de Abreu detectou que os principais transtornos mentais ocasionados pelo trabalho são alcoolismo, stress e esquizofrenia. “Nos trabalhadores da construção civil o mais comum é o alcoolismo, enquanto que os lavradores apresentaram um alto índice de esquizofrenia”, diz.
Lucas e Roselane Sousa, que também é psicóloga do Cerest, estão à frente do I Simpósio de Saúde Mental e Trabalho, que acontece até esta sexta-feira no auditório da Facime. O evento foi aberto hoje com discussão sobre a Compreensão dos Transtornos Mentais versus Processo de Trabalho, feita por Roselane e pela médica do Trabalho Mirian Palha Dias.
De acordo com Miriam, fracasso, acidentes de trabalho e mudança de cargo, mesmo para uma função melhor, podem desencadear quadros psicopatológicos, ocasionando transtornos mentais diversos. “Isso não é de hoje. Desde 1700 temos relatos de doenças mentais relacionadas ao processo de trabalho. A tecnologia que nós temos hoje só tem ajudado a aprofundar o estudo nessa área”, ressalta.
Miriam destaca que os profissionais da área de saúde estão mais propensos à vários tipos de transtornos, devido à carga de stress e tensão que permeiam o cotidiano destes profissionais. “O que acontece é que o cuidador não tem cuidado com sua saúde. Temos que ter respeito com a nossa saúde”, comenta.
Lucas disse que o Cerest trabalha no sentido de garantir ações estratégicas de notificação, vigilância epidemiológica e prevenção dos transtornos mentais. “De lá, os trabalhadores são encaminhados para os Centros de Ação Psico-Social (CAPS), para a rede de média e alta complexidade em saúde mental, para que os mesmos possam fazer o tratamento adequado.