A Força Tarefa que investiga as mortes dos trabalhadores rurais na região sul do Estado, possivelmente causadas por agrotóxicos, se reúne nesta quarta-feira (12 de abril) para discutir os resultados de mais uma bateria de exames realizados pela Secretaria Estadual de Saúde, através do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, CEREST, e pelo Laboratório Central do Estado. LACEN.
Na reunião, que será realizada às 9h, na SESAPI, a secretária de Saúde, Tatiana Chaves apresentará para os integrantes da Força Tarefa os novos resultados dos exames feitos em 116 trabalhadores dos municípios de Baixa Grande do Ribeiro, Ribeiro Gonçalves e Uruçuí. “Nós aplicamos roteiros sócio-epidemiológicos com 116 trabalhadores rurais, que estavam inclusive realizando suas atividades. Todos assinaram o Termo de Esclarecimento Livre e Consentido. Todos ainda tiveram sangue coletado para a realização de doze diferentes parâmetros de exames, o que perfez um total de análise laboratorial de 1392 exames”, explica Tatiana Chaves.
Ela ressalta que o aspecto mais importante nessa nova fase do trabalho é o fato de uma simples investigação ter se transformado em uma pesquisa científica. “Hoje nós transformamos a investigação em uma pesquisa séria. Com parâmetros técnicos e científicos”, diz.
Os resultados dos novos exames mostraram algumas alterações. Uma delas mostra que 18% dos trabalhadores pesquisados apresentaram alteração hepática, 3% apresentaram alteração renal e 10% apresentam quadro de possível intoxicação por agrotóxicos. Desses trabalhadores, 19% apresentam até um ano de exposição, 18% até dois anos e 10% deles apresentam mais de 10 anos de exposição.
No que se refere ao estilo de vida, 33% fumam, 55% bebem e fazem uso de bebida alcoólica, 57% não fazem nenhuma atividade física. “Na pesquisa, verificou-se que os principais sintomas apresentados são pelos trabalhadores são: cefaléia, formigamento dos membros inferiores, tontura, fraqueza muscular, visão turva, cansaço nas pernas, dor de estômago, palpitação, sudorese, dispnéia e tosse”, revela a secretária.
Na reunião que será realizada amanhã (quarta-feira), os órgãos envolvidos no trabalho vão analisar, além dos resultados, a necessidade do controle sobre todas as embalagens dos agrotóxicos, a coleta de água e solo que deverá ser feita na região e o retorno da equipe, inclusive de um médico, que deverá não apenas fazer uma nova coleta de material para exames, mas também entregar pessoalmente para cada um dos trabalhadores o seu respectivo resultado. “O médico vai explicar os resultados para cada um dos trabalhadores. A nossa pesquisa está sendo feita de forma satisfatória, o que descartaria uma nova exumação de corpos, já que a pesquisa em vivos em bem mais eficiente”, garante Tatiana Chaves.
Além de técnicos da SESAPI, devem participar da reunião o Ministério Público do Trabalho, a Delegacia Regional do Trabalho, o IBAMA, CREA, Secretaria de Desenvolvimento Rural, SEMAR, Ministério Público, INTERPI, Agência Agropecuária do Estado, FUNASA, entre outros parceiros.