A turma tem 20 profissionais do HGV e 10 da Secretaria de Saúde. A meta é capacitar e transformar os alunos em multiplicadores da Libras. O projeto do curso foi elaborado pela Coordenadoria Estadual para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Ceid) a partir da necessidade de um atendimento mais humanizado para as pessoas com deficiência auditiva. A coordenadora da Ceid, Rejane Dias, afirmou que o curso é muito importante porque vai humanizar e melhorar o acesso à saúde das pessoas surdas. “A saúde deve ser um direito de todos e estamos fazendo o nosso papel ao viabilizar um meio para que as pessoas com surdez tenham mais acesso à saúde”.
Segundo a coordenadora de Saúde da Ceid, Viviane Marques, serão capacitados profissionais das mais diversas áreas que trabalham com o atendimento ao público no HGV. “Sabemos como é difícil a comunicação entre um deficiente auditivo e uma pessoa ouvinte, imagine para uma situação de atendimento médico. Este curso vai justamente suprir essa necessidade”, explicou.
O curso foi planejado pela Ceid depois de um levantamento da necessidade de capacitar os profissionais da saúde para que eles possam lidar com deficientes auditivos e dar um tratamento mais adequado e mais humano. “A meta é estender este treinamento para todos os órgãos do Estado e o HGV foi o primeiro a ser escolhido, por ser o maior hospital público do Estado”, afirmou Roberto Rocha, gerente de Projetos da Ceid.
Segundo a diretora do CAS, professora Maristela Parente, o Curso de Libras voltado para a área de saúde tem um conteúdo diferenciado. “Neste curso serão utilizados termos específicos da área de saúde”, explicou.
João Paulo Miranda, que é um dos instrutores do curso, lembrou que é muito difícil a comunicação de uma pessoa surda com uma ouvinte (pessoa que não tenha surdez) que não saiba Libras. “É muito difícil o atendimento em um momento de dor”. João Paulo, que é surdo, afirmou que já sentiu na pele as dificuldades em um atendimento de saúde. Ele disse que foi realizada uma pesquisa junto aos profissionais do Hospital Getúlio Vargas para saber quais são os atendimentos mais freqüentes das pessoas surdas e quais são os profissionais mais procurados.
No caso dos profissionais do HGV, serão treinados enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e o pessoal que trabalha na recepção do hospital. Como Ana Maria Lopes, do setor de Recursos Humanos, que acha muito importante fazer o curso. "Temos que estar capacitados para atender todas as pessoas no HGV". Ela frisou que não iria perder a oportunidade de fazer o curso. O curso de Libras tem 120 horas de duração e seu término está previsto para junho.
Ellery Johnson Oliveira Sabino, outro instrutor do Curso de Libras, ressaltou que é muito importante que as pessoas compreendam o universo e as necessidades dos surdos. Segundo ele, que é surdo, no caso do atendimento na área de saúde, não adianta a pessoa escrever em português para um surdo, porque muitos deles não sabem. “Nós temos nossa língua, a Libras, com sinais e vocabulários próprios, por isso é importante que as pessoas tomem conhecimento dela”, sentenciou.
No Piauí, são 113.294 pessoas com deficiência auditiva, o que corresponde a 4% da população. Em Teresina são 22 mil pessoas, 2,75% da população da capital.