Segundo dados do Boletim Epidemiológico - Aids e Transmissão Vertical, lançado nesta manhã, pela Secretaria Estadual da Saúde, o primeiro caso de Aids no Piauí foi notificado em 1987. Em 20 anos, de 1986 a 2006, foram notificados 2.652 casos de Aids em maiores de 13 anos em todo o Piauí.
Deste total de casos, 1.931 são do sexo masculino o que corresponde a 64,7% dos casos. As mulheres representam 27,2% deste total. “Observamos que a partir do ano de 1997 houve um crescimento significativo do número de mulheres contaminadas, crescendo de dois casos em 1998 para 56 em 2005”, revela Mônica Barjud.
Até junho de 2005, constavam apenas 276 óbitos no Banco de Dados do Estado o que se diferencia do percentual nacional que é de 40% dos casos. Com a regularização dos dados, os óbitos passaram para 366. “Mas acreditamos que esse número não seja o real, podem haver mais casos de óbitos. Com a regularização do sistema de informações, que já foi feita, esperamos ter os dados reais”, explica a coordenadora.
Dos 223 municípios, 120 apresentaram pelo menos um caso de Aids. Teresina é o município que apresenta o maior número de casos acumulados até novembro de 2006, com 1.020 casos. A incidência da Aids é de 14,5 para cada 100 mil habitantes.
Chama atenção o município de Oeiras, que apresenta 35 casos acumulados. A incidência variou de 14.7 em 2000 para 17.2 para cada 100 mil em 2005. Já em São Raimundo Nonato ocorreu o contrário, em 2000 a incidência era de 22.3, que passou em 2004 para apenas 3.5 para cada 100mil habitantes. Outro que também merece destaque por causa do crescimento vertiginoso nos casos de Aids é Campo Maior, com uma incidência em 2004 de 16,6 casos por 100mil.
O primeiro boletim sobre esse tema foi divulgado em 1998. Mônica Barjud explica que o boletim epidemiológico é muito importante tanto como fonte de informação como para elaboração de ações de combate ao avanço do vírus. “Esse boletim foi elaborado para fornecer informações aos profissionais de saúde e a sociedade em geral. Baseado em dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação, o SINAN, esse é um instrumento que serve para nortear as ações voltadas para as DST/AIDS no Estado”, afirma coordenadora.
Cada município vai receber dois exemplares, assim como os hospitais de referência e a rede municipal.
Junto com o lançamento do Boletim, a coordenação de DST/AIDS realizou também atividades educativas e de lazer, alusivas ao Dia dos Namorados, com distribuição de preservativos e orientações sobre o uso do mesmo. Os alunos do Instituto São Sebastião que fazem parte do projeto ADIHA (Adolescentes disseminando Informações sobre DST/HIV/AIDS), projeto este que fez parte da II Mostra Nacional de Saúde e Prevenção nas Escolas, realizada em Brasília no começo desse mês, fizeram apresentação do Rap da Prevenção/Informação alertando sobre o uso do preservativo.
Os números da Aids no Brasil
No Brasil, já foram identificados cerca de 433 mil casos de Aids. Este número refere-se à identificação do primeiro caso de Aids, em 1980, até junho de 2006. A taxa de incidência foi crescente até metade da década de 90, alcançando, em 1998, cerca de 19 casos de Aids por 100 mil habitantes.
Os novos números da Aids no Brasil apontam para uma queda acentuada nos casos de transmissão vertical, quando o HIV é passado da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou a amamentação. A redução foi de 51,5%, entre 1996 (1.091 casos) e 2005 (530 casos). Em 2006, de janeiro a junho, foram notificados 109 casos nessa categoria.
O país acumulou cerca de 183 mil óbitos por Aids até dezembro de 2005. Até 1995, a curva de mortalidade acompanhava a de incidência de Aids, quando atingiu a taxa de 9,7 óbitos por 100 mil habitantes. Após a introdução da política de acesso universal ao tratamento anti-retroviral, observou-se queda na mortalidade. A partir de 2000, evidencia-se estabilização em cerca de 6,3 óbitos por 100 mil, embora essa tendência seja bem mais evidente na Região Sudeste e entre os homens. Além disso, entre 1993 e 2003, observou-se um aumento de cerca de cinco anos na idade mediana dos óbitos por Aids, em ambos os sexos, refletindo um aumento na sobrevida dos pacientes.