Esta época do ano, caracterizada por mudança de clima, com o fim das chuvas e início do verão, é propícia a doenças nasofaringeanas, que atacam o sistema respiratório superior (nariz, boca e garganta) e provocam mal-estar, como febre e dores no corpo. Conhecidas popularmente como viroses, são transmitidas pelo ar. "As aglomerações humanas, sobretudo em espaços fechados, facilitam a proliferação dessas infecções", preveniu Maria Amélia de Oliveira Costa, coordenadora estadual de Epidemiologia, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi). Ela disse que a dengue é, também, uma doença associada a esta época do ano, embora esteja caracterizada como epidemia.
As principais doenças da época são amigdalites, gripes, resfriados, pneumonias, sinusites, rinites e alergias. A época também é propícia às diarréias, bem como às meningites, com leve aumento do número de casos. "Nesta época do ano, o clima fica mais seco e isso afeta o sistema respiratório", disse.
Amélia Costa disse que as pessoas que sentirem sintomas de doenças associadas à mudança climática típica desta época do ano, tais como febre, dores e indisposição, devem procurar um posto de saúde, evitando a automedicação. "Automedicação gera complicações e deve ser evitada", recomendou.
Ela explicou que os remédios só são eficientes quando usados para tratar a doença para a qual foram produzidos. Além disso, devem ser tomados na hora certa e na dosagem certa, cuidados que são desconsiderados, quando o paciente se automedica.
Essas doenças não são incluídas na lista de notificação obrigatória da Sesapi e por isso, o órgão não dispõe do número de pessoas acometidas por elas. "Os números, por enquanto, estão restritos aos hospitais, postos de saúde e ambulatórios, embora estejamos providenciando o registro", revelou.
Para prevenir doenças de época, o principal é evitar lugares fechados onde haja aglomeração. "As doenças nasofaringeanas são transmitidas pelo ar, através do espirro e da saliva de quem está doente. Portanto, uma boa providência é evitar aglomerações e espaços fechados", avisou.
Dengue é doença de época que virou epidemia
Maria Amélia disse que a dengue é, também, uma doença de época, mas que adquiriu conotações de epidemia. Até a manhã desta quarta-feira, 20, a Sesapi contabilizava 6.068 casos no Piauí, com 1.502 casos em Teresina, 351 em Buriti dos Lopes, 225 em Castelo, 948 em Parnaíba, 238 em Pedro II, 211 em Piripiri, 225 em São Raimundo Nonato e 130 em Valença.
Ela acrescentou que números estatísticos quanto à dengue no Piauí, são, na verdade, uma subnotificação. "Isso significa que estão sendo computados apenas os casos que foram tratados nos postos de saúde. A estimativa que temos é de que os números reais devam ser o dobro", afirmou. Assim, pode ser que mais de 12 mil piauienses tenham contraído dengue.
Segundo os dados da Sesapi, os pacientes com dengue do tipo hemorrágico são 35, com um óbito em Parnaíba, um em Buriti dos Lopes, outro em Corrente e oito, em Teresina.
A dengue tem letalidade muito elevada, no Piauí, chegando a 31%. Citando dados do Ministério da Saúde, Maria Amélia disse que letalidade aceita é 5%. Ela explicou que o númeo é alto no Piauí porque as pessoas que pegam dengue não buscam assistência médica, preferindo automedicação. "Elas tendem a ir ao médico somente quando o caso está complicado", disse.
Amélia Costa recomenda que os pacientes com sintomas de dengue evitem tomar remédios por conta própria. Além de dificultar a evolução estatística da doença, uma vez que ao se medica o paciente deixa de procurar um posto de saúde, onde há a notificação, o hábito de tomar remédio por conta própria atrapalha o tratamento.
Com a automedicação, explicou ela, o paciente pode ficar mais vulnerável a possíveis complicações. Quando finalmente decide ir ao médico, o quadro pode ter evoluído.