O Instituto Nacional de Câncer (Inca) acaba de lançar duas novas ferramentas tecnológicas para compartilhamento de informações em câncer: o sistema de Anatomia Patológica Web, que permite a troca de informações sobre diagnóstico em câncer, e o Registro Hospitalar de Câncer Brasil (RHC Brasil), base de dados com informações de câncer dos Centros e Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon e Unacon). Os dois aplicativos permitem a formação de uma rede interativa de conhecimento em oncologia e poderão ser utilizados por hospitais e profissionais de saúde da área da oncologia de todo o País.
O sistema de Anatomia Patológica Web está em fase de implantação. O piloto reúne os serviços dessa especialidade dos hospitais federais de Ipanema e Geral de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, e servirá de modelo para as demais unidades hospitalares especializadas em câncer.
O Registro Hospitalar de Câncer (RHC) já está instalado em 87 das 107 Unidades e Cacon brasileiros. A novidade é a criação de uma ferramenta para captura e organização dos dados de cada um desses hospitais, formando uma base única sediada no Inca (RHC Brasil). Os dados vêm de prontuários médicos, atendimento e acompanhamento de casos de câncer diagnosticados e tratados disponíveis para os usuários do sistema.
Para Luiz Antonio Santini, diretor-geral do Inca, o aplicativo é fundamental para cumprir a orientação da Política Nacional de Atenção Oncológica: “Qualquer ação para o controle da doença, seja em pesquisa, prevenção ou assistência, deve ter como base as taxas de incidência. Quanto mais rapidamente e mais corretamente forem obtidas, melhor”, ressalta.
Segundo Altino Leitão, gerente da área da Tecnologia da Informação do Inca, os dados do RHC Brasil estão à disposição de médicos e outros profissionais da área da saúde que precisem usar os dados no desenvolvimento de pesquisas e no seu trabalho, através do Portal do Inca: ¿precisamos mobilizar o maior número possível desses profissionais para registrar suas informações de modo contínuo, tornando o sistema cada vez mais rico¿.
RHC Brasil - Cada RHC instalado nos hospitais transfere as informações de seus pacientes para o Inca através de integrador similar ao programa ReceitaNet, utilizado pelos contribuintes para envio das declarações de Imposto de Renda. No RHC Brasil, essas informações são validadas via internet pelas secretarias estaduais de Saúde, que buscam casos de pacientes que tenham se tratado em mais de um hospital e que possam estar cadastrados mais de uma vez no sistema.
Depois disso, os dados nacionais são consolidados pelo Inca, que também faz essa busca por duplicidade de cadastros, mas, neste caso, de pacientes que tenham realizado tratamento em mais de um estado. Durante todo o processo de transferência, as informações são criptografadas para garantir a integridade e confidencialidade dos dados dos pacientes tratados nesses hospitais.
A nova aplicação também permitirá, no futuro, que os Registros de Câncer de Base Populacional carreguem as informações dos Registros Hospitalares de Câncer de sua região diretamente da internet. De 30 a 50% dos casos informados pelos RCBP são provenientes dos Registros Hospitalares de Câncer.
Histórico - A parceria entre tecnologia da informação e medicina é uma tendência mundial. Um dos grandes méritos da TI é facilitar a constituição de redes de compartilhamento de informação. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), coordenador da política de atenção oncológica no Brasil, atua nesse processo, criando e distribuindo sistemas de informação para a integração da área oncológica.
Em novembro de 2005, o Inca lançou novas versões dos sistemas informatizados dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e dos RHC. Os novos programas foram desenvolvidos utilizando software livre. A versão 2.0 do sistema já conta com a nova Classificação Internacional de Doenças (CID) para todos os estados brasileiros. Assim, os registros estão alinhados com os padrões internacionais de coleta de informações, possibilitando comparação de dados do Brasil com o de outros países.
Os RCBP são centros de coleta, processamento, análise e divulgação da incidência de câncer, de forma padronizada, sistemática e contínua. A busca pelos casos da doença se estende a clínicas, laboratórios, ou qualquer outra unidade relacionada ao tratamento da doença na região em que esse tipo de registro estiver instalado. Em 1987, existiam apenas sete centros como esse no país. Hoje, já são 23 registros espalhados por todas as regiões brasileiras. Desses, 19 já publicaram informações coletadas e 13 possuem dados de uma série histórica com no mínimo três anos. Todos seguem padrões determinados pela Organização Mundial da Saúde.
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Fonte: Ministério da Saúde