O Pronto-socorro do Hospital Getúlio Vargas está trabalhando com quase o dobro da sua capacidade. Até às 10h desta quinta-feira, dia 05, 170 pacientes estavam internados no pronto-socorro (PS), apesar do número aceitável de pessoas internadas ser de apenas cem pacientes.
Até 14h do dia de hoje, cerca de quinze ambulâncias de cidades do interior do Piauí e do Maranhão, fora as do SAMU de Teresina, já tinham deixado pacientes no Pronto-Socorro. Casos como o de um paciente da cidade de Patos, no Maranhão, que fica a quase 500 km de Teresina, em que o motorista da ambulância abandonou o paciente na porta do PS e foi embora, foram ainda mais freqüentes na manhã de hoje. “A manhã foi de transtornos no pronto-socorro devido à superlotação. Essa não é uma situação nova, mas hoje essa situação foi agravada, sofrendo ainda o reflexo da paralisação por vinte dias dos anestesiologistas, já que muitas cirurgias foram adiadas”, disse o diretor do PS, Aderivaldo Andrade.
Ele explica que antes da paralisação, a situação estava controlada, mas que a greve dos anestesiologistas acumulou cerca de cem cirurgias, que continuaram esperando o procedimento. Além disso, os hospitais do município de Teresina não estão atendendo a demanda das cirurgias eletivas e isso aumentou o número de emergências. “Nós conseguimos resolver o problema dos anestesiologistas do HGV, mas o município ainda não. Casos de hérnias estranguladas, e vesículas, que deveriam ser operadas nesses hospitais municipais há um mês e não foram, acabaram virando emergências ajudando a superlotar o pronto-socorro”, disse o diretor.
Nesse sentido, o diretor do PS cita casos que ocorrem diariamente. “Ontem mesmo chegou um paciente com apendicite aguda. Ele já tinha passado pelos hospitais do Dirceu, Satélite, Promorar e Buenos Aires, que têm inclusive estrutura para solucionar o problema, mas não foi atendido porque não possuíam ou anestesiologista ou cirurgiões”, disse Aderivaldo.
Apesar da superlotação, todos os pacientes estão recebendo atendimento. “Os pacientes estão hidratados e medicados, apesar de alguns estarem nos corredores. Nós passamos por dificuldades, mas estamos atendendo a todos. Hoje pudemos dar alta há vários pacientes e muitos permanecem recebendo os cuidados necessários”, disse o diretor geral do HGV, Noé Fortes.
Para solucionar o problema, mais um ortopedista foi contratado para o centro cirúrgico, com o objetivo de dar vazão ao número de pacientes que precisam de cirurgia. Apenas nesta quinta-feira, o número de cirurgias ortopédicas que era de dez por dia, já deve chegar a vinte. “Em trinta dias vamos operar 240 pessoas. Por outro lado, estamos entrando em contato com as prefeituras para que os casos mais simples sejam resolvidos nos seus municípios de origem, inclusive aqui em Teresina. Além disso, é necessários que os hospitais privados voltem a atender pelo SUS”, destacou Noé.
Ele ainda chamou a atenção da necessidade dos hospitais periféricos do município de Teresina fazerem sua parte. “Se esses hospitais pudessem resolver os casos mais simples seria mais fácil para nós resolvermos o problema do HGV, que deve se responsabilizar por questões de média e alta complexidade”, disse.
Sobre o destino do Pronto-Socorro, Noé Fortes explica que em oito meses esse problema deve ser solucionado com a abertura do Pronto-Socorro Municipal. “Nós estamos trabalhando em todas as frentes para solucionar os problemas históricos do HGV. São questões muito complexas, mas que vão encontrar solução. No novo hospital teremos 300 leitos e mais condições de atendimento e o HGV passará a fazer o trabalho pelo qual deve ser realmente responsável”, argumenta Fortes.