Com mais de 80% de municípios cobertos, o Programa de Triagem Neonatal do Piauí se prepara para entrar na segunda fase do Programa Nacional. Desde o ano passado, as equipes técnicas da Secretaria Estadual de Saúde e da Coordenação para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Ceid, trabalham no sentido de assegurar o credenciamento na fase que garante a triagem de patologias como anemia falciforme e outras hemoglobinopatias.
Apesar da Portaria que criou o Programa no Brasil ser de 2001, o Piauí só foi credenciado em 2004, depois de apresentar todas as prerrogativas necessárias para ser incluído. A partir disso, o objetivo foi garantir uma estrutura eficiente que atendesse a população de forma descentralizada, além de garantir o tratamento necessário se constatada alguma alteração nos exames da fase I do Programa, que atende as patologias de Hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria.
A Coordenadora Estadual do Programa de Triagem Neonatal, Gardênia Val, explica que o Piauí já possui uma rede bastante avançada para a primeira fase e que já em novembro a Sesapi em parceria com a Ceid vão realizar um Workshop ampliado para discutir a atual situação do Programa no Piauí e encaminhar para o Ministério da Saúde os documentos necessários para o credenciamento do Piauí na segunda fase.
Atualmente, 180 municípios piauienses estão fazendo o Teste do Pezinho, com 205 postos de coleta. De janeiro a julho deste ano, o Laboratório Central do Estado fez 20.450 exames, já chegando ao número de exames de todo o ano de 2005, quando foram feitos 22.100 testes. “É por ter uma rede extensa e realmente resolutiva que estamos nos habilitando para a segunda parte do Programa, apesar de termos apenas três anos de credenciamento na primeira fase. O Piauí está trabalhando de forma acelerada, uma vez que maioria dos Estados que chegaram a segunda fase já possuem seis anos de inclusão”, diz Gardênia.
Ela ressalta que não basta fazer os testes, é preciso estar preparado para acompanhar as crianças que apresentarem qualquer alteração dos exames, dando o tratamento necessário. “É uma grande responsabilidade, pois a demanda é grande e o Estado precisa estar preparado para atender os casos. Atualmente, 33 crianças estão recebendo o tratamento e acompanhamento da equipe do Hospital Lucídio Portela, que é o hospital de referência do Piauí. Estamos estudando uma forma para descentralizar o referenciamento do Programa para a segunda fase através da hemorrede, do Hemopi. Por outro lado, o Lacen também deverá passar por uma reforma e adquirir novos equipamentos”, destaca a coordenadora.
A triagem neonatal é uma ação preventiva que permite fazer o diagnóstico de diversas doenças congênitas ou infecciosas, assintomáticas no período neonatal, a tempo de se interferir no curso da doença, permitindo, desta forma, a instituição do tratamento precoce específico e a diminuição ou eliminação das seqüelas associadas a cada doença.
O Teste do Pezinho deve ser feito nos primeiros dias de vida para evitar maiores seqüelas de doenças como a fenilcetonúria e o hipotireoidismo.
Todo o processo é realizado em seis dias. Em um prazo de dois dias após o material ser recolhido, o Correio entrega no Laboratório Central, que faz a triagem numa média de 48 horas. O resultado impresso é enviado para os municípios. Os casos positivos são encaminhados para acompanhamento e tratamento no Hospital Infantil Lucídio Portela.