O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou, ontem, 24, em Fortaleza (CE), a liberação de R$ 1,2 bilhão para o reajuste de cerca de mil procedimentos da tabela do SUS e o aumento do teto financeiro (limite de gastos) em todo o país. O reajuste da tabela e os novos tetos passam a vigorar para os serviços prestados a partir de primeiro de setembro. Em visita de quatro dias a seis estados do Nordeste (Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe, Paraíba e Bahia), Temporão discutirá com os governadores, além do reforço financeiro, melhorias na gestão para minimizar a crise na saúde pública na região.
“Esta é uma demonstração de que o Governo Federal está cumprindo a determinação do presidente Lula de intervir decisivamente na crise da saúde no Nordeste”, declarou o ministro.
O impacto dos recursos anunciados pelo ministro será de R$3,6 bilhões no orçamento de 2008 em todo o país. O reajuste médio desses procedimentos, cujos valores se achavam muito defasados, ficou em cerca de 30 por cento, gerando um impacto global nos valores pagos a hospitais, ambulatórios, serviços de diagnóstico e tratamento, e profissionais médicos em torno de 20%. Um dos principais itens da tabela que sofreu reajuste foi a consulta médica, com um aumento de 32,4%. Alguns procedimentos terão reajuste de até 200%.
Segundo cálculos do Ministério da Saúde, com o reajuste na tabela de procedimentos permitirá que, na maioria dos casos, os médicos que trabalham 20 horas semanais apenas oferecendo consultas passem a receber salário que variam entre R$ 2.000,00 e R$2.400,00 mensais. A tabela do SUS acumulou entre 1994 e 2002 uma defasagem de 110%.
De acordo com o ministro Temporão, outras medidas que serão anunciadas em breve pelo governo dentro do chamado “PAC” da Saúde vão ser decisivas para reduzir a defasagem de valor dos procedimentos da tabela.
A Tabela de Procedimentos do SUS é uma discriminação de todos os serviços ambulatoriais e hospitalares contratados a prestadores privados e filantrópicos com o seu respectivo valor de pagamento pela União. O valor pode ser complementado por estados e municípios
O governo também adotará medidas para simplificar e desburocratizar a tabela do SUS. A partir de janeiro do próximo ano, os oito mil procedimentos listados hoje serão reduzidos pela metade para cerca de quatro mil. Segundo o ministro, medida vai eliminar a duplicação de procedimentos e otimizar o uso dos recursos do SUS. O reajuste anunciado pelo ministro representa cerca de 25% do total de procedimentos da nova tabela.
“Fizemos um grande esforço para atender as principais demandas de nossos parceiros. A seleção levou como critério os estudos encaminhados pela Confederação das Misericórdias, demandas de entidades de classe e de programas estratégicos do governo federal, e pedidos de nossos parceiros, os gestores estaduais e municipais”, afirmou o secretário de Assistência à Saúde, José Noronha, responsável, junto com a Secretaria Executiva do Ministério, pela complicada engenharia técnica e financeira para o reajuste da tabela.
O Ministério da Saúde iniciou o ano com um orçamento de média e alta complexidade (de consultas especializadas a cirurgias) somando um total de R$ 17,8 bilhões. Em agosto, aumentou esses gastos em R$ 580 milhões anuais para o aumento dos serviços oferecidos nos Estados. Agora, serão incorporados os R$ 3,6 bilhões, totalizando um gasto anual de R$ 20,78 bilhões.
Confira alguns dos reajustes:
- Diária de acompanhante teve reajuste de 202%, passando de R$ 2,65 para R$ 8,00
- As diárias para UTIs tiveram um aumento entre 60% e 70%, variando entre R$ 341,00 e R$ 363,00
- A diária para o acompanhante adulto subiu de R$ 2,65 para R$ 8,00;
- O atendimento a insuficiência cardíaca foi reajustado em 10%, totalizando uma remuneração de R$ 635,00;
- O valor do procedimento para parto normal passou de R$ 317 para R$ 403, representando uma aumento de 27%;
- O custo de um procedimento para crise hipertensiva subiu de R$ 156,88 para R$ 172,27;
- O Ecocardiografia passa a custar R$ 30,72, um reajuste de 50%;
- O SUS pagará por uma ultrasonografia obstétrica R$ 33,00 , representando um aumento de 44,8%;
- O pagamento por um eletrocardiograma subiu 60,94%, de R$ 3,2 para R$ 5,15;
- A consulta médica teve um reajuste de 32,45%, passando de R$7,55 para R$ 10 (Um médico dá, em média, 3 a 4 consultas por hora trabalhada);
- O teste ergométrico passa a R$ 30, um aumento de 51,5%.