Está descartada a possibilidade de epidemia de febre amarela no Brasil. É o que afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em coletiva de imprensa, nessa quarta-feira (09), em Brasília. “A situação está sob controle, não há risco de epidemia”, garantiu o ministro, que também anunciou a liberação pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de dois milhões de doses da vacina contra a doença. Destas, 100 mil chegam hoje a Brasília.
Temporão afirmou que o Ministério da Saúde tem capacidade de atender todas as demandas quanto ao fornecimento de vacinas. Destacou que a vigilância é eficaz e que está em alerta nos estados para qualquer situação de risco.
O ministro ressaltou que as pessoas que pretendem se deslocar para áreas de risco para a febre amarela devem tomar a vacina que protege contra a doença 10 dias antes da viagem. Esse é o tempo necessário para que o organismo humano adquira anticorpos para se defender do vírus amarílico.
A vacina é eficaz, dura 10 anos e está disponível em todos os postos de saúde.
No Brasil, as áreas de risco para a doença são: as regiões Norte e Centro-Oeste, Maranhão e Minas Gerais, além do sul do Piauí, oeste e sul da Bahia, norte do Espírito Santo, noroeste de São Paulo e o oeste dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nessas regiões, a vacinação é feita de forma rotineira.
De acordo com o ministro Temporão, as pessoas que foram vacinadas a partir de 1999 não precisam de nova dose da vacina neste momento. “É desnecessário se vacinar se a carteira de vacinação estiver em dia”, afirmou. Temporão também tranqüilizou quanto à vacinação de crianças. “Essa vacina integra o calendário infantil. Portanto, as crianças estão protegidas”.
Outro aspecto do controle da febre amarela destacado pelo ministro foi de que tanto as secretarias estaduais quanto as municipais de saúde estão monitorando a situação da doença, o que garante vigilância adequada e tomada de decisões em tempo oportuno.
Segundo o ministro, a falta de vacina em alguns postos de saúde de Goiás e de Brasília é momentânea. O desabastecimento, quando ocorre, dura algumas poucas horas, e ocorre porque muita gente, já imunizada,volta às unidades de saúde em busca da vacina, sobrecarregando a rede pública.
Outro esclarecimento dado pelo ministro foi o de que os oito casos suspeitos de febre amarela ainda estão em investigação, incluindo os dois óbitos registrados em Goiânia e em Brasília.
O atual alerta reforça a recomendação feita pelo Ministério da Saúde no início de dezembro de 2007 quanto à necessidade de vacinação das pessoas que fossem a áreas de risco para a doença, em especial locais freqüentados por ecoturistas, uma vez que o vírus circula nas matas.
O sinal de alerta para a febre amarela silvestre foi dado por epizootias entre macacos em Goiás e no Distrito Federal. Em uma ação conjunta entre governos federal, estaduais e municipais, ações preventivas foram adotadas, sendo a vacinação a principal delas.
O risco de febre amarela em áreas urbanas, no entanto, está descartado. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Gerson Penna, desde 1942 não há registro de febre amarela urbana no Brasil. Todos os casos registrados atualmente são de pessoas que contraíram a doença ao entrar nas matas.
De acordo com dados apresentados em Brasília, entre 1996 e 2007, o Brasil registrou 349 casos de febre amarela silvestre, com 161 óbitos.
No ano passado, houve a notificação seis casos da doença no país, sendo dois no estado do Amazonas, dois em Goiás, um em Roraima e outro no Pará. Das pessoas que contraíram a doença, cinco pessoas morreram.
Desde o início das epizootias, foram vacinadas aproximadamente 520 mil pessoas no estado de Goiás e 320 mil pessoas no Distrito Federal. Para isso, o Programa Nacional de Imunizações já disponibilizou 2.267.500 doses da vacina para ambos os estados nos em dezembro passado e esses primeiros dias de janeiro.
Mobilização
Preocupado com a detecção de casos suspeitos de febre amarela silvestre em Goiás e no Distrito Federal, o ministro José Gomes Temporão solicitou ajuda dos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do Turismo, Marta Suplicy. Foi pedido que o Ministério do Turismo informe as agências de Turismo sobre a necessidade da vacina contra a febre amarela a todos os que forem se dirigir a áreas de risco. A mesma informação deverá ser dada ao corpo diplomático.
Vigilância
Desde 2003, o Ministério da Saúde implantou o monitoramento de mortes de primatas (epizootia) com o objetivo de aumentar a sensibilidade da vigilância epidemiológica da febre amarela. Essa estratégia de vigilância de epizootias permitiu, por exemplo, constatar as recentes mortes de macacos, e antecipar ações de prevenção, em conjunto com estados e municípios.
Saiba mais sobre a doença
A Doença
A febre amarela é uma doença infecciosa, causada pelo vírus amarílico, que ataca o fígado e outros órgãos, podendo levar à morte. A transmissão ocorre, principalmente, em regiões de matas. No passado, também havia a ocorrência da febre amarela urbana, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue. Desde 1942 não há casos de febre amarela urbana no Brasil.
Nas matas, a febre amarela ocorre em macacos e os principais transmissores são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que picam preferencialmente esses primatas. Esses mosquitos vivem também nas vegetações à beira dos rios e picam o homem quando ele entra na mata. Caso o indivíduo não esteja vacinado, ele corre o risco de contrair a doença.
A maior incidência da doença acontece nos meses de janeiro a abril, período das chuvas. Nessa época, há um aumento da quantidade do mosquito transmissor e, por coincidir com a época de férias, muitos ecoturistas não vacinados se deslocam para regiões de risco. As atividades agrícolas realizadas no período também podem levar um número maior de pessoas às áreas com risco de transmissão.
Portanto, se você vai viajar para alguma das áreas onde pode haver transmissão de febre amarela, tome a vacina em um posto de saúde e viaje tranqüilo.
Para saber mais informações sobre a doença e vacinação, visite o link para a febre amarela no Glossário de Doenças do site
www.saude.gov.br/svs.
Mais informações leia o documento:
NT_MS_febre_amarela_11_jan_08.pdf