O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu hoje (22), durante entrevista coletiva em Brasília (DF), o envolvimento da população na fiscalização da venda de bebidas alcoólicas nas estradas federais. A proibição da venda é o objeto da Medida Provisória nº 415 publicada hoje no Diário Oficial da União. De acordo com a MP, estabelecimentos comerciais estão proibidos de vender bebidas alcoólicas nas estradas federais a partir do dia 1º de fevereiro.
Para o ministro, a população deve colaborar denunciando a venda de bebida alcoólica nas estradas. “Nós todos temos de participar desse processo. Cada um de nós tem de estar mobilizado e consciente por que sem essas medidas não teremos sucesso nessa verdadeira tragédia (acidentes de trânsito)”, disse Temporão.
Na entrevista, o ministro comemorou a edição da medida provisória e afirmou que vai trabalhar para a confirmação da MP no Congresso Nacional e a aprovação do projeto de lei que altera o conceito de bebida alcoólica para aquela que contiver 0,5 grau Gay Lussac ou mais de concentração para efeito de propaganda desses produtos. O projeto de lei será enviado ao congresso em fevereiro. Segundo o ministro, o Brasil vive uma epidemia com os acidentes de trânsito que matam milhares de brasileiros todos os anos e causam prejuízo anual de R$ 20 bilhões, de acordo com dados do Ipea.
De acordo com a divulgação preliminar do Vigitel (Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), todos os dias, 150 mil brasileiros, homens e mulheres, após ingerirem de quatro a cinco doses de bebida alcoólica, dirigem.
O Vigitel consiste na realização e análise de entrevistas por telefone à população com 18 anos ou mais, nas capitais e Distrito Federal. Anualmente são realizadas 54 mil entrevistas, cerca de 2 mil por cidade estudada. O resultado de todo o inquérito do Vigitel em 2007, que monitora essencialmente doenças crônicas não-transmissíveis, será divulgado em março deste ano. O sistema é realizado pelo Ministério da Saúde com a colaboração do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo.
Neste resultado preliminar, o Vigitel apresenta o comportamento da população sobre o consumo de bebidas alcoólicas, num comparativo entre as pesquisas realizadas em 2006 e em 2007. A freqüência de adultos que consumiram nos últimos três meses quatro doses (mulheres) ou cinco doses (homens) de bebidas alcoólicas em um único dia, configurando o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, aumentou de 16,1% em 2006 para 17,5% em 2007 na população geral.
O indicador do consumo excessivo de bebidas alcoólicas mede a freqüência de indivíduos que, nos últimos trinta dias, ingeriram mais de quatro doses (mulheres) e mais de cinco doses (homens). Considera-se dose de bebida alcoólica uma dose de bebida destilada, uma lata de cerveja ou uma taça de vinho.
O Vigitel também revelou que os adultos jovens com idades entre 18 e 24 anos formam o perfil da população que mais ingere bebidas alcoólicas nas capitais brasileiras. A partir dos 45 anos de idade, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas declina progressivamente até chegar a 5% dos homens e 1% das mulheres com 65 ou mais anos de idade. Em ambos os sexos, a freqüência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas pouco varia com o nível de escolaridade das pessoas.
Vigitel
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis representam um dos principais desafios de saúde para o desenvolvimento global nas próximas décadas. Há evidências científicas de que essas doenças podem ser controladas por meio de ações que previnam os seus principais fatores de risco: consumo de tabaco, alimentação inadequada, sedentarismo, consumo abusivo de álcool, obesidade, hipertensão arterial e diabetes. Por isto a importância de monitorar a freqüência, evolução e distribuição desses fatores na população brasileira.
O Ministério da Saúde, com a colaboração do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo, implantou no ano de 2006 o Vigitel com o objetivo de produzir, com qualidade e agilidade, dados sobre a freqüência, evolução e distribuição dos principais fatores de risco para doenças crônicas no Brasil, contribuindo para a definição de políticas públicas. Esse monitoramento foi realizado em 2006, 2007 e será feito anualmente, trazendo dados atualizados sobre estes fatores de risco. Sistema semelhante existe nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, sendo pioneira a operação num país em desenvolvimento.