Começou ontem (18), em São Luis, o IV Seminário Regional Violência: uma epidemia silenciosa, promovido pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS e Secretaria Estadual de Saúde do Maranhão. O evento reúne profissionais da área de saúde que trabalham com a violência em geral, visando incluir a discussão do tema da violência como um problema de Saúde Pública na agenda de prioridades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mais de 300 pessoas participam do encontro, onde nele são apresentadas experiências no enfrentamento da violência nos estados da região Nordeste.
O Piauí marca a sua participação no Seminário através da Maternidade Dona Evangelina Rosa levando as experiências do Serviço de Atendimento a Mulher Vítima de Violência Sexual. “Em São Luís vamos discutir violência contra a mulher, criança, idoso, enfim, a violência de um modo geral e a Maternidade foi convidada para participar por que tem um projeto de prevenção da violência contra a mulher, que é um dos temas a serem discutidos lá”, explica o Diretor Geral da Maternidade Evangelina Rosa, Francisco Passos.
De acordo com a coordenadora do SANVVIS, Maria Castelo Branco, o evento é um momento produtivo para novas experiências. “Ontem nós apresentamos o perfil das vítimas de violência sexual atendidas no SANVVIS no período de outubro de 2004 a dezembro de 2007. Então com a troca de informações a gente conhece as experiências de outros estados e com isso adquirimos perspectivas que poderemos aplicar em nossas regiões”, destacou.
O Seminário encerra na tarde desta terça-feira (19). Após a realização dos eventos regionais, será realizado um seminário nacional sobre violência, nos dias 26 e 27 de março, em Porto Alegre/RS, no qual todos os projetos regionais serão apresentados.
O SANVVIS existe desde 2004 e atende mulheres que foram vítimas de violência sexual ou não, dando a paciente o respaldo psicológico, médico e jurídico. O serviço funciona em associação com as delegacias de polícia, em particular com a delegacia de proteção a mulher. Desde a sua criação o SANVVIS já atendeu
Uma epidemia silenciosa
A violência afeta profundamente a área de saúde, causando mortes, lesões, incapacidades, alterações emocionais, reduzindo a qualidade de vida e aumentando as demandas não só para as áreas de urgência e emergência e reabilitação, mas em todas as áreas de atenção, vigilância e promoção da saúde. Como a violência se configura como um problema considerável para o setor de saúde, exige que seja encarada como uma questão de saúde pública.
O Secretário de Saúde do Maranhão e vice-presidente do CONASS na região Nordeste, Edmundo Gomes, disse que a violência tem uma dimensão muito maior do que aquela mostrada nas manchetes dos jornais e que as políticas públicas devem ser dirigidas para que sejam realmente eficazes. “Temos que fazer atuações conjuntas, organizadas e solidárias, pautadas em dados e numa política bem delimitada, onde estados e municípios possa executá-la com um norte e com indicadores a serem buscados e melhorados”, destacou.
Violência no Piauí
De acordo com o Mapa da Violência dos municípios brasileiros 2008, de Júlio Jacobo Waiselfsz, existem 556 municípios que concentram as maiores taxas de homicídios na população total. Embora representem apenas 10% do total de municípios, concentram 73,3% dos homicídios acontecidos no ano de 2006. Essas cidades concentram 44,1% da população do país.
O estudo apontou que todas as unidades federadas têm ao menos um município formando parte desse grupo dos 10% mais. Os estados do Amapá, Pernambuco, Rio de Janeiro e Roraima, todas tem 40% ou mais de seus municípios formando parte do grupo crítico. Já os estados do Amazonas, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Santa Catarina que mal chegam a 2% dos municípios que fazem parte do grupo de 10% mais.
Dos 223 municípios piauienses, somente quatro estão dentro desse percentual de 10% e dos 428 homicídios registrados em 2006, 275 estão dentro desse percentual. No ranking dos 10%, Guaribas aparece na 132ª posição seguida de Canavieira (399ª), Teresina (504ª) e Sebastião Barros (547ª).
Em relação aos homicídios juvenis, o Piauí não possui nenhuma cidade entre as 100 mais violentas. No entanto, Teresina registrou 130 casos em 2006 e ocupa a 32ª posição da tabela de cidades com mais de 70 mil habitantes com os maiores índices de vitimização juvenil, que é o grau de concentração da violência letal entre os jovens. Outra cidade que aparece nessa lista é Parnaíba na 127ª posição. Entre as cidades com maior número de vítimas por acidente de transporte estão Teresina (11ª) com 354 vítimas em 2006 e Picos (151ª) com 36 vítimas.
No tocante ao número de mortes por arma de fogo, o Piauí junto com os estados do Tocantins, Maranhão, Amazonas, Amapá e Acre tem apenas um município inserido no grupo de 200 cidades com o maior número de óbitos por armas de fogo. A cidade é Guaribas e ocupa o 91º lugar na lista.
Por Cyntia Veras e Sana Moraes
Colaboração: Conass