Quando o sanfoneiro tocou os primeiros acordes ninguém ficou parado no tradicional Arraial do Areolino de Abreu, nesta sexta-feira. Pacientes, funcionários, familiares e convidados dançaram quadrilhas, curtiram apresentação de reisado, comeram comidas típicas e é claro, se divertiram ao som de muito forró.
O que para muitos é apenas diversão, para os internos do Hospital também é tratamento. Além de ser uma terapia alternativa de socialização, a festa também é uma forma de situar no tempo pacientes que estão há anos sob tratamento, além de elevar a auto-estima. “Toda data festiva nos festejamos para que eles tenham a noção do tempo. Quando é Natal, carnaval, dia das mães, São João e várias outras. Eles se sentem mais felizes porque sabem que podem conviver com a sociedade, além disso, se preparam para participar. Usam roupa especial para o momento, as mulheres usam maquiagem. Isso sem falar que eles gastam a energia em excesso ao dançar quadrilha e forro”, explica Márcia Astrês, diretora do Hospital.
Para a dona de casa Maria de Fátima Vaz, mãe da paciente Edna Vaz, de 25 anos, a festa de São João é um dos momentos mais esperados pela filha. “Ela costuma ser agressiva ou fica em casa sempre prostrada e triste. Mas depois que esta vindo para cá ela fica tranqüila e no dia de festa fica até feliz. Dança e gosta de se arrumar. Eu fico mais feliz do que ela porque vivo por ela desde a hora que eu acordo ate a hora que vou dormir”, diz a mãe.
Nas duas semanas que antecedem a festa, os pacientes ensaiam a quadrilha e ajudam a confeccionar as roupas nas oficinas de corte e costura. “Meu sonho era ser noiva e usar uma roupa dessas. Eu me senti muito feliz”, disse A.R.M. paciente do Hospital Dia, modalidade de tratamento em que o paciente passa o dia no Hospital recebendo tratamento e dorme em casa para não perder o contato familiar.