Elevar para onze o número de unidades de saúde que oferecem o tratamento contra o tabagismo ainda esse ano. Esse é o objetivo da Secretaria Estadual de Saúde no Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado na última sexta-feira, dia 29. Atualmente apenas o Hospital da Universidade Federal do Piauí oferece o tratamento pelo SUS no Estado.
Para atingir esse objetivo, a Secretaria já capacitou profissionais dos Hospitais Areolino de Abreu, Maternidade Dona Evangelina Rosa, Getúlio Vargas e do Mocambinho, além de dois Centros de Apoio Psicossocial do município de Teresina, o Capes Leste e o AD (para tratamento contra o álcool e drogas). No interior do Estado, foram capacitados os hospitais dos municípios de Parnaíba, Luís Correia, Cocal e Buriti dos Lopes. “Nossa meta é que em seis meses o tratamento esteja disponível para a população em todos esses pontos”, diz coordenadora estadual de Atenção a Saúde do Adulto e Idoso, Norma Sueli.
Para comemorar o Dia no Estado, o Hospital Areolino de Abreu e a Maternidade Dona Evangelino Rosa, prepararam programações especiais. Na Maternidade, foram distribuídos materiais de divulgação sobre os perigos do fumo, além de realizada palestra sobre “O Impacto do Fumo nas Vias Respiratórias”, ministrada pelo médico cardiologista Itamar Costa e apresentação do Comitê de Combate ao Tabagismo.
No Areolino de Abreu, funcionários, estagiários e pacientes participaram de atividades que foram desde teatro até apresentação de fantoches e distribuição de material educativo. Tudo com o objetivo de alertar para os perigos do cigarro. “Nosso objetivo é maior. Estamos concluindo uma pesquisa que já demonstrou que é significativo o número de funcionários que fumam e mais ainda de pacientes. Por isso além de oferecermos tratamento para todos da comunidade, vamos fazer um programa especial com os nossos funcionários, para depois começarmos a trabalhar os ambientes. Nossa prioridade também é transformar o Hospital num Ambiente Livre do Fumo”, explica Márcia Astrês, diretora do Hospital Areolino de Abreu.
Até 2006, Teresina, segundo o Ministério da Saúde, era a capital do Nordeste com mais prevalência de fumantes, representando 18% da população maiores de 18 anos. “Esse percentual é muitíssimo elevado, apesar de ter tido uma redução no ano passado, que era de 17, 6%, mas ainda continua sendo um percentual elevado. As mulheres estão iniciando a fumar mais do que os homens, mas a prevalência ainda é maior no sexo masculino”, afirmou, Norma Sueli.
Sete pessoas morrem por dia por estarem expostos ao cigarro
Se por um lado é preocupante as conseqüências do cigarro para quem fuma, por outro pessoas que nunca fumaram também estão cada vez mais expostas ao risco do cigarro. Numa pesquisa divulgada esse mês pelo Instituto Nacional do Câncer foi constato que a cada dia, ao menos sete brasileiros morrem por doenças provocadas pela exposição passiva à fumaça do tabaco.
De acordo com o estudo Mortalidade Atribuível ao Tabagismo Passivo na População Brasileira, pelo menos 2.655 não-fumantes morrem a cada ano no Brasil por doenças atribuíveis ao tabagismo passivo. A maioria das mortes ocorre entre mulheres (60,3%).
Na pesquisa, que estimou o número e a proporção de óbitos, foram consideradas apenas as três principais doenças relacionadas ao tabagismo passivo: câncer de pulmão, doenças isquêmicas do coração (como infarto) e acidentes vasculares cerebrais. Definiu-se como fumantes passivos as pessoas que nunca fumaram e que moravam com pelo menos um fumante no mesmo domicílio. Somente indivíduos na faixa etária de 35 anos ou mais foram alvo do estudo. Fumantes e ex-fumantes não fizeram parte da população avaliada.
De cada 1.000 mortes por doenças cérebro-vasculares, 29 são atribuíveis à exposição passiva à fumaça do tabaco. A proporção é de 25 para 1.000 no caso de doenças isquêmicas e de 7 para 1.000 mortes por câncer de pulmão. Os óbitos de mulheres são de 1,3 a 3 vezes mais elevados que os de homens. Das 2.655 mortes, 1.601 foram de mulheres. A faixa etária que registra maior ocorrência, tanto em homens quanto em mulheres, é de 65 anos ou mais.
Mais números:
Tabagismo no Brasil
- No Brasil, 200 mil mortes anuais são causadas pelo tabagismo.
- Hoje, 16% da população brasileira adulta é fumante.
- Isso representa uma diminuição de quase 50% no número de fumantes desde 1989.
- Os homens apresentaram prevalências mais elevadas de fumantes do que as mulheres.
- A concentração de fumantes é maior entre as pessoas com menos de oito anos de estudo do que entre pessoas com oito ou mais anos de estudo.
- O cigarro brasileiro é o 6º mais barato do mundo.
- Cerca de 8% dos gastos com internação e quimioterapia no Sistema Único de Saúde são atribuídos a doenças relacionadas ao consumo do tabaco.
- Somente com esses dois procedimentos, o governo gasta R$ 338,6 milhões para tratar doenças relacionadas ao consumo do tabaco.
Tabagismo no mundo
- O tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo.
- A OMS estima que 1 bilhão e 200 milhões de pessoas sejam fumantes.
- No mundo, os homens também apresentaram prevalências mais elevadas de fumantes do que as mulheres.
- O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu 4,9 milhões de mortes anuais.
- Esse número aumentará para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030.
Doenças associadas ao uso dos derivados do tabaco
São mais de 50 doenças relacionadas ao consumo do tabaco. O tabagismo está relacionado a:
- 25% das mortes causadas por doença coronariana - angina e infarto do miocárdio;
- 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa etária abaixo dos 60 anos;
- 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos;
- 85% das mortes causadas por bronquite e enfisema;
- 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
- 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero);
- 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral).
O tabagismo ainda pode causar:
- impotência sexual no homem;
- complicações na gravidez;
- aneurismas arteriais;
- úlcera do aparelho digestivo;
- infecções respiratórias.
Estatísticas revelam que os fumantes comparados aos não-fumantes, apresentam risco:
- 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão;
- 5 vezes maior de sofrer infarto;
- 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar;
- 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral.
Benefícios de parar de fumar
Depois que um fumante deixa de fumar:
- Após 20 minutos, a pressão sangüínea e a pulsação voltam ao normal;
- Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue do ex-fumante;
- Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza;
- Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor;
- Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida;
- Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora;
- Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio já foi reduzido à metade;
- Após 5 a 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.
Com informações do INCA