Para aumentar o volume de doações e transplantes de órgãos no país, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lançou, nesta quinta-feira (25), em Brasília (DF), a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, que será veiculada até 12 de outubro. “Tempo é vida” é o slogan da campanha, que expressa o apelo daqueles que estão à espera de um transplante. Para atender a esse pedido e ser um doador não é preciso perder tempo. Avise sua família, a quem cabe a palavra final para que a doação ocorra.
“O tempo é a questão mais preciosa do ponto de vista de quem espera por um órgão. E a campanha tem esse enfoque, porque estabelece uma questão de urgência e toca na necessidade de ampliação da consciência da sociedade brasileira no sentido da declaração a sua família de que se é um doador de órgão. Isso é muito importante”, disse o ministro Temporão.
Para o ministro, apesar da dor com a perda de uma pessoa querida, as famílias podem superar esse momento com generosidade, com compaixão, com solidariedade humana. “Essa é a grande mensagem que essa campanha traz. Tenho certeza que, cada vez mais, o nível de consciência do brasileiro sobre a importância de doação voluntária de órgãos se amplia”.
Ao anunciar um conjunto de medidas para incrementar a captação de órgãos e realização de transplantes no país, o ministro lembrou que, quatro anos atrás, o Brasil tinha apenas 40 mil doadores voluntários de medula óssea. Hoje, são 750 mil. “Isso aumenta muito nossa capacidade de achar doadores compatíveis”, destacou.
O ministro Temporão ressaltou, entre as várias medidas anunciadas, que a partir de agora o Ministério da Saúde passa a remunerar os custos de estocagem e de guarda de cordão umbilical, que também amplia a capacidade de identificar doadores para os pacientes candidatos a transplante de medula óssea. “Ressalto que, esta semana, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está liberando R$ 30 milhões para que o Brasil estruture a Rede Brasileira de Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentária. Teremos em cada macrorregião brasileira pelo menos um centro”.
No primeiro semestre deste ano, foram realizados 8.365 transplantes em relação a 7.053, no mesmo período de 2007, o que representou aumento de 15,68% no número de procedimentos. O total de pacientes na lista de espera passou de 69.089, no primeiro semestre de 2007, para 68.530, no mesmo período de 2008, decrescendo em 0,82%.
Embora seja o maior programa público de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, se não houver doação de órgãos nenhum esforço do Sistema Nacional de Transplantes será suficiente para suprir a demanda da lista. Hoje o Brasil conta com 531 estabelecimentos de saúde credenciados, 1.274 equipes médicas autorizadas e 25 Centrais de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos.
Dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) revelaram que o Brasil, até junho deste ano, contabilizava 5,91 doadores de órgãos por milhão de habitantes. Em 2005, a média nacional era de 5,76 por milhão de habitantes. A Espanha é considerada o país modelo no mundo, com 35 doadores por milhão de habitantes.
AVISAR A FAMÍLIA - Para aumentar os índices de doação é necessário que a sociedade se conscientize da importância deste ato de solidariedade. O passo principal para se tornar um doador é conversar com a família e informar o seu desejo. “Não é necessário deixar nada por escrito. Basta que a família saiba desta intenção. A doação pode ocorrer a partir do momento da constatação da morte encefálica. Sem a autorização da família, a doação de órgãos não ocorre”, explica Abrahão Salomão Filho, coordenador-geral do Sistema Nacional de Transplantes.
Ainda que o desejo de doar esteja expresso, apenas 50% dos potenciais doadores falecidos são notificados. Destes apenas 20% são efetivados como doadores. Em alguns casos, a doação em vida também pode ser realizada, quando o parentesco for até quarto grau e cônjuges ou com autorização judicial, no caso dos não parentes. O doador vivo pode dar um dos rins, parte do fígado, parte do pulmão e medula óssea.
Existem, no Brasil, aproximadamente 70 mil pacientes em lista de espera para transplante. Do total, mais de 42 mil esperam órgãos sólidos e quase 26 mil para córnea e outros cerca de 3 mil para medula óssea. A agilidade nos transplantes depende de vários fatores: rapidez no diagnóstico de morte encefálica, na captação, na identificação de paciente candidato compatível e autorização da família.
Além do lançamento oficial da campanha, durante o evento foram premiados o Instituto de Educação Superior da Paraíba, na categoria pessoa jurídica, e assistente social Tereza Rocha Ferro, do Hospital de Emergência Armando Lages (AL), na categoria pessoa física. Os ganhadores receberam o prêmio Destaque na Promoção de Doação de Órgãos e Tecidos 2008, uma miniatura da escultura concebida pelo artista brasiliense Darlan Rosa, que simboliza a solidariedade entre as pessoas.
DOAÇÕES
No primeiro semestre de 2008 houve 2.646 notificações de morte encefálica (crescimento de 5,37% com relação ao mesmo período de 2007) das quais 560, ou 21,16% se tornaram doações de órgãos (crescimento de 11,25% em doadores efetivos) e 5.874 doadores de córneas, totalizando 6.434 doadores.
ÍNDICES DOS ESTADOS:
Melhor índice de notificações de ME
• Distrito Federal realizou 90,73 notificações de morte encefálica por milhão de habitantes em 2008
Melhor índice de efetivação de doações (percentual de notificações que se tornaram doações):
• Ceará teve 35,63% de doações efetivadas sobre o número de notificações de morte encefálica em 2008
Melhor índice de doações efetivadas (maior número de doadores pmp):
• São Paulo e Santa Catarina com 10,48 e 10,24 doadores por milhão de habitantes respectivamente em 2008
Melhor índice de doações de córneas:
• São Paulo teve no primeiro semestre de em 2008 o equivalente a 170,39 doadores por milhão de habitantes
TRANSPLANTES REALIZADOS
No primeiro semestre de 2008, foram realizados 8.365 transplantes, sendo 6.207 de córnea e 2.158 de órgãos sólidos (um crescimento de 15,68% com relação ao mesmo período de 2007). A redução do número de transplantes de pâncreas é compensada pelo aumento o transplante de rim/pâncreas, porque a maioria dos pacientes tem diabete e, como conseqüência, problemas renais.
Fonte: Ministério da Saúde