O Brasil, até 2025, deverá passar do oitavo para o quarto lugar no ranking mundial de pessoas maiores de 18 anos com diabetes. O número de brasileiros, nessa faixa etária, que vivem com a doença chegará a 17,6 milhões – quase 2,5 vezes mais que os atuais 7,3 milhões de adultos. O aumento significa cerca de 650 mil novos casos por ano. Em todo o mundo, estima-se que haja 246 milhões de pessoas com diabetes. Até 2025, esse número deve chegar a 380 milhões, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como o alerta mundial é para o avanço da doença em crianças e adolescentes, o Ministério da Saúde prepara uma pesquisa para identificar a população jovem com a doença. A investigação sobre a prevalência de diabetes entre adolescentes, prevista para começar em 2009, é essencial para que o governo possa saber quais os fatores de risco e reforçar mecanismos de prevenção e de atendimento. “As informações clínicas indicam aumento do número de casos de diabetes e hipertensão entre os jovens. Mas o Ministério da Saúde quer apurar e identificar o tamanho dessa população’, analisa a Coordenadora Nacional de Hipertensão e Diabetes do Ministério da Saúde, Rosa Sampaio Vila-Nova de Carvalho.
Para chamar atenção da população mundial e brasileira sobre o problema, no dia 14 de novembro, quando é comemorado o Dia Mundial do Diabetes, cerca de 300 monumentos em mais de 25 países serão iluminados, especialmente, com a cor azul. A idéia é chamar a atenção sobre o impacto dessa doença, sobretudo para portadores e famílias e para defender políticas públicas que favoreçam e possibilitem a essas pessoas viverem mais e melhor. No Brasil, entre outros, a Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis; o elevador Lacerda, na Bahia; o Maracanã e o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro receberão iluminação diferenciada.
DADOS NACIONAIS – O diabetes tipo 1, típico da infância e adolescência, está crescendo mundialmente, segundo o IDF, cerca de 3% ao ano nessa faixa de idade, notadamente na fase pré-escolar. No entanto, também o diabetes tipo 2, antes tida como uma doença de adulto, vem crescendo em crianças e adolescentes, como conseqüência da epidemia mundial de sedentarismo, obesidade e maus hábitos de consumo alimentar.
No Brasil, de acordo com o Vigitel 2007, Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis, a prevalência média de diabetes na população adulta (18 anos e mais) é de 5,2% – o que dá cerca de 6,4 milhões de portadores que auto-referiram ter diabetes. A prevalência aumenta com a idade, chegando a 18,6% na população de 65 anos e mais. Não há números de diabetes tipo 1 no Brasil, mas estima-se que cerca de 9% a 10% do total sejam de diabetes tipo 1, o que dá cerca de 600 mil portadores.
GASTOS DO PODER PÚBLICO ― Atualmente, o Ministério da Saúde fornece gratuitamente medicamentos orais para diabetes (Glibenclamida, Glicazida e Matformina) e as insulinas NPH e regular). É difícil avaliar o custo total da doença. A diabetes é cuidada em diversos setores do sistema público, desde a atenção básica até a alta complexidade. Envolve ainda, entre outros, setores de vigilância, capacitação de profissionais, pesquisas e gestão. No entanto, estudos de custo direto do diabetes, ou seja, aqueles relacionados a consultas, exames, hospitalizações e medicamentos também estão sendo realizados pelo Ministério da Saúde ainda sem conclusão.
Na Atenção Básica, os recursos financeiros com medicamentos orais para hipertensão e diabetes estão regulamentados pela Portaria da Assistência Farmacêutica nº 3.237, que envolve R$ 7,10 por habitante/ano pactuado tripartite (União, Estados/Distrito Federal e Municípios). A compra de insulinas é centralizada no Ministério da Saúde, que distribui para estados e municípios. Em 2007, foram comprados 10,8 milhões de frascos de insulina NPH, pelo valor unitário de R$ 9,18, e 980 mil frascos de insulina regular, a R$ 8,19 a unidade. Os insumos exigem um gasto de R$ 0,30 por habitante/ano dos estados, municípios e Distrito Federal.
EDUCAR PARA O CUIDADO ― Rosa Sampaio Vila-Nova afirma que o controle do diabetes é complexo. Exige mudanças de hábito de vida como alimentação adequada e atividade física regular, esquemas terapêuticos complexos, auto-cuidado cotidiano, disciplina; em muitas situações, envolve e afeta também a família, sobretudo quando atinge crianças e jovens e idosos. Nesses casos, a presença de um “cuidador” treinado e sensibilizado é fundamental. A doença atinge diversos órgãos, tais como rim, pé e olhos, podendo levar à doença renal crônica até a diálise renal, amputação e à cegueira. Junto com a Hipertensão é a maior causa que leva a Doenças Cardiovasculares. De acordo com a médica, o indivíduo pode tomar o melhor medicamento disponível no mercado, mas ainda assim ele precisar saber lidar com a doença. O auto-cuidado é o mais importante.
Com a preocupação de ajudar a quem vive com diabetes, Rosa Sampaio Vila-Nova adianta que a coordenação trabalha no desenvolvimento de um programa de educação em saúde para o autocuidado, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Centro de Diabetes da Bahia/SES-BA e Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação/MS (SEGTES). A produção do material já começou. E as ações deverão deslanchar no primeiro trimestre do ano que vem. O programa disporá de uma plataforma na internet (Telessaúde) e, para isso, a SEGTES já tem 900 pontos no país. Além de fôlderes e publicação, haverá também a edição de um audiobook para os deficientes visuais.
Mas até lá, a coordenação fará a capacitação de mil profissionais para que sejam ativadores na comunidade. Cada profissional capacitado repassará o aprendizado para dez outros, construindo, dessa forma, uma rede para que a atividade de educação em saúde seja mais qualificada. A primeira turma estará pronta para entrar em ação em março de 2009.
SAIBA MAIS SOBRE A LOGO MUNDIAL DO DIABETES
O símbolo global do diabetes é o círculo azul. Foi desenvolvido como parte da campanha mundial de conscientização “Unidos pelo Diabetes” e foi adotado em 2007. O círculo simboliza a vida e a saúde; o azul reflete o céu que une todas as nações. O círculo azul significa a unidade da comunidade global em resposta à epidemia do diabetes.
O QUE É
Vigitel ― O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico foi implantado em 2006 pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), com o objetivo de monitorar continuamente a freqüência e distribuição de fatores de risco e proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal na população adulta (de 18 anos e mais).
DIABETES MELLITUS
O QUE É
O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia (quando há falta de insulina ou ela não atua de forma eficaz, causando um aumento da taxa de glicose no sangue) e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sangüíneos. A insulina é produzida pelo pâncreas e é essencial para que nosso corpo funcione bem e possa utilizar glicose (açúcar) como principal fonte de energia.
1 - Atinge todas as faixas etárias, inclusive a mulher grávida, sem distinção de sexo, raça e condições sócio-econômicas. O envelhecimento da população traz consigo uma alta carga de doenças crônicas notadamente o diabetes e os sistemas de saúde devem preparar-se para esse fenômeno mundial.
2 - Trata-se de uma doença de alta prevalência, que requer vários procedimentos e o trabalho de equipe multidisciplinar para o seu controle. Quando bem controlada evita complicações agudas e crônicas.
3 - Existem meios, cientificamente comprovados, para prevenir a doença (diabetes mellitus tipo 2) e suas complicações agudas e crônicas.
4 - Está associada a várias outras doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial, doença coronariana e cerebrovascular, dislipidemias, neuropatias periféricas e autonômicas, lesões renais, levando até a insuficiência renal crônica terminal, retinopatia diabética.
5 - A sobrevida tem aumentado significativamente o que favorece o surgimento das complicações crônicas com custos econômicos e sociais elevados.
6 - A prevalência no mundo inteiro vem crescendo, sendo considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma epidemia, em 2000, eram 177 milhões de portadores, devendo chegar, em 2025, a 350 milhões no mundo. No Brasil, poderá chegar a 10 milhões de portadores, em 2010, e os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência do diabetes são o envelhecimento da população, a urbanização crescente e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade.
7 - Dispõe de tratamento clínico definido.
Diante destes fatos o Diabetes Mellitus representa uma nosologia (ramo da medicina que estuda e classifica as doenças) que preenche os requisitos necessários para funcionar como um modelo na área das doenças crônicas não transmissíveis.
TIPOS MAIS FREQÜENTES DE DIABETES
Tipo 1 – Diabetes mellitus insulinodependente
Geralmente ocorre em crianças, jovens e adultos jovens e necessita de insulina para o seu controle.
Tipo 2 - Diabetes mellitus não insulinodependente
É o tipo mais freqüente de diabetes, aparece geralmente após os 40 anos de idade
Diabetes gestacional
É o tipo que aparece na gravidez, sobretudo se a mulher: tem mais de 30 anos, tem parentes próximos com diabetes, já teve filhos pesando mais de 4kg ao nascer, já teve abortos ou natimortos, é obesa ou aumentou muito de peso durante a gestação.
Sinais de alerta
Muitas pessoas têm diabetes e não sabem por que não apresentam nenhum sintoma. Isto é bastante freqüente no tipo de diabetes que aparece no adulto (tipo 2).
- Tem parentes (pais, irmãos, tios etc) com diabetes;
- tem excesso de peso (especialmente abdominal);
- tem vida sedentária (não faz atividade física);
- tem mais de 40 anos;
- Faz tratamento para pressão alta e tem colesterol e triglicerídeos elevados;
- Uso de medicamentos diabetogênicos (corticóides, anticoncepcionais etc); e
- Mulheres que tiveram filhos pesando mais de 4kg, ou abortos e/ou natimortos.
Alimentação
Quanto à alimentação, de uma forma geral, o diabético controlado pode fazer uso de quase todos os alimentos usuais, desde que eles estejam em um programa dietético com quantidades adequadas. Os portadores da doença precisam aprender a ler os rótulos dos alimentos, analisá-los e discutir com o médico a composição e a recomendação de consumo. O importante é manter uma alimentação saudável, peso normal e praticar atividade física regularmente. São hábitos saudáveis de vida que ajudam a prevenir o surgimento do diabetes tipo 2
O que devem ser evitados:
- Doces, bolos, leite condensado, chocolate e biscoitos não dietéticos;
- Achocolatados, farinha láctea;
- Carnes salgadas e toucinho, frituras;
- Bebidas alcoólicas;
- Refrigerantes comuns.
Fonte: Ministério da Saúde