Nova avaliação nacional das informações sobre infestação por larvas do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, concluída em novembro, mostra que houve melhora dos dados este ano em relação ao ano passado. De acordo com o Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), em 2008, dos 2.324 estratos avaliados (áreas de 9 mil a 12 mil imóveis com características semelhantes) 1.344 apresentaram índice de infestação abaixo de 1%, considerada uma faixa satisfatória de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A quantidade de locais com este perfil em 2008 correspondeu a 57,8% do total de estratos avaliados. Em 2007, o percentual foi de 53,8% de um grupo de 2.130. Quando os locais avaliados (estratos) apresentam menos de 1%, significa que há menos de uma casa com larvas do mosquito da dengue para cada grupo de 100, no momento da realização desse trabalho.
Os dados foram divulgados pelo Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, hoje (20), em Brasília, acompanhado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Na ocasião, ele informou que as Forças Armadas dispõem de 2,2 mil homens que serão capacitados para entrar no combate à dengue, caso seja necessário. Os militares serão treinados para inspecionar locais com risco de proliferação das larvas do mosquito que transmite a dengue e prestarão orientações à população.
Para Temporão, apesar da melhora apontada pela análise dos estratos, a dengue exige alerta constante e ações contínuas. “É importante que os prefeitos que se reelegeram e aqueles que vão assumir o cargo em janeiro dêem prioridade ao combate à dengue para evitar surtos e óbitos pela doença”, afirmou o ministro. “A população também deve contribuir colocando areia nos pratos dos vasos de planta, verificando se a caixa d’água está bem tampada, se a calha está desobstruída, eliminando a água parada em piscinas, não acumular lixo, entre várias outras medidas simples e eficazes”, acrescentou.
Das 161 cidades que fizeram coleta e avaliação dos dados, cinco estão em situação de risco de surto – Epitaciolândia (AC), Várzea Grande (MT), Mossoró (RN), Itabuna (BA) e Camaçari (BA). Na avaliação das capitais, 14 estão em estado de alerta, ou seja, os estratos apresentaram infestação entre 1% e 3,9%. São elas: Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Salvador (BA), São Luis (MA), Recife (PE), Natal (RN), Aracajú (SE), Maceió (AL), Belém (PA), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Boa Vista (RR) e Goiânia (GO).
As informações foram coletadas e avaliadas em 161 municípios com maior risco para a transmissão da dengue, entre outubro e a primeira quinzena de novembro. Entre as cidades que participam do levantamento estão as capitais, municípios de regiões metropolitanas, com mais de 100 mil habitantes, áreas turísticas e de fronteira. A amostra deste ano é maior do que a de 2007, que fechou com dados de 2.130 estratos de 146 municípios.
Mesmo com o aumento da quantidade de municípios e de áreas compondo a amostra nacional, caiu o percentual de estratos com maior risco para surto de dengue, passando de 10%, em 2007, para 6,3%, em 2008. Este ano, essas áreas totalizaram 147 contra 212, em 2007. São considerados locais de risco aqueles que têm infestação igual ou maior que 4% dos imóveis com larvas do Aedes. Quanto aos locais em alerta, houve uma tendência de estabilidade – 36,2% (772), em 2007, e 35,8% (833), em 2008.
O LIRAa é realizado anualmente pelas prefeituras com o objetivo de identificar com antecedência as áreas de maior risco para a ocorrência de surto de dengue. Os resultados permitem a rápida tomada de decisão para o planejamento e a intensificação de ações de combate ao vetor da doença, assim como as atividades de mobilização, comunicação e de educação.
REGIÕES – A tendência de aumento de locais com índices satisfatórios foi seguida por quatro regiões do país. No Sul, 86,7% dos locais avaliados estavam com menos de 1% de infestação pelas larvas do Aedes aegypti – eram 79,3%, em 2007. Para o Nordeste, os dados apontam que 48,2% dos locais estudados tiveram dados satisfatórios acima dos 39% registrados, em 2007. No Sudeste, esse indicador ficou em 61,8%, ligeiramente acima dos 61,1% do ano passado.
Na região Norte, houve aumento este ano em relação ao ano passado. Em 2008, 33,5% dos estratos avaliados têm menos de 1% de infestação, enquanto que ano passado esse percentual ficou em 24,6%. No Centro-Oeste, os percentuais foram de 72,9% este ano e 78,6% em 2007. Ainda na análise dos dados regionalizados, houve redução de estratos de risco para surto nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste e aumento no Sul e Centro-Oeste.
O novo levantamento sobre os criadouros mais freqüentes do mosquito - locais onde são encontradas as larvas do Aedes aegypti – ratifica ainda que o perfil desses locais variou de acordo com as regiões do país. No Nordeste, 95,4% desses locais estão associados ao armazenamento de água (caixas d’água, tambores, poços e tonéis). Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, os principais criadouros são os vasos e pratos de plantas, bromélias, ralos, lajes e as piscinas – 55,6% e 53,7%, respectivamente. No Sul e no Norte, predomina o lixo – 50% e 47,6%.
METODOLOGIA – Implantada em 2004, a metodologia desse levantamento infere os índices de infestação para regiões homogêneas de cidades com maior risco para a dengue. Em média, são trabalhadas áreas de 9 mil a 12 mil imóveis a partir de um sistema de amostragem. Nesta ação, o agente tem a missão de identificar os criadouros, coletar as larvas e encaminhá-las para análise de laboratório, o que vai revelar se as amostras são do mosquito da dengue. Isso indicará quais áreas estão mais infestadas.
Durante o trabalho, os agentes visitam cerca de 450 casas, lotes baldios, comércios, prédios públicos, dependendo do sorteio previsto no critério de amostragem. Além disso, o LIRAa aponta quais são principais criadouros – vasos, calhas, pneus, jarros, caixas d’água, garrafas pet etc.
AÇÕES CONTRA A DENGUE – No mês de outubro, o Ministério da Saúde lançou a campanha nacional de prevenção “Brasil unido contra a dengue” e anunciou a liberação de mais R$ 128 milhões para o Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS) de estados e municípios. Em toda a estratégia de combate à dengue, o Ministério da Saúde investirá, neste ano, R$ 1,08 bilhão, um aumento de 23%, em relação a 2007. Esse é o maior volume de recursos já investidos pelo Ministério da Saúde com essa finalidade. Os recursos adicionais são destinados aos municípios prioritários dentro da estratégia nacional de combate à doença, como áreas de fronteira, turísticas, regiões metropolitanas e com mais de 50 mil habitantes. Além dos recursos, o Ministério da Saúde está desenvolvendo uma série de ações para o combate à doença neste ano. Confira alguns destaques:
• Acordo com as Forças Armadas para atuar, se necessário, como agentes de combate ao mosquito.
• Ações com o Ministério da Educação para levar informação e mobilização a estudantes e professores, como o filmete “Vila Saúde”, para alunos da educação básica.
• Parcerias com empresas e organizações civis para medidas de prevenção, educação e combate à dengue.
• 11 municípios testarão três novas estratégias de prevenção e controle da dengue: NS1 (diagnóstico mais rápido), armadilha para mosquito adulto e uso da internet para apoiar na detecção mais rápida de surtos de dengue.
• Sensibilização de 42.806 líderes comunitários por telefone e porta em porta.
• Envio de material informativo a 4.121 emissoras comunitárias, carros de som etc.
• Portaria ministerial com recomendações às secretarias estaduais e municipais para que fiscalizem e punam estabelecimentos comerciais e industriais que não atentarem para a formação de criadouros.
Ministério da Saúde