Em uma nova investida na mobilização contra a dengue, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reforçará junto aos nove governadores do Nordeste a necessidade de intensificar as ações de controle para evitar surtos da doença em períodos epidêmicos. A reunião, que contará com a participação do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, será nesta terça-feira (2), às 15h (horário local), no Palácio do Campo das Princesas, em Recife (PE). Da capital pernambucana, Temporão segue para Fortaleza (CE), onde terá uma nova reunião no dia 3 com o governo do estado e prefeitos cearenses.
Durante os encontros com gestores da Região Nordeste, o ministro apresentará dados do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado recentemente e que apontou na região três municípios com risco de surto de dengue: Mossoró (RN), Itabuna e Camaçari (BA). Além disso, o Nordeste tem 24 outros municípios em estado de alerta, dos quais seis são capitais: Recife, Salvador, Natal, São Luis, Aracajú e Maceió (veja tabela). Com base nas informações do LIRAa, realizado anualmente pelas prefeituras, é possível identificar com antecedência as áreas de maior risco para a ocorrência de surto de dengue. A ação permite o planejamento e a intensificação oportunos de ações de combate ao vetor da doença.
No Nordeste, o ministro também apresentará o quadro geral de investimentos. No mês de outubro deste ano, foi anunciado um aumento de recursos para o combate à dengue no valor de R$ 128 milhões, dos quais mais de R$ 40,4 milhões destinados aos estados da região. O Nordeste também conta com 791 homens das Forças Armadas para o combate à dengue, caso seja necessário. Mesmo não sendo o momento em que há intensa transmissão da doença na região, o ministro ressaltará que os governos estaduais devem manter as ações e intensificá-las quando houver aumento de casos, o que geralmente ocorre a partir de março, mês em que se intensificam as chuvas combinadas com temperaturas elevadas.
Temporão tem especial preocupação com o período de transição nas prefeituras. Segundo o ministro, o momento atual, de troca dos prefeitos merece atenção. A descontinuidade dos trabalhos de prevenção à dengue, como demissão de funcionários ou fim das ações de formação profissional, podem comprometer o esforço nacional, principalmente nas áreas de risco. “Nós não podemos correr nenhum risco por conta da mudança do gestor. Por isso, estou convocando todas as equipes de transição para incluírem o tema dengue, dentro do conjunto de prioridades das ações de saúde”, ressaltou. Ainda nesta semana, o ministro voltará a falar sobre dengue com gestores, durante a abertura da reunião geral da Frente Nacional de Prefeitos, em Vitória (ES).
LIRAa - Para o Nordeste, os dados do LIRAa apontam que 48,2% dos locais estudados tiveram dados satisfatórios. Ou seja, tinham índice de infestação abaixo de 1% - menos de uma casa com larvas do mosquito transmissor da dengue para 100 casas inspecionadas. Quanto aos criadouros mais freqüentes do mosquito - locais onde são encontradas as larvas do Aedes aegypti –, o estudo apontou que, no Nordeste, 95,4% desses pontos estão associados ao armazenamento de água (caixas d’água, tambores, poços e tonéis).
A metodologia desse levantamento infere os índices de infestação para regiões homogêneas de cidades com maior risco para a dengue. Em média, são trabalhadas áreas de 9 mil a 12 mil imóveis a partir de um sistema de amostragem. Nesta ação, o agente tem a missão de identificar os criadouros, coletar as larvas e encaminhá-las para análise de laboratório, o que vai revelar se as amostras são do mosquito da dengue. Isso indicará quais áreas estão mais infestadas. Durante o trabalho, os agentes visitam cerca de 450 casas, lotes baldios, comércios, prédios públicos, dependendo do sorteio previsto no critério de amostragem. Além disso, o LIRAa aponta quais são principais criadouros – vasos, calhas, pneus, jarros, caixas d’água, garrafas pet, etc.
PRINCIPAIS AÇÕES – No mês de outubro, o Ministério da Saúde lançou a campanha nacional de prevenção “Brasil unido contra a dengue” e anunciou a liberação de mais R$ 128 milhões para o Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS) de estados e municípios. Em toda a estratégia de combate à dengue, o Ministério da Saúde investirá, neste ano, R$ 1,08 bilhão, um aumento de 23%, em relação a 2007. Esse é o maior volume de recursos já investidos pelo Ministério da Saúde com essa finalidade. Os recursos adicionais são destinados aos municípios prioritários dentro da estratégia nacional de combate à doença, como áreas de fronteira, turísticas, regiões metropolitanas e com mais de 50 mil habitantes. Além dos recursos, o Ministério da Saúde está desenvolvendo uma série de ações para o combate à doença neste ano. Confira alguns destaques:
• Acordo com as Forças Armadas para atuar, se necessário, como agentes de combate ao mosquito;
• Ações com Ministério da Educação para levar informação e mobilização a estudantes e professores, como o filmete “Vila Saúde”, para alunos da educação básica;
• Parcerias com empresas e organizações civis para medidas de prevenção, educação e combate à dengue;
• 11 municípios testarão três novas estratégias de prevenção e controle da dengue: NS1 (diagnóstico mais rápido), armadilha para mosquito adulto e uso da internet para apoiar na detecção mais rápida de surtos de dengue;
• Sensibilização de 42.806 líderes comunitários por telefone e porta em porta;
• Envio de material informativo a 4.121 emissoras comunitárias, carros de som, etc;
• Portaria ministerial recomenda às secretarias estaduais e municipais que fiscalizem e punam estabelecimentos comerciais e industriais que não atentarem para a formação de criadouros.
Ministério da Saúde