O Sistema Nacional de Transplantes brasileiro alcançou padrão de qualidade internacional e passa a integrar a maior rede de registros de doadores de medula óssea do mundo. Nesta quinta-feira, dia 22, o Ministério da Saúde autoriza que pacientes estrangeiros, em busca de um doador, possam identificar e utilizar as células-tronco hematopoéticas de doadores brasileiros. A medida foi publicada hoje no Diário Oficial da União (DOU) e vai ampliar as possibilidades de busca por doadores realizada pelo Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) e reduzir os gastos com a busca internacional para pacientes brasileiros. Até o fim de 2009, o Ministério espera atingir 1,5 milhão de doadores cadastrados. Para isso, serão investidos R$ 7 milhões.
A primeira parceria será realizada com o maior registro internacional do mundo, o americano National Marrow Donor Program (NMDP). Em 2007, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 1.562 transplantes de medula óssea. Destes, 683 foram do tipo alogênico, quando o receptor busca um doador que tenha laços de parentesco ou outro doador com compatibilidade. Segundo Beltrame, 45% das buscas por um doador ocorrem em registros internacionais. “Se quase metade das buscas dependem de doadores internacionais, precisamos ter uma relação de reciprocidade com outros países”, explica Alberto Beltrame, secretário de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde.
Desde 2001, o SUS financia a identificação internacional de doadores. O custo de cada busca é de aproximadamente R$ 50 mil e compreende os exames de identificação do doador, a coleta das células-tronco e o transporte até o Brasil, das células identificadas. Com a abertura do registro brasileiro, o recurso financeiro arrecadado com o envio de células-tronco de doadores brasileiros para outros países será investido no custeio da busca internacional.
REDOME – Segundo Alberto Beltrame , essa busca de doadores brasileiros por pacientes de outros países não atinge as pessoas que aguardam na lista de espera por um transplante de medula óssea. “Os candidatos brasileiros são automaticamente submetidos ao Redome. A primeira opção é buscar um doador no registro brasileiro. Caso não encontre, inicia o processo de busca no exterior. E o mesmo acontece em outros países. Ao contrário, estamos ampliando as possibilidades de troca e dimunindo custos de busca para o Brasil”, afirma Beltrame.
Indicados no tratamento de diversas doenças como leucemias, linfomas, talassemias e anemias aplásticas, os transplantes de células-tronco hematopoéticas, mais conhecidos como transplantes de medula óssea, são realizados no Brasil desde a década de 1970. Até dezembro de 2008, 202 pacientes aguardavam por um transplante de células-tronco hematopoéticas (medula óssea, sangue de cordão umbilical ou sangue periférico). Outras 2.062 pessoas estão em busca de um doador compatível.