Índice de infecção pelo HIV triplicou nessa população nos últimos 10 anos; 72% não usam preservativo nas relações com parceiros casuais
O Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Política para as Mulheres lançaram nesta sexta-feira (13) a campanha de prevenção à aids do Carnaval 2009. Com o slogan “Sexo não tem idade para acabar. Proteção também não”, a ação deste ano é voltada para a prevenção da doença em mulheres acima dos 50 anos. Dados parciais de pesquisa de comportamento realizada pelo Ministério da Saúde, em 2008, apontam que 72% das brasileiras nessa faixa etária não usam camisinha com parceiros casuais. A infecção pelo HIV triplicou nos últimos 10 anos nessa população.
“O objetivo dessa campanha é chamar a atenção para o problema e informar adequadamente as mulheres da importância delas falarem e conversarem com seus companheiros, maridos, namorados sobre o relacionamento sexual e exigirem o uso de preservativo, a camisinha”, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Para ele, o homem também tem que estar consciente de que ao usar o preservativo estará protegendo a si e “a pessoa que ele gosta, que ele ama”.
O lançamento aconteceu na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro. Estiveram presentes mulheres de comunidades carentes da cidade e artistas, que formaram uma roda de samba totalmente feminina. Temporão e Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, fizeram a apresentação dos dados e das peças da campanha. Entre mulheres acima de 50 anos a taxa de incidência da aids mais que triplicou em dez anos. Em 1996 havia de 3,7 casos por 100 mil habitantes; em 2006, o índice já era 11,6.
A pesquisa de comportamento do Ministério da Saúde revela que mais da metade das mulheres nessa faixa etária (55,3%) é sexualmente ativa. O problema é na hora de se prevenir. Enquanto o uso regular de camisinha nas relações casuais no grupo de 15 a 49 anos (homens e mulheres) fica em 47,5%; esse índice é de apenas 34,8%, quando ultrapassado os 50 anos. No recorte por sexo, mostra-se que o público feminino está em situação mais vulnerável. Só 28% dessa população adota a prevenção. Entre os homens, o número sobe para 36,9% - eles foram alvo da campanha de 2008, no Dia Mundial de Prevenção à Aids.
“É preciso conscientizá-las que, não usar a camisinha, é um comportamento de risco, como para qualquer parcela da população”, afirmou Temporão. De acordo com a diretora do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão, a campanha trabalha para ampliar o direito das mulheres à saúde. “Sabemos de suas dificuldades para negociar o uso do preservativo com os parceiros. Com essa ação, queremos fortalecê-las para que possam ter condições de exercer a sexualidade de forma mais segura”, ressalta.
A ministra ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, ressaltou que é importante acabar com o estereótipo de que as mulheres com mais de 50 anos não têm vida sexual ativa. “Por essa razão, o foco da campanha de carnaval deste ano está voltado para as mulheres maduras. É preciso cada vez mais incentivar as mulheres a exigir do parceiro o uso de preservativo”, disse.
Peças publicitárias – O mote da campanha, que terá peças para TV e rádio, além de materiais impressos mobiliário urbano, é o “Bloco da Mulher Madura”. Formado apenas por mulheres acima dos 50 anos, o grupo valoriza o sexo seguro. “Homem sem camisinha a gente não atura, nem para uma aventura”, diz uma das protagonistas no filme de 30 segundos.
O tema do carnaval deste ano dá continuidade à campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids 2008, lançada no 1º de dezembro, que teve como foco os homens com mais de 50 anos. Entre eles, o uso de camisinha também é baixo. Na pesquisa realizada em 2008, 63% afirmam não ter o costume de utilizar camisinha nas relações eventuais.
O Ministério da Saúde desenvolveu a campanha criativa e as coordenações estaduais e municipais de DST e aids ficaram responsáveis pela impressão do material gráfico. A iniciativa faz parte da descentralização das ações, por meio do repasse específico de verba para ações de comunicação. No site do Programa Nacional de DST e Aids, há uma página específica – www.aids.gov.br/carnaval – para notícias relacionadas às campanhas locais de carnaval.
Fonte: Agência Saúde
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