Pelas questões climáticas que envolvem o surgimento de doenças como a Dengue, a Doença de Chagas e Calazar, o Piauí se tornou referência no tratamento e prevenção das doenças chamadas tropicais. Com 145 leitos, o Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella é ainda o único hospital no estado que atende preferencialmente pacientes com doenças infecciosas e parasitárias, e é hoje a única alternativa de atendimento para a maioria da população usuária do SUS nessas especialidades. Por causa do histórico de pacientes que enfrentam longas internações, a equipe de profissionais encontrou alternativas para minimizar o impacto no período de hospitalização, promovendo uma maior interação entre pacientes e servidores. Monitoramento de Doenças Uma das ações desenvolvidas dentro do hospital é o monitoramento do comportamento epidemiológico das doenças imuno-preveníveis, realizado pelas equipes do hospital e da área de Epidemiologia que fica na sede da Secretaria da Saúde. Em 2008, foi reativada a unidade sentinela para Influenza. Mais outras doenças como coqueluche, difteria e hepatites também são monitoradas. Além do trabalho realizado dentro do Natan Portella, os técnicos do hospital também auxiliam em investigações de surtos epidemiológicos. Os principais agravos notificados no hospital no ano de 2008 foram meningite, Aids (criança e adulto), leishmaniose visceral, malária, dengue, acidente ofídicos (picada de cobra), leishmaniose tegumentar, rubéola, hepatite, doença de chagas e tétano acidental. Reformas Ano passado, foram feitos investimentos na estrutura do hospital. O auditório, sala de coleta de influenza e enfermaria, foram reformados para dar mais conforto e melhor atendimento aos pacientes. O custo das obras foi orçado em quase R$ 25 mil. A Unidade de Terapia Intensiva que antes funcionava com quatro leitos, ganhou mais três no início de fevereiro deste ano e conta agora com sete leitos. Somente no ano passado, o Hospital investiu quase R$ 60 mil na compra de equipamentos. Foram cadeiras de rodas para banho, compressores de ar para aerosol, pulverizadores a jato entre outros. Por ser um hospital de referência, o Natan Portella tem uma grande demanda de atendimentos. Em 2007, realizou 33.247 consultas médicas. Ano passado, até o mês de novembro, o Instituto já tinha feito 26.833 consultas. Radiologia (1.897), Patologia Clínica (19.306) e Ultra-sonografia (985) estão entre os exames mais realizados no Hospital. Ampliação Para atender melhor os pacientes, ainda no ano passado, foram iniciadas obras de ampliação do hospital. Um novo prédio está sendo construído em frente ao edifício do Instituto com uma área de 1.692,71 m². “Com essa ampliação os pacientes poderão ter um atendimento de maior qualidade e segurança e ainda vai dar uma condição muito melhor para o hospital em termos de estrutura", disse o secretário Estadual da Saúde, Assis Carvalho. A ampliação foi orçada em R$ 1.735.843,91 e será financiada com recursos do Ministério da Saúde e Governo do Estado. O novo prédio funcionará como anexo do Instituto. “A nossa demanda aumentou muito no decorrer dos anos. Quando o hospital foi pensado, a AIDS ainda não existia (o Instituto tem 35 anos e a gente convive com a epidemia há pouco mais de 20 anos). Então nós tivemos uma doença nova trazendo uma quantidade imensa de pacientes e a nossa estrutura física não comportava. O que foi acontecendo, é que, o que era previsto para atender 70 pacientes, hoje está dobrando, chegando a quase 150 pacientes”, disse a coordenadora administrativa, Valquiria Cunha. Fiocruz do Sertão O governador Wellington Dias está articulando para instalar no Piauí uma unidade da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, instituição reconhecida por ter experiência na área de pesquisa, produção de medicamentos e capacitação de recursos humanos na área de saúde. A nova unidade foi batizada de Fiocruz do Sertão e deverá fazer pesquisas sobre o poder medicinal de plantas nativas da região, que atualmente já são muito usadas como “remédio caseiro”. E também pesquisar o princípio ativo das plantas nativas usadas com fins medicinais e produzir remédio aqui no Estado. A instalação da Fiocruz também vai possibilitar dois outros projetos: um de redução da mortalidade materna e infantil e implantação no Piauí e um projeto de telemedicina. Pelo projeto, a unidade deve funcionar em um terreno de 5.000 m² quadrados cedidos pela Universidade Federal do Piauí, que também deve entrar no projeto com a mão de obra qualificada, pois a instituição já tem profissionais que atuam na área de farmacologia. Para a obra serão necessários investimentos do governo federal no valor de R$ 10 milhões. Além do Piauí, devem ser contemplados o Ceará, Rondônia e Mato Grosso do Sul, sendo que a estrutura da unidade será adaptada às necessidades de cada região. A idéia é trabalhar em rede e desenvolver pesquisas. Humanização Ano passado, dona Gorete da Silva, 28 anos, comemorou seu aniversário no Hospital. Há quase três meses internada, ela celebrou a data ao lado de funcionários daquela instituição, que levaram faixas, balões e cartão personalizado para presenteá-la. Emocionada, ela falou sobre o momento. “Eu estava longe da minha família, então é muito emocionante. A gente se sente fazendo parte da família que existe no Hospital. Ser lembrada e poder ter um momento especial como aquele foi muito bom”, contou. “A doença em si já fragiliza bastante os pacientes, então a gente percebe que pequenas iniciativas como essa causam um impacto muito positivo para eles. É uma maneira de levantar um pouco o astral deles”, disse a coordenadora administrativa do Instituto, Valquíria Cunha. Este é o diferencial da política de humanização desenvolvida no Instituto. Pacientes e funcionários participam de projetos que animam e valorizam cada um deles, possibilitando assim, não só melhorias no tratamento, como também desenvolvimento diário nos trabalhos dos servidores. Para os pequenos foi criado o projeto Criança Alegre, que leva brinquedos e brincadeiras para as enfermarias a fim de minimizar o impacto da internação. “Quando a criança entra no hospital é imposta a ela uma condição totalmente diferenciada do que a que ela costuma ter fora daqui”, diz a psicóloga Denise Falcão. Ela explica que se o paciente for um bebê, o brinquedo vai ao leito, se for criança de até cinco anos, por exemplo, o hospital dispõe de uma salinha onde ela pode fazer desenhos, brincar com jogos e assistir vídeos infantis. Vinda do município de Boa Hora, a professora Maria Sousa Lopes passou quase um mês acompanhando o tratamento do filho Francisco. Com apenas três anos, o menino foi vítima de uma pneumonia e ficou internado no Natan Portella. Maria é uma das mães que participou dos encontros semanais promovidos pela equipe do hospital, onde elas aprendem a cantar canções de ninar e cantigas de roda. “Levanta o nosso astral e agora quando eu canto para o meu filho ele fica bem mais calmo”, relata a professora. Um grupo de mães está estreitando o vínculo afetivo com seus filhos através de canções que elas aprendem no projeto - uma alternativa de humanização na hospitalização de crianças. “Assim ajudamos a reduzir o estresse e o impacto da internação, além de fortalecermos a afetividade”, explica a psicóloga e coordenadora do projeto, Késia Stefani. A idéia já apresenta resultados. “Temos observado que as mães têm participado dos encontros e se mostrado bem entusiasmadas. E os pacientes gostam de ouvi-las cantando”, completa a psicóloga. O Natan Portella completou 35 anos em 2008 e aposta num trabalho integrado para garantir o melhor desenvolvimento no trabalho dos funcionários e, com isso, quem ganha são os pacientes. Especializado em doenças infecto-contagiosas, atende a pacientes do Piauí, Maranhão, Ceará, Pará e Tocantins. “Esse hospital é uma instituição histórica que já salvou muitas vidas”, afirmou o diretor geral, Carlos Henrique Nery Costa.