O investimento de R$ 25 milhões em equipamentos hospitalares de ponta e a informatização de setores administrativos, nos dois últimos anos, mostram que Saúde se faz, também, com tecnologia. Mais do que organização e economia, a modernização nas unidades do sistema de saúde interferem diretamente na melhoria do atendimento e aumento da qualidade dos serviços prestados aos usuários do SUS. “A informatização contribui para o melhor desempenho do hospital na sua função fim, que é curar as pessoas, porque quando o hospital controla melhor seus gastos, consegue economizar para investir na compra de mais equipamentos, materiais, remédios e para remunerar melhor seu pessoal”, diz o servidor Américo Sousa, que trabalha no Hospital Regional Justino Luz, em Picos (a 310 km de Teresina). No almoxarifado e setor de compras, ele lida com orçamentos e ordens de fornecimento. Quando entrou no serviço público, há seis anos, operava computadores no sistema MS-DOS. Hoje, percebe a mudança que os novos computadores e programas para controle de estoque trouxeram para o hospital. De 2007 para cá, foram adquiridos cerca de mil computadores com o mais moderno sistema operacional e novos programas. Boa parte deles foi destinada à área administrativa para gerenciamento de compras, estoques, faturamento, pagamento. Os hospitais estaduais estão recebendo programas deste tipo, que fazem a diferença, ajudando a gerir os recursos com mais racionalidade, evitando desperdícios e antecipando demandas. Na sede da Secretaria em Teresina, está sendo implantado o sistema de contas, que vai dar maior praticidade à administração no controle de compras e pagamentos. “A modernização da estrutura contribui para melhorar a rapidez do fluxo de informações, a qualidade dos relatórios, otimização de tempo e recursos, até mesmo a auto-estima dos servidores, que agora estão mais satisfeitos com a estrutura e equipamentos de trabalho”, diz Jeanne Ribeiro Nunes, superintendente estadual de Gestão da Administração. A Secretaria de Saúde tem uma estrutura muito grande da qual fazem parte 54 unidades gestoras (hospitais, hemocentro, laboratório, regionais de saúde, farmácias), além das unidades com sedes próprias, todos com certo grau de autonomia, mas vinculadas e subordinadas a uma mesma gestão. São os sistemas automatizados que armazenam bancos de dados e registram, para localização, as informações que estão nas toneladas de processos gerados e documentos que precisam ser preservados nas unidades. “As novas tecnologias ajudam a dar mais transparência no processo de prestação de contas”, diz a superintendente. Mecanismos de controle que previnem e identificam fraudes como o uso de cartão de serviço para abastecimento de veículos, implantação de câmeras de segurança em setores estratégicos como almoxarifados, além de senhas para identificar os usuários dos diversos sistemas operados na Secretaria também têm contribuído para o controle administrativo. Modernização gerencial: medicamentos e consultas mais acessíveis “A informatização tem permitido uma modernização gerencial”, diz Arlindo Neto, diretor Administrativo da Secretaria Estadual de Saúde. Ele refere-se à aplicação de novas formas de gerenciamento com base na estrutura de informática. Dois exemplos e que ocasiona a melhoria imediata dos serviços prestados à população por unidades onde o atendimento chegou a um ponto crítico, como aconteceu em 2007 com a área de medicamentos e o Ambulatório do Hospital Getúlio Vargas - HGV. A criação da Central de Medicamentos concentrou a compra, controle e distribuição de remédios de responsabilidade estadual (para hospitais, de uso excepcional e a contrapartida da atenção básica dos municípios) numa única estrutura. O resultado é menor preço, com economia de quase R$ 11 milhões ano, redução de desperdício e ampliação do atendimento. Uma secretaria grande como a Saúde, com múltiplas estruturas geograficamente separadas, exige uma interligação mais ágil das diversas unidades. Principalmente porque a saúde é uma área em que as pessoas geralmente não podem esperar muito tempo. Como tem muitos caminhos burocráticos a respeitar, a informatização e a interligação em rede possibilitam uma agilidade maior no atendimento dos usuários do SUS. Um dos exemplos dessa interligação ocorre agora entre central de medicamentos, administração da Secretaria e hospitais, que a partir de maio vão fazer suas solicitações online, diminuindo a quantidade de papéis e as possibilidades de erros de digitação. Disque HGV. O serviço de agendamento de consultas por telefone do Ambulatório do Hospital Getúlio Vargas, pôs fim às longas filas para marcar consultas. O usuário liga 0800 280 8673, de telefone fixo, gratuitamente, de qualquer lugar do Piauí, a partir de encaminhamento médico e agenda a consulta de acordo com a disponibilidade de vagas. O sistema bloqueia a ação dos atravessadores que vendiam lugares na fila. Os relatórios do serviço permitem à Secretaria ter a noção exata da demanda que antes estava reprimida porque o paciente tentava marcar na fila e não conseguia, visto que o sistema encerrava o agendamento quando preenchia as vagas do mês. O Disque HGV é um sistema aberto, onde quem liga sempre marca a consulta para a data que esteja disponível. Sabendo quais são as especialidades que apresentam demanda superior à oferta de consultas, bem como a origem dos usuários do HGV, o hospital planeja soluções específicas. O que já é moderno vai evoluir mais ainda. O sistema está sendo aperfeiçoado para marcar os casos encaminhados da rede básica ou postos de saúde via centrais de regulação estaduais e as municipais que já estão em funcionamento. Informação e solidariedade online Os serviços que começam a ser disponibilizados pela internet marcam mais um ponto para melhorar o acesso dos usuários ao sistema de saúde. Pelo www.saude.pi.gov.br, o internauta tem acesso rápido e fácil a indicadores de Mortalidade, Atenção Básica, Vigilância Alimentar e Nutricional e outros sistemas que fornecem dados básicos de saúde, além do perfil epidemiológico dos municípios piauienses. O endereço eletrônico oferece uma conexão para o Portal de Informações em Saúde, produzido pela Unidade de Vigilância e Atenção. “O portal é um espaço onde a informação é um instrumento de controle social, pesquisa e conhecimento”, resume Gorete Ferreira, que coordenou a implantação do sítio, lançado em agosto de 2008. Para doar sangue no Hemopi, é só acessar o www.hemopi.pi.gov.br ou ligar gratuitamente para 0800 285 4989 e agendar a hora. O Lacen (Laboratório Central), além dos resultados que envia pelos correios, também oferece resultados de exames pela internet às unidades ou secretarias municipais de saúde que encaminham as amostras para análises. Para acessar o resultado, o órgão cadastrado entra no sítio www.piaui.pi.gov.br, conecta o Lacen e pega o resultado usando a senha fornecida pelo laboratório. As Ouvidorias dos hospitais recebem as reclamações, sugestões e denúncias dos usuários do SUS por endereços eletrônicos e por telefone. O hospital estadual de Parnaíba instalou o serviço Voz por IP. Utilizando um programa de computador que permite a comunicação online por áudio e vídeo. O usuário pode realizar ligações telefônicas e videoconferências com outros cadastrados no serviço, sem custo, fazer chamadas do computador para um telefone fixo ou celular a preços mais baixos que as tarifas convencionais. Isso agiliza a comunicação interna e também do hospital com seus diversos contatos. Equipamentos Além da qualidade, a modernização confere agilidade aos procedimentos. Na área de saúde as urgências não ocorrem somente nos pronto-socorros. O paciente precisa fazer os exames, ser diagnosticado e medicado com rapidez. Não pode esperar. Nos hospitais, os maiores investimentos são em equipamentos. A renovação vai desde os modernos instrumentos de última geração para UTIs, centros cirúrgicos e exames, para reabilitação física e procedimentos hospitalares simples, refrigeradores e freezers para conservação de produtos e amostras até geradores de energia e aparelhos para cozinha e lavanderia. A Unidade de Terapia Intensiva de Parnaíba e as semi-UTIs de Picos e Floriano, inauguradas nos últimos dois anos aumentam a resolutividade dos três maiores hospitais regionais do Estado e reduziram as transferências para Teresina. A Maternidade e o HGV também tiveram reformas nas UTIs, sendo que no HGV o número de leitos dobrou de oito para 16. Os hospitais macrorregionais receberam juntos mais de R$ 5 milhões em equipamentos. Parnaíba passou a atender casos de alta complexidade em traumatologia e ortopedia, reduzindo o número de pacientes encaminhados para Teresina para tratamento de lesões complexas. Em 2008, o Hospital transferiu para Teresina somente 0,11% dos pacientes atendidos. No mesmo ano, a unidade de saúde de Floriano encaminhou para a capital em 2008 0,48% dos pacientes que atendeu na urgência, e a de Picos 0,36%. Mesas cirúrgicas, incubadoras, gasômetros, Osmômetros, monitores multiparamétricos, contadores de hematologia, monitores cardioscópios de sinais, ultrasom digital, raio-x móvel, cardioversores. Desde os mais simples aos mais sofisticados e caros, os hospitais estaduais receberam equipamentos de ponta – comprados com recursos estaduais e federais - que fazem a diferença no diagnóstico e tratamento de pacientes do SUS, garantindo precisão nos procedimentos da área de saúde e maior a resolutividade dos serviços. Como exemplo, temos os equipamentos dos laboratórios de Biologia Molecular, Hemostasia, Eletroforese e Imunofluorescência montados no Hemopi que dão acesso exames de alta complexidade, com diagnóstico precoce e maior possibilidade de cura de doenças graves do sangue. Também os aparelhos que permitem ao Hemopi fazer exames de fenotipagem e criar um banco de doadores com fenótipos raros. Ou o que permite a coleta por aférese, na qual uma única pessoa pode fornecer até duas unidades de plaquetas (componente sanguíneo muito utilizado em urgências), quando antes eram necessários seis doadores para preencher uma única unidade. No Lacen, os diagnósticos são mais precisos e mais rápidos com a aquisição de equipamentos que permitem realização de exames de média e alta complexidade como os de triagem neonatal, biologia molecular, genética toxicologica, imunológicos e microbiológicos entre outros, de acordo com metodologias validadas e atendendo as normas da qualidade. Os equipamentos para montar a Usina de Gases Medicinais custam R$ 1,3 milhão e vão permitir ao HGV produzir o oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono e outros gases utilizados no tratamento e cirurgias de pacientes, reduzindo os gastos do hospital nessa área de R$ 60 mil por mês os gastos com para cerca de R$ 8 mil mensais. UTIs móveis As primeiras UTIs móveis da rede pública estadual começaram a operar em 2008 e o investimento de R$ 875 mil tem ajudado a salvar muitas vidas. “O mais importante nisso é que as pessoas, especialmente as mais pobres, agora podem ter acesso a um serviço extremamente importante nos momentos mais delicados em questões de saúde”, diz o diretor estadual de Organização Hospitalar, Telmo Mesquita. A Secretaria adquiriu sete ambulâncias de suporte avançado para os Hospitais macrorregionais Justino Luz (Picos), Tibério Nunes (Floriano), Dirceu Arcoverde (Parnaíba) e os de referência em Teresina (Areolino de Abreu), Maternidade Evangelina Rosa, Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella e Hospital Infantil Lucídio Portella. As unidades móveis, compradas através de convênio com o Ministério da Saúde, são equipadas com cadeiras de rodas dobráveis, respiradores mecânicos, ressuscitadores adulto/infantil com reservatório, conjuntos de drenagem torácica, caixas completas para pequenas cirurgias, maletas de parto, entre outros. Melhor estrutura, melhor atendimento O arquivo de dados nos computadores agiliza o atendimento aos pacientes e garante exatidão nas informações. O hospital estadual de Parnaíba está fazendo o cadastramento dos pacientes no cartão SUS no ato do atendimento. Na UTI, os prontuários são eletrônicos. Técnicos que trabalham no setor de Tecnologia da Informação na sede da Secretaria e no hospital estão finalizando um programa que vai estender as informações a todas as áreas da unidade de saúde que lidam com os usuários diretamente, interligando os setores, fornecendo com precisão e rapidez os registros sobre cada paciente. O sistema, previsto para iniciar em julho deste ano, vai permitir o acesso online dos órgãos de vigilância e fiscalização. O paciente vai poder acessar o próprio prontuário. Tudo mediante senha. Na farmácia de medicamentos excepcionais, os usuários têm suas consultas reagendadas automaticamente após cada atendimento, pois os processos são informatizados. As prateleiras onde se abarrotavam as milhares de fichas dos pacientes que já passaram pelo HGV deram espaço a arquivos deslizantes, que guardam os papéis e a computadores que dão a localização exata dos prontuários e registram informações sobre o perfil dos pacientes, listando exames e consultas realizadas – o que agiliza a busca de dados. Para facilitar a adaptação à nova estrutura modernizada, a Secretaria de Saúde está investindo em treinamentos dos funcionários através de convênios com o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e Escola de Governo - na área de informática e gerência em áreas específicas. Para operar os novos equipamentos modernos em hospitais e laboratórios, os servidores dos hospitais passam por treinamentos. QUADRO 1 Rápido O Disque HGV recebe, em média, 900 ligações por dia, sendo que 94% delas são atendidas ao primeiro toque e as demais aguardam cerca de 35 segundos para serem atendidas.