Mais de 800 profissionais de nível médio da rede de saúde, da capital e interior, estão matriculados nos cursos de técnico em radiologia, técnico em vigilância em saúde, técnico de higiene dental e aperfeiçoamento em urgência e emergência. Eles são alunos da Escola Técnica do SUS, o principal investimento do Governo para melhorar a prestação dos serviços aos usuários que precisam do sistema público de saúde, resultante da parceria entre Ministério da Saúde, Secretaria Estadual da Saúde e Secretaria Estadual de Educação e Cultura.
Este ano o número de alunos número vai superar os oito mil, com dois novos cursos: Cuidador do Idoso e Terapia intensiva, e abertura de novas turmas dos cursos já existentes - Técnico em Vigilância em Saúde e Técnico de Agentes Comunitários de Saúde Etapa Formativa I(para os recém-admitidos) e Etapa Formativa II.
A Escola é o instrumento operacional da Política de Educação Permanente na Secretaria de Saúde. Implantada desde 2003 no Piauí, a Política objetiva conduzir a formação do trabalhador do sistema de saúde assegurando que as práticas desses servidores estejam de acordo com as necessidades dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e da população.
Os cursos são oferecidos para todos os servidores da rede pública (estadual e municipal) e o acesso é pactuado entre as gestões estadual e municipais. A Escola atua também de forma descentralizada, atualmente com turmas nas cidades de Parnaíba, Picos, Floriano, Bom Jesus, São Raimundo Nonato, Paulistana, Oeiras e São João do Piauí , Água Branca e Piripiri.
Aprendizagem constante
Clóvis Mendes trabalha há 20 anos no Hospital Getúlio Vargas e está cursando Vigilância em Saúde, um projeto pioneiro no Estado que iniciou em dezembro de 2008 e vai durar dois anos com aulas às sexta-feiras e sábados. Ele vê a educação permanente “como forma de melhorar os lados profissional e humano dentro dos hospitais”. Outro motivo que lhe incentivou Clóvis a fazer o curso foi a possibilidade de aliá-lo à sua atual especialização em gestão hospitalar.
Maria dos Anjos de França, assim como Clóvis, estuda Vigilância em Saúde. Começou a trabalhar no Hemopi (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí) no fim da década de 80. Apesar da larga experiência, sempre procura se atualizar. “O curso me ensinou a tomar mais cuidados no meu trabalho em vários aspectos, principalmente como proteger a mim e aos outros de forma mais responsável, já que é um trabalho detalhista e requer cuidado máximo”, conta.
Clóvis e Maria dos Anjos são exemplos de profissionais com experiência de muitos anos que, no entanto, sabem que podem aprender muito mais. “A troca de experiências é fundamental para enriquecer o que já é aprendido na prática e aqui na Escola” observa a professora Marifrancis Costa, que leciona Ética e Bioética para o curso de Vigilância em Saúde.
“Os cursos são realizados com base no referencial teórico-metodológico da pedagogia problematizadora, sendo valorizado o saber do labor e as experiências de cada participante, explica a coordenadora da Escola”, explica a coordenadora da Escola, Solange Araújo.
Pabla Geórgia Silva faz o curso de técnico em higiene dental. Ela trabalha há cinco anos na área odontológica no município de José de Freitas (a 48 km de Teresina). Mesmo sendo concursada, não pensa em acomodação.
Alunos como ela, de outras cidades, costumam ter o apoio das prefeituras nos custos de viagem e hospedagem para os municípios pólos. “As técnicas estão em constante mudança, por isso a importância de iniciativas como essa. A maior parte dos recursos para a saúde bucal é empregada nos tratamentos. Com a educação constante dos profissionais, pode-se também auxiliar na educação da população e assim evitar o aparecimento de problemas que consomem a maior parte das verbas destinadas à saúde bucal”, diz a aluna.
Capacitação para Saúde da Família
A Secretaria está ampliando os horizontes da área de educação permanente com a Qualificação para Atenção Básica voltada para 350 profissionais das equipes saúde da família (médicos, enfermeiros e dentistas) de três territórios de Cidadania: Vale dos Rios Piauí e Itaueiras, Vale do Alto Parnaíba, e Chapada das Mangabeiras, compreendendo 55 municípios. O convênio com a Universidade Federal é no valor de R$ 814.089,60 com a capacitação iniciada em março e concluída no final deste ano.
A formação visa contribuir para tornar “o trabalho multiprofissional e para a maior resolutividade dos problemas de saúde das populações em suas comunidades”, detalha Narcizo Chagas, coordenador estadual de educação permanente.
Especializações e Mestrados
A gestão estadual também tem avançado na capacitação em nível de pós-graduação. A Secretaria firmou convênios com Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal do Ceará (UFC) para garantir uma maior preparação de seus profissionais, e consequentemente, um trabalho de prevenção e assistência mais eficiente.
Recentemente, a Secretaria de Saúde formou a primeira turma de especialistas em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana. O curso foi realizado em parceria com a Fiocruz e habilitou 50 profissionais da capital e interior.
Já está no quarto período o mestrado em Farmacologia Clínica, que vai formar 14 profissionais de saúde no próximo ano, num convênio da Secretaria de Saúde com a Universidade Federal do Ceará. Os alunos estão desenvolvendo projetos de acordo com a realidade de saúde do Piauí, priorizando ações de prevenção ou assistência direcionadas para a comunidade que a Secretaria possa desenvolver.
“Com a UFC estamos garantindo uma capacitação pioneira, em nível de Mestrado para que várias áreas da Secretaria sejam estimuladas para desenvolverem projetos que realmente possam fazer a diferença para a saúde da nossa população”, diz Assis Carvalho, secretário.
Através da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, duas servidoras estão cursando Mestrado em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Elas são responsáveis pela área de educação em saúde da Secretaria.
Rotina de capacitação
Os cursos, treinamentos, oficinas, rodas de conversa, palestras sobre os mais variados temas que fazem parte do dia-a-dia do trabalhador da saúde são rotina na Secretaria de Saúde.
Além da Escola Técnica do SUS, a Secretaria tem uma atuação forte para preparar os servidores das sedes administrativas e das áreas fins (hospitais, laboratório, hemocentro, coordenações de áreas) para qualificar e agilizar o trabalho. Parte dos eventos é realizada em parceria com a Escola de Governo, Universidade Federal do Piauí e Ministério da Saúde.
São oficinas, rodas de diálogo, treinamentos e cursos dos quais participaram mais de três mil servidores, em todo o Estado, nos últimos dois anos. Os temas são gestão do trabalho, licitação, qualificação para pregoeiro, ética no serviço público, informática básica, gestão hospitalar, reorganização da atenção integral à saúde, atenção integral à saúde de adolescentes e jovens em conflito com a lei, controle social, educação permanente em saúde, sistemas de informação em saúde (SISPRENATAL/PHPN, SISCOLO, Sistema de Informação sobre Mortalidade Materna), humanização, urgência e emergência, terapia intensiva, imunização, biossegurança, aleitamento materno, vigilância epidemiológica de doenças e agravos não transmissíveis.
É um investimento que vale a pena, segundo o diretor de Gestão de Pessoas da Secretaria, Elói Lages. Ele acredita que “todo investimento em capacitação é válido para tornar o servidor mais ágil e qualificado, fazendo com que ele se sinta parte importante do processo. Constantemente realizamos cursos e seminários em áreas como informática, conhecimentos na área governamental, esses em parceria com a Escola de Governo, pois um servidor preparado tem auto-estima elevada o que o ajuda a realizar um trabalho com mais satisfação”.
Os investimentos que as diretorias e hospitais fazem continuamente em capacitação para os servidores têm duas finalidades principais: a atualização de conhecimentos (que na área de saúde têm evoluído muito rapidamente) e a humanização, que deve se refletir em um atendimento de qualidade aos usuários do SUS.
Servidores do SUS
Também são rotina os cursos que, além dos servidores estaduais, incluem secretários e funcionários municipais como médicos, enfermeiros, técnicos em saúde, agentes comunitários de saúde, agentes de endemias, entre outros.
Nos últimos dois anos, foram realizados mais de 200 cursos, treinamentos, oficinas e outras atividades de capacitação que registraram 9.711 participantes entre servidores e gestores do SUS estaduais e municipais.
Os eventos foram promovidos pela Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde, Vigilância Sanitária, hospitais estaduais e regionais de saúde, envolvendo questões como sistemas de informação em saúde, planos e projetos especiais na área de saúde, controle social do SUS, gestão de pessoas, faturamento, controle interno, licitação, gestão hospitalar, humanização, urgência e emergência, terapia intensiva, nutrição, biossegurança. Também foram temas as saúdes do adulto e idoso, criança e adolescente, mulher e saúde mental, assistência neonatal e atenção básica, vigilância de acidentes e violências, imunização (especialmente rubéola e influenza), doenças e agravos não transmissíveis, prevenção e controle dos perigos e agravos à saúde coletiva,
saúde do trabalhador.
Outra área que investiu bastante em capacitação foi a de vigilância: sanitária (farmacovigilância, tecnovigilância, hemovigilância, cosméticos e saneantes, inspeção em serviços de diálise, agrotóxicos e outros), ambiental (dengue, chagas, malária, leishmaniose, esquistossomose, tracoma), epidemiológica (hepatites virais, vigilância epidemiológica em âmbito hospitalar).
Saiba mais sobre Educação Permanente
“Todas as estratégias e parâmetros da política de educação permanente resultam na adequação da formação dos servidores às necessidades reais dos serviços de saúde, ao atendimento satisfatório aos usuários e o controle social” explica Narcizo Chagas, coordenador estadual de educação permanente.
No Piauí, as diretrizes que orientam a educação permanente foram definidas em 2008. A partir de então estabeleceu-se um diálogo mais aproximado com as instituições de ensino, os serviços, a gestão e o controle social com o fim de que as ações educativas se adequem às necessidades da saúde pública. Os diversos setores da Secretaria passaram a trabalhar de forma integrada e interdisciplinar, com a dinâmica do trabalho multiprofissional superando a lógica do trabalho individualizado.
A Política Nacional de Educação Permanente envolve, além da área de Serviços prestados à população, o Ensino (simbolizada pelas instituições responsáveis pela formação dos profissionais), Gestão (que incluem secretário, diretores, gerentes e coordenadores) e Controle social (as organizações de representação civil como conselhos municipais de saúde e a própria população através das ouvidorias).
Secretaria da Saúde
Assessoria de Comunicação