Os pais e responsáveis devem levar as crianças de até cinco anos para vacinar contra a pólio. Hoje, 20, todo o Brasil está mobilizado na campanha nacional que pretende imunizar mais de 14 milhões de crianças. No Piauí, 301.308 crianças precisam tomar as duas gotinhas contra a paralisia infantil.
O Dia “D” de vacinação teve início no Hospital do Buenos Aires às 8h30 com a presença do secretário Assis Carvalho e o presidente da Fundação Municipal de Saúde, Firmino Filho, além de vereadores e autoridades municipais.
Para Assis Carvalho esta é uma das campanhas de vacinação mais importantes realizadas no Brasil. “O Brasil recebeu o certificado de país livre da paralisia infantil em 1994. O Piauí não registra casos da doença desde 1990. E se até hoje continuamos sem registrar casos de pólio, é porque continuamos a vacinar todos os anos as nossas crianças”, enfatizou o secretário da Saúde lembrando que os índices mais baixos de imunização está na faixa etária de 1 a 5 anos.
O presidente da FMS, Firmino Filho, chamou atenção dos pais e responsáveis. “Nos últimos três anos, Teresina não conseguiu atingir a meta de 95% de cobertura, então, fazemos um apelo aos pais e responsáveis para que levem as crianças ao posto de vacinação mais próximo. Mesmo não registrando casos há mais de 20 anos não podemos esquecer que entanto houver um único caso de paralisia infantil no mundo nossas crianças não estarão protegidas”, disse.
Os municípios de São Félix do Piauí e João Costa já cumpriram a meta desta primeira etapa. A segunda fase da campanha contra a pólio acontece no mês de agosto.
SOBRE A DOENÇA – A vacina contra a poliomielite é um serviço básico oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e disponível durante todo o ano nos postos de saúde, na vacinação de rotina. Além do esquema básico – as três doses de rotina – a criança de até cinco anos de idade tem de tomar todos os anos as duas doses da campanha. Até porque a paralisia é transmitida por três tipos de vírus. “As várias doses se justificam por isso. Se a criança não desenvolveu a imunidade com relação a um vírus, com as várias doses, ela tem oportunidade de se imunizar”, diz Arindelita.
A poliomielite é uma infecção grave. Na maioria das vezes, a criança não morre quando é contaminada, mas adquire sérias lesões que afetam o sistema nervoso. As conseqüências mais comuns ocorrem nos membros inferiores, mas o vírus também pode ocasionar uma lesão mais grave em um ou mais membros ou até mesmo levar à morte – por meio de uma tetraparalisia. A doença é causada e transmitida por um vírus que entra no organismo via oral.
A pessoa infectada pode transmitir a doença pelas fezes que, em contato com o ambiente, atinge quem não foi devidamente imunizado. Como o vírus é muito leve, ele pode ser levado pelo ar, entrar em contato com o alimento, com os brinquedos, ou atingir a criança por via oral ou pela ingestão de água contaminada. Uma pessoa que teve a poliomielite, principalmente em um ambiente em que o saneamento básico é desfavorável, o vírus pode contaminar a água, o solo e o meio ambiente de forma geral.
NO MUNDO - Existe um movimento mundial de erradicação da pólio. Ela é endêmica (a transmissão da doença é constante) em quatro países: Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão. Outros 15 países têm registro de casos importados: Sudão, Uganda, Quênia, Benim, Angola, Togo, Burkina Faso, Niger, Mali, República Central da África, Chade, Costa do Marfim, Gana, Nepal e República Dominicana do Congo.
“O Brasil tem um comércio com algumas dessas nações e, além disso, existe um fluxo migratório de pessoas de lá para cá. O fato de a pólio estar erradicada no Brasil, não é motivo para descanso. É importante se manter a vigilância e as crianças imunizadas. Se alguém trouxer o vírus de um desses países, as crianças não correrão risco de adquirir a doença”, explica a coordenadora.
Datas importantes para a erradicação da poliomielite no Brasil:
1961: Realização das primeiras campanhas com a vacina oral contra poliomielite
1971: Implantação do Plano Nacional de Controle da Poliomielite
1977: Definição das vacinas obrigatórias aos menores de um ano em todo o território nacional e Aprovação do modelo da Caderneta de Vacinações válida em todo território nacional.
1980: Início dos Dias Nacionais contra a paralisia infantil no Brasil
1984: Introdução em alguns estados da estratégia de multivacinação por meio dos Dias Nacionais de Vacinação contra a poliomielite para as crianças de 0 a 4 anos de idade.
1986: Criação do personagem-símbolo da erradicação da poliomielite, o Zé Gotinha.
1987: Mudança na formulação da vacina oral contra a poliomielite, aumentado a concentração do poliovírus tipo 3;
1989: Ocorrência do último caso de poliomielite no Brasil.
1990: Criação na OPAS/OMS da Comissão Internacional para Certificação da Erradicação da Poliomielite nas Américas.
1994: o Brasil recebe o Certificado Internacional de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem.
Por Sana Moraes