Alguns dos principais especialistas brasileiros da área de Saúde aprovam as medidas adotadas pelo governo brasileiro para detectar, monitorar, tratar e prevenir novos casos de Influenza A (H1N1). Um destes especialistas que validam as escolhas do governo brasileiro é David Uip, diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, vinculado ao governo do estado de São Paulo, que classificou de “muito competente” a atuação do governo brasileiro na prevenção da doença. “A política do Ministério da Saúde é absolutamente adequada”, afirma Uip, que também elogiou a pro-atividade do MS ao aconselhar pessoas idosas, com baixa imunidade e aos pais e responsáveis por crianças com até dois anos de idade a adiar viagens ao Chile e Argentina. Para ele, os números de casos no Brasil e em outros países confirmam a pertinência das ações adotadas pelo governo brasileiro, em parceria com estados e municípios, até o momento. O infectologista chama a atenção para o fato de que o Brasil, com aproximadamente 200 milhões de habitantes, confirmou 240 casos da nova gripe, enquanto que países menos populosos e com menor extensão territorial, como a Argentina e o Chile, registraram um número maior de casos. Entre os pontos positivos apontados pelo infectologista David Uip na atuação das esferas de governo federal, estadual e municipal no enfrentamento da nova gripe, estão a investigação epidemiológica - que permite a detecção e tratamento de casos, o diagnóstico oportuno da doença e a criação e uma rede de hospitais de referência para o atendimento de pacientes. Uip avalia que o governo estava preparado por conta da elaboração do plano de contingência de gripe aviária, há três anos. RECOMENDAÇÕES - Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Juvêncio Furtado, a avaliação também é positiva. Ele destaca como importantes as medidas de contingência, como a intensificação da vigilância nos portos e aeroportos e a oferta de medicamentos para tratar os possíveis casos da Influenza A (H1N1) no país. Furtado considera adequada a recomendação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para que idosos, crianças com até dois anos de idade e pessoas com baixa imunidade adiem viagens ao Chile e à Argentina. “Não é uma recomendação alarmista. É preciso ter bom senso nisso. Se não precisa viajar, espera um pouco. Mas se a pessoa realmente tiver um compromisso no exterior, ela deve comunicar as autoridades caso apresente sintomas da gripe”, afirma Furtado. Para ele, a partir de agora, o governo precisa investir na capacitação dos profissionais de saúde dos pequenos municípios para melhorar o controle da doença. “Com isso, evitamos que todas as pessoas com suspeita de infecção sejam encaminhadas para os grandes centros onde há hospitais de referência”, explica o presidente da SBI. Outra avaliação positiva é a do médico, infectologista, epidemiologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Reinaldo Dietze, que concorda que medidas tomadas pelo Brasil são adequadas e devem conter o ritmo de transmissão da doença. No entanto, o médico alerta para a mutação do vírus. “A grande expectativa é para a produção de uma vacina o mais rápido possível. Acreditamos que, nos próximos meses, os grandes laboratórios iniciarão a produção. Certamente, o Brasil estará entre os países parceiros com capacidade tecnológica para a fabricação da vacina”. NOVA RECOMENDAÇÃO – Nesta terça (23), o ministro Temporão recomendou que idosos, crianças com até dois anos de idade e pessoas com baixa imunidade adiem viagens ao Chile e à Argentina para prevenir infecções pelo vírus Influenza A (H1N1). De acordo com o Ministro, a recomendação foi definida com base em critérios epidemiológicos, uma vez que há grande número de casos da nova gripe no Brasil de pessoas que voltaram de viagem a esses dois países. Como se trata de uma recomendação, ela pode vir a ser estendida a outros países com quadros semelhantes aos do Chile e da Argentina. Temporão ressaltou que o Ministério da Saúde não determinou a proibição de viagens para países afetados pela influenza A (H1N1). Segundo ele, deve haver “prudência e bom senso nesse momento”, uma vez que as férias estão chegando, o que aumenta a circulação de turistas brasileiros em países com casos confirmados da doença. “Essa é uma medida adicional e de prevenção”, afirmou o Ministro. “No Brasil, não há transmissão sustentada, mas todos os casos autóctones têm vinculo com infecção contraída fora do país”. REFORÇO – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) anunciou, no dia 22, novas medidas para reforçar a vigilância em portos e aeroportos de todo o país, devido ao aumento do número de casos de Influenza A (H1N1) em países vizinhos do Brasil. Para isso, o país vai aumentar o alerta em todas as entradas do país para detectar, diagnosticar e encaminhar para tratamento casos de pessoas suspeitas de estarem infectadas pelo vírus. O anúncio foi feito pelo diretor de Portos, Aeroportos e Fronteiras da ANVISA, José Agenor Álvares da Silva, durante a reunião diária do Gabinete Permanente de Emergências de Saúde Pública (GEI), ocorrida na sede do Ministério da Saúde. FONTE: AGÊNCIA SAÚDE