Célia Silva é mão de Pedro Henrique, 6 anos e Francisco Eduardo, 4 anos. Os dois são portadores de hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do sangue, e são acompanhados pelo Hemopi desde que nasceram. A família estava presente hoje, 06 de junho, para acompanhar de perto o envio do primeiro lote de plasma sanguíneo à França, hemoderivado do qual são feitos os medicamentos tomados por Pedro e Eduardo.
O envio de plasma para a França quer dizer que o Hemopi agora tem certificado de qualidade internacional. A qualificação do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí foi dado pelo governo francês e a partir de agora, parte do plasma sanguíneo preparado no Piauí será enviado à França para a produção de medicamentos hemoderivados, essenciais no tratamento de pacientes com hemofilia e doença de Von Willembrand. No Piauí, são 204 pacientes que dependem desses medicamentos para conter sangramentos ocasionais.
Hoje, 06, foram enviadas 5.060 bolsas de plasma. Para conseguir atender as exigências internacionais, o Hemopi investiu R$ 2.176.376,00. “Esse é o primeiro passo para que o Hemopi adquira outros certificados e passe a ter a qualificação da gestão como um todo. É mais um avanço tecnológico que conseguimos”, afirma o secretário Assis Carvalho. Os recursos foram investidos em melhorias nos laboratórios, equipamentos, insumos e capacitação de pessoal.
O secretário acrescentou ainda que esse é apenas mais um dos avanços que o Piauí vem alcançando dentro da política nacional de sangue. “Investimos em novos laboratórios que ajudam no diagnóstico de doenças como a hemofilia e a anemia falciforme. Com a estrutura montada hoje temos condições de atender a esses pacientes com exames modernos que detectam essas deficiências sanguíneas. O ambulatório do Hemopi já foi credenciado junto ao SUS para oferecer mais esse serviço especializado para a população do Piauí”, disse Assis Carvalho.
O governador Wellington Dias afirmou que se sente orgulhoso do trabalho feito pelo Hemopi hoje. “Lembro que há alguns aos atrás, os doadores se afastaram daqui porque não sentiam segurança nesta instituição. É muito bom estar aqui vendo o quanto essa realidade mudou e como o Hemopi hoje é um centro respeitado e com credibilidade”, afirmou Wellington Dias, que fez questão de colocar os primeiros plasmas dentro do caminhão da empresa francesa.
Atualmente, os medicamentos fator VIII e fator IX, usados no tratamento da hemofilia A e B, são comprados pelo Ministério da Saúde através de licitação internacional a um custo bem elevado. “Não existe outra maneira de produzir esses medicamentos sem que seja com sangue humano, portanto são extremamente caros e ainda não produzidos no Brasil. O Ministério da Saúde os adquiria através de licitações internacionais, mas o fornecimento nem sempre era regular por causa do processo burocrático exigido na licitação. Com esse contrato firmado com a França, nós enviaremos a matéria prima e o laboratório vai vender os medicamentos mais baratos para o Brasil”, explica a diretora do Hemopi, Neuma Café. A economia para o Brasil com a compra desses medicamentos será de 40%.
Todos os hemocentros do Brasil foram vistoriados pelo laboratório francês LFB, responsável pelo processamento do plasma brasileiro. Dos 104 hemocentros que funcionam em todo o país, 70 estão habilitados pelo governo francês e o Ministério da Saúde a fornecer plasma sanguíneo. “A França é referência mundial na área de hemoterapia e hematologia. O Hemopi teve seis meses para se adaptar às exigências internacionais e conseguiu ser habilitado porque cumpriu todo o protocolo exigido. Investiu estrutura física e em tecnologia para conseguir a qualificação”, esclareceu Neuma Café.
Por Sana Moraes