O Ministério da Saúde reuniu ontem (20), em Brasília, os coordenadores dos programas estaduais de controle da tuberculose para discutir e orientar a implantação de um novo esquema terapêutico para o tratamento da doença. A novidade foi anunciada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante a abertura do 3º Fórum Mundial de Parceiros Stop TB, no Rio de Janeiro, em março deste ano. O novo medicamento é o DFC (dose fixa combinada) ou “quatro em um”, como é popularmente conhecido, deve contribuir para o aumento da taxa de adesão dos pacientes com a doença ao tratamento e, consequentemente, melhorar o índices de cura. A vantagem do tratamento é que ele vai aumentar o número de drogas de três para quatro em um mesmo comprimido e, assim, reduzir a quantidade de doses diárias. Até setembro, o Ministério da Saúde receberá o primeiro lote do produto, com 20 milhões de comprimidos, quantidade suficiente para tratar os mais de 70 mil novos casos da doença. Durante o encontro em Brasília, será apresentado aos técnicos das Secretarias Estaduais de Saúde a importância dessa estratégia, detalhes de como será feito o repasse de lotes de comprimidos e de como e quando serão os treinamentos das equipes das unidades de saúde que atendem os pacientes com tuberculose. O tratamento da tuberculose dura seis meses, sendo que o DFC será dado ao paciente nos primeiros 60 dias da terapia. O restante do tratamento será feito com duas das quatro drogas em um mesmo comprimido, mais conhecido com “dois em um”, já usado nos tratamentos atuais. A mudança deve aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento e elevar os índices de cura. Atualmente, 8% dos pacientes que iniciam o tratamento abandonam a terapia, o que pode tornar o bacilo de Koch, causador da tuberculose, resistente às drogas. A meta do Brasil é reduzir a taxa de abandono para menos de 5%, parâmetro usado pela Organização Mundial da Saúde. “Nosso objetivo é detectar a tuberculose precocemente e tratar rapidamente o paciente”, afirma o coordenador do PNCT, Draurio Barreira. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 22 países concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo. Nos últimos três anos, o Brasil passou da 14ª para a 18ª posição no ranking mundial de casos da doença, o que significa que as ações de controle estão sendo eficazes. Esse dado significa que o Brasil melhorou a posição. Isso porque quanto maior a colocação do país no ranking, melhor é a situação epidemiológica da doença.Em relação à incidência, que é calculada com base no número total de casos em relação a cada grupo de 100 mil habitantes, o país ocupa o 108º lugar. No Brasil, a doença é a 4ª causa de mortes por doenças infecciosas e a 1ª em pacientes com aids. PRÓXIMA ETAPA - Depois da reunião com os coordenadores dos programas estaduais de tuberculose, a próxima etapa será ajustar um cronograma de capacitações destinadas aos profissionais que atendem nas unidades de saúde dos municípios. As Secretarias Estaduais de Saúde vão mapear quantas unidades receberão o novo esquema terapêutico e quais profissionais devem receber o treinamento. Após essas etapas, as Secretarias Estaduais e Municipais receberão os medicamentos para distribuir aos novos pacientes com tuberculose. A previsão é completar esse processo até o final de 2009. De acordo com relatório do Ministério da Saúde sobre tuberculose, divulgado em março deste ano, houve uma queda de 24,4% na incidência e de 31% nas mortes pela doença. O balanço foi fechado com dados de 2007. Naquele ano, foram registrados 72 mil novos casos, com uma média nacional de 38,2 casos por 100 mil habitantes. O levantamento também mostrou 4,5 mil mortes em decorrência da doença. No Brasil, 70% dos casos estão concentrados em 315 dos 5.565 municípios. As maiores incidências estão nos estados do Rio de Janeiro (73,27 por 100 mil), Amazonas (67,60), Pernambuco (47,79), Pará (45,69) e Ceará (42,12). A região Centro-Oeste é a que apresenta as menores taxas do país – em Goiás, são 9,57 por 100 mil habitantes. No Distrito Federal, 12,09 por 100 mil. A incidência entre os homens (cerca de 50 por 100 mil) é o dobro do que entre as mulheres. Já as populações mais vulneráveis são as indígenas (incidência quatro vezes maior do que a média nacional); portadores de HIV (30 vezes maior); presidiários (40 vezes maior); e moradores de rua (60 vezes maior). No entanto, há ocorrências em todos os segmentos da sociedade, independente da renda ou da escolaridade. A tuberculose é uma doença causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) que afeta vários órgãos do corpo, mas principalmente os pulmões. É transmitido pelo ar, quando o paciente tosse, fala ou espirra. Os principais sintomas são tosse prolongada, cansaço, emagrecimento, febre e sudorese noturna. Em 1993, a OMS declarou a tuberculose como uma emergência global.