Uma teia de assistência hospitalar, formada por profissionais e gestores de saúde para levar ações de atendimento médico de qualidade ao cidadão, melhorando os indicadores de saúde no Brasil. Para tratar desse assunto, o secretário Assis Carvalho reuniu prefeitos e secretários municipais de saúde dos 38 municípios na cidade de Floriano.
As redes são desenhadas a partir de um conceito que inclui planejamento, gestão e financiamento em cooperação intergovernamental – nas três esferas – e permitem soluções de saúde integradas e adaptadas às necessidades da população de cada região. Esse princípio serve de base para um tipo ideal de organização de saúde, que é meta a ser atingida pelo SUS, tendo como estratégia de transição hoje os chamados Territórios Integrados de Atenção à Saúde (Teias).
O Piauí, mais precisamente a cidade de Floriano, será o quarto projeto piloto executado pelo Ministério da Saúde que já desenvolve redes nas regiões de Juazeiro (BA), Petrolina (PE) e em Santa Catarina, segundo explica o diretor de Articulação das Redes de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Adail Rollo.
Floriano terá como prioridades o fortalecimento do atendimento à saúde das mulheres e crianças dos 38 municípios que compõe o seu território de desenvolvimento sustentável, no entanto, também será referência para os territórios de Uruçuí, Bom Jesus, Picos e Oeiras. “Nesse novo modelo de gestão, pretendemos realizar o diagnóstico da doença mais precocemente para aumentar e melhorar a sobrevida dos pacientes, com a otimização de serviços de detecção precoce”, explica Adail Rollo.
Para exemplificar melhor esse modelo, o secretário Assis Carvalho toma como exemplo o nascimento de uma criança. “Se a mulher faz um pré-natal com um número mínimo de consultas através do Programa Saúde da Família, a equipe tem como prever possíveis complicações e determinar os fatores de risco dessa gravidez. Assim, pode encaminhá-la para um local com atendimento mais especializado de forma antecipada”, disse, acrescentando que o parto normal dever ser incentivado.
Para isso, o Estado está investindo na criação de 53 Unidades Básicas de Saúde (UBAS) e a reforma e adaptação de outras 23 unidades que vão oferecer condições para que as piauienses residentes no interior tenham um parto mais digno e humanizado.
A superintendente de atenção à saúde da Secretaria da Saúde, Cristiane Moura Fé, informa que Floriano é um dos 24 municípios prioritários para redução da mortalidade infantil. “Por isso, nós vamos focar as TEIAS mais nesta área, no entanto isso não quer dizer que outras áreas também não serão beneficiadas. Vamos fortalecer o SAMU nessa região, trazer UPA´s (Unidades de Pronto – Atendimento) e melhorar a capacidade resolutiva do Hospital Regional Tibério Nunes com leitos de UTI adulto e neonatal, banco de leite e diagnóstico laboratorial e por raio-x. A nossa meta é fortalecer a média e alta complexidade na atenção assistencial dessa região”.
Capacitação de mão de obra
A Secretaria da Saúde vem tomando várias medidas para melhorar o atenção básica à saúde dos piauieneses.
Firmou convênio com a Universidade Federal do Piauí de mais de R$ 800 mil para capacitação de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde, etc) na área da atenção básica. Ainda nessa linha, a Secretaria também vai custear a especialização de 44 profissionais de enfermagem na área de obstetrícia.
Como funcionam as TEIAS
Adail Rollo explica como se formam as territórios integrados. “A constituição de um Teia pode se dar entre municípios, entre Estados e mesmo entre países, desde que as unidades tenham identificação em termos culturais. A partir das necessidades de saúde da população a ser atendida, programamos a oferta assistencial, que deve ser feita para atenção básica, especializada e hospitalar de uma determinada região. A metodologia de modelagem dos Teias inclui, em primeiro lugar, a conformação do território, que deve ter entre 100 mil e até 400 mil habitantes, a detecção dos principais problemas de saúde e, então, a criação de um plano de investimento tripartite, para, com os recursos disponíveis, iniciar a ação assistencial.
Ele explica que as teias foram retomadas em 2006, com o Pacto pela Saúde, só que com critérios mais flexíveis. É um conjunto de reformas institucionais do Sus. O pacto também redefine as responsabilidades de cada gestor. Entre as prioridades, estão a redução da mortalidade infantil e materna, o controle das doenças emergentes e endemias (como dengue e hanseníase) e a redução da mortalidade por câncer do colo do útero e de mama, entre outras”, explica. Para a região de Floriano as crianças e mulheres serão o foco principal da TEIA.
Basicamente, há dois fatores que contribuem para o sucesso dos territórios: o compromisso dos dirigentes e o envolvimento das equipes de saúde. “Para que um Teia funcione bem, pretendemos colocar mais recursos na atenção primária e secundária, ou seja, construir pronto-socorro onde não há, criar mais leitos. Dificuldades existem, pois cada região tem as suas particularidades”, disse.
Os benefícios de ter uma rede de atenção de boa qualidade se refletem em vários aspectos, como redução da mortalidade infantil, de doenças crônicas e da taxa de internação, entre outros. O Programa Mais Saúde, do Ministério da Saúde, define como meta que até 2011 existam ao menos 400 Teias implantados no Brasil.