Balanço parcial do Ministério da Saúde sobre a vacinação contra a gripe H1N1 mostra que 12.971.885 pessoas foram imunizadas, desde 8 de março, quando começou a estratégia nacional, até as 9h desta sexta-feira. O número representa 22,1% do público-alvo estimado para as três primeiras etapas, que é de 58.695.070 pessoas. A fonte dos dados é o sistema de informações do Programa Nacional de Imunizações, que é alimentado pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
Os números foram apresentados pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que alertou para a necessidade de reforçar a imunização em três grupos que foram afetados de maneira importante pela gripe pandêmica em 2009. Até o momento, grávidas e doentes crônicos com menos de 60 anos têm cobertura de 41,1% e 32,8%, respectivamente. Em 2009, o Brasil registrou 2.051 óbitos pela gripe pandêmica, dos quais 1.539 (75%) ocorreram em pessoas com doenças crônicas. Outra análise que chama atenção é que, nas gestantes, a mortalidade foi 50% maior que na população geral. Ao todo, morreram 189 grávidas no ano passado.
Com 66,1% de cobertura, até o momento, as crianças de 6 meses a menores de 2 anos têm um desempenho um pouco melhor. Mas também é importante reforçar a vacinação desse grupo, o que teve a maior taxa de incidência da doença no ano passado (154 casos por 100 mil habitantes).
“A vacina é absolutamente segura e eficaz. Os efeitos adversos, que são raros, se manifestam de forma leve, como dor no local da aplicação, dor de cabeça, febre e cansaço. Para as pessoas que fazem parte do grupo prioritário, o perigo não é tomar a vacina, mas correr o risco de pegar a gripe”, disse Temporão. O ministro lembrou que a segurança da vacina é evidenciada pelos 93,7% de cobertura entre os trabalhadores dos serviços de saúde – um dos públicos da primeira etapa, juntamente com os indígenas, que têm cobertura de 56,5%, até o momento.
Em 2010, até o dia 3 de abril, foram registrados 361 casos de pessoas internadas com doença respiratória grave em todo o país. Mais da metade (56,2%) ocorreu na região Norte (203 casos). No mesmo período, houve 50 óbitos, nos estados do Pará (25), Paraná (8), Amazonas (6), Amapá (2), Maranhão (2), Minas Gerais (2), Goiás (1), Piauí (1), Ceará (1), Paraíba (1) e São Paulo (1).
Temporão também alertou para a circulação de boatos sobre a segurança da vacina, principalmente na internet. “Informações desse tipo são um disparate e revelam profunda ignorância. A população deve confiar no seu médico e nas autoridades de saúde, não em qualquer texto, escrito não se sabe por quem, que circula na rede mundial de computadores”.
AVALIAÇÃO REGIONAL – Maranhão, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás são os estados que, até as 9h desta sexta-feira, tinham as mais altas coberturas vacinais, considerando os públicos-alvo das duas primeiras etapas (ver quadro abaixo). Porém, na avaliação técnica do Ministério da Saúde, este não é um número a se comemorar, porque a vacinação dos grupos da segunda etapa – grávidas, crianças e doentes crônicos – deveria ter terminado dia 2 de abril.
A vacinação dessas pessoas foi adiada para 23 de abril, quando termina a terceira etapa, voltada para adultos de 20 a 29 anos. Essa faixa etária foi a que teve o maior número proporcional de casos de doença respiratória grave causada pelo novo vírus no ano passado: 23% do total de 46.100 casos, em todo o país. O grupo também concentrou 20% das mortes ocorridas em 2009. Para a terceira etapa, a cobertura está em 10%, até o momento, mas este ainda é um número muito preliminar, pois a vacinação dessas pessoas começou no último dia 5 de abril.
“DIA D” – Neste sábado, 10 de abril, o Ministério da Saúde, em parceria com Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, promove o “Dia Nacional de Vacinação contra a Gripe H1N1”. Todos os 36 mil postos de vacinação do país deverão estar abertos, em horários a serem informados pelos estados e municípios, que também vão definir a necessidade de postos volantes para aplicação das doses. Devem ser vacinados doentes crônicos com menos de 60 anos, grávidas em qualquer período de gestação, crianças de seis meses a menores de dois anos e adultos de 20 a 29 anos.
Para marcar o “Dia D”, o ministro José Gomes Temporão estará, às 9 horas, no posto de vacinação do Centro de Cidadania Rinaldo Delamare, em São Conrado, no Rio de Janeiro. O objetivo é reforçar a importância da vacinação para os grupos prioritários e dar uma nova oportunidade às pessoas que ainda não se imunizaram. “É uma iniciativa importante, pois as pessoas costumam ter mais tempo livre no fim de semana. Estamos seguros de que todos os brasileiros, mesmo os que não vão tomar a vacina, estarão empenhados nesse grande esforço para proteger a saúde das pessoas mais vulneráveis à nova gripe”.
GRÁVIDAS, CRIANÇAS E DOENTES CRÔNICOS – Todas as grávidas, independentemente do período de gestação, devem tomar a vacina. As mulheres que engravidarem após o fim da terceira etapa poderão se imunizar nas fases seguintes. Não é necessário apresentar atestado médico para comprovar a gravidez.
Na vacinação das crianças, pais e responsáveis devem levar aos locais de imunização apenas os bebês de seis meses a menores de dois anos. É muito importante levar o cartão de vacinação das crianças. Elas receberão uma dose dividida em duas vezes. A segunda meia dose será administrada 30 dias após a primeira. Se a criança completar seis meses depois de 23 de abril, também poderá ser vacinada nas etapas seguintes.
Em relação aos doentes crônicos, devem procurar os postos de vacinação pessoas com menos de 60 anos que têm problemas crônicos de coração, pulmão, rins, fígado, diabéticos, pacientes em tratamento para aids e câncer ou os chamados grandes obesos (veja lista abaixo). Aqueles que serão vacinados devem levar aos postos um documento de identidade com foto e a carteira de vacinação do adulto, se possuírem. Também não é preciso levar atestado médico comprovando a doença crônica.
“DIA D” DOS IDOSOS – Os idosos com doenças crônicas devem aguardar, pois terão um “Dia D” exclusivo para eles. Será em 24 de abril, quando começa a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso contra a gripe comum, que vai até 7 de maio. Nesse período, todas as pessoas com mais de 60 anos serão imunizadas contra a gripe comum, como acontece todos os anos. Se tiverem doenças crônicas, serão vacinadas também contra a gripe pandêmica. Assim, o idoso só precisará ir ao local de vacinação uma única vez.
PÚBLICO ADULTO –A quinta e última etapa de vacinação, para adultos de 30 a 39 anos, será de 10 a 21 de maio. O público-alvo é de 29,1 milhões. Esta faixa etária concentrou 15% dos casos de doença respiratória grave e 22% dos óbitos causados pelo vírus H1N1 em 2009.
ETAPAS DE VACINAÇÃO – A estratégia de vacinação contra a influenza pandêmica foi dividida em cinco etapas, para públicos específicos. Os grupos prioritários são aqueles que têm o maior risco de desenvolver formas graves da doença e de morrer. Eles foram definidos pelo Ministério da Saúde em consenso com sociedades científicas, entidades de classe e representantes de estados e municípios.
Os critérios para definição dos grupos prioritários levaram em conta as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), os dados epidemiológicos observados na primeira onda da pandemia no Brasil e a experiência dos países do Hemisfério Norte.
A OMS recomendou a imunização de quatro grupos: trabalhadores de serviços de saúde, indígenas, gestantes e pessoas com doenças crônicas. O governo brasileiro ampliou a vacinação para outros três grupos: crianças de seis meses a menos de dois anos e adultos de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos.
Ao todo o Ministério da Saúde adquiriu 113 milhões de doses para vacinar 91 milhões de pessoas contra gripe pandêmica. A meta é imunizar pelo menos 80% desse público-alvo.
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DOENÇAS CRÔNICAS PARA VACINAÇÃO
Os pacientes devem consultar o médico antes de tomar a vacina para esclarecer dúvidas e receber orientações
· Pessoas com grande obesidade (Grau III), incluídas atualmente nos seguintes parâmetros:
- crianças com idade igual ou maior que 10 anos com índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 25;
- criança e adolescente com idade maior de 10 anos e menor de 18 anos com IMC igual ou maior que 35;
- adolescentes e adultos com idade igual ou maior que 18 anos, com IMC maior de 40.
· Indivíduos com doença respiratória crônica desde a infância (ex: fibrose cística, displasia broncopulmonar)
· Indivíduos asmáticos (portadores das formas graves, conforme definições do protocolo da Sociedade Brasileira de Pneumologia)
· Indivíduos com doença neuromuscular com comprometimento da função respiratória (ex: distrofia neuromuscular)
· Pessoas com imunodepressão por uso de medicação ou relacionada às doenças crônicas
· Pessoas com diabetes
· Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e outras doenças respiratórias crônicas com insuficiência respiratória crônica (ex: fibrose pulmonar, sequelas de tuberculose, pneumoconioses)
· Pessoas com doença hepática: atresia biliar, cirrose, hepatite crônica com alteração da função hepática e/ou terapêutica antiviral
· Pessoas com doença renal: insuficiência renal crônica, principalmente em doentes em diálise
· Pessoas com doença hematológica: hemoglobinopatias
· Pessoas com terapêutica contínua com salicilatos, especialmente indivíduos com idade igual ou menor que 18 anos (ex: doença reumática auto-imune, doença de Kawasaki)
· Pessoas portadoras da síndrome clínica de insuficiência cardíaca
· Pessoas portadoras de cardiopatia estrutural com repercussão clínica e/ou hemodinâmica:
- Hipertensão arterial pulmonar
- Valvulopatia
· Pessoas com cardiopatia isquêmica com disfunção ventricular (fração de ejeção do ventrículo esquerdo [FEVE] menor do que 0.40)
· Pessoa com cardiopatia hipertensiva com disfunção ventricular [FEVE] menor do que 0.40
· Pessoa com cardiopatias congênitas cianóticas
· Pessoas com cardiopatias congênitas acianóticas, não corrigidas cirurgicamente ou por intervenção percutânea
· Pessoas com miocardiopatias (Dilatada, Hipertrófica ou Restritiva)
· Pessoas com pericardiopatias
Fonte: Agência Saúde