Hospital Infantil busca pacientes para zerar fila de cirurgias Hospital não consegue localizar pacientes

No ano passado, o Hospital Infantil Lucídio Portela, referência no atendimento de saúde a crianças no Estado teve seu cronograma de cirurgias eletivas atrasado por conta da reforma e de paralisações, gerando uma fila de espera que superou os 1.200 pacientes. Hoje, a realidade é diferente: a unidade já realizou cerca de mil procedimentos desde o início de 2012 e agora busca os pacientes para zerar a fila daqueles que aguardam pelos procedimentos cirúrgicos.

“Todos aqueles que estavam na lista de espera e que conseguimos manter contato já foram operados. No entanto, ainda existem 200 pacientes que não foram encontrados nos endereços deixados no hospital”, diz o diretor do HILP, Ednaldo Miranda.

O médico faz um apelo para que as famílias procurem o hospital para remarcar as cirurgias. “Gostaríamos de dizer para aquelas famílias que estavam aguardando cirurgias que procurem a direção. Qualquer dia da semana tem cirurgião pediátrico atendendo. O usuário terá sua cirurgia agendada imediatamente para um espaço mínimo de duas semanas”, acrescenta.

“Temos o aval do gestor de saúde para procurar diretamente o hospital e ter seu problema resolvido. O hospital voltou a sua capacidade plena de realização de cirurgias. Voltamos a fazer mais de 200 cirurgias por mês onde atendemos um número significativo de crianças com problemas urinários”, diz o diretor.

Hospital Infantil vira referência em urologia pediátrica

Criado há mais de 30 anos pelo médico José Antonio Sena Noronha, o setor de urologia pediátrica do Hospital Infantil Lucídio Portela vive em constante transformação. Após inúmeros procedimentos cirúrgicos em que só o hospital realiza no estado, novas especialidades estão sendo implantadas, tornando o HILP referência para o Brasil. Desde maio, a unidade de saúde realiza cirurgia de calculo urinário em crianças. São mais de 400 pacientes em acompanhamento.

“Pela primeira vez no SUS, estamos fazendo a retirada endoscópica e percutânea de cálculo renal e ureteral em crianças. Este ano o hospital adquiriu todos os equipamentos necessários. Atendemos um bebê de 1,5 kg até um adolescente de 18 anos”, diz o diretor do HILP, Ednaldo Miranda. Segundo ele, 40% das doenças com tratamento cirúrgico nas crianças são provenientes do aparelho urinário.

“É quase a metade, sem falar aquelas que têm problemas diagnosticados ainda na gravidez. Para citar alguns, hoje atendemos casos de crianças que precisam de reconstrução da uretra, de cirurgia para incontinência urinária, câncer na bexiga, hérnia, varicocele, enfim, todas as doenças do trato urinário”, destaca.

De acordo com Ednaldo Miranda, o hospital dispõe hoje de um laboratório equipado e dedicado a criança com algum tipo de problema na bexiga. “São mais de 600 pacientes em acompanhamento. Essas crianças até 15 anos atrás morriam de infecção urinária e hoje o hospital presta relevantes serviços nessa área. Casos como os de Síndrome Urofacial de Uchôa. As crianças que sofrem dessa doença nascem com uma alteração gênica. Quando a bexiga contrai, o esfincter urinário, ao invés de relaxar, contrai também. Isso faz com que a urina volte para o rim e cause insuficiência renal. Geralmente pacientes com 15 a 16 anos vão pra hemodiálise e precisam até de transplante”, explica o diretor, destacando que o Piauí possui a maior casuística individual do Brasil de Síndrome Urofacial de Uchôa. São 11 pacientes em acompanhamento.

Em aproximadamente 15 dias, o HILP dá mais um passo na urologia pediátrica. Vai realizar a primeira vídeocirurgia para doença urológica. “Já adquirimos o equipamento e em 15 dias estaremos realizando esse procedimento pioneiro. Este é o hospital de ensino da Uespi e UFPI que tiram nota 5 no Enade. Tudo isso é oferecido pelo SUS sem custo nenhum para o paciente. No Piauí 92% da população usa o SUS. 3 a 4% usam o planta. Sobra para os outros cerca de 3% da população. Essa equipe do HILP realiza cirurgia urológica tanto pelo SUS como pelo planta. O Hospital está parabéns pelo nível da equipe e devemos isso também aos investimentos da Sesapi desde o início dessa nova gestão, comandada pelo governador Wilson Martins e a  ex-secretária Lilian Martins”, diz o diretor, anunciando mais investimentos.

“Esse mês estamos inaugurando nosso serviço de nefrologia pediátrica e hemodiálise. O HGV esta concluindo a reforma de sua unidade de serviço de nefrologia pediátrica e transplante. Os serviços serão acoplados e nós esperamos que, em breve, a gente esteja também começando a realizar os transplantes renais em criança no HILP. É meta para este ano”, ressalta.

Ampliação

Nem bem terminou uma ampla reforma, o Lucídio Portela já prepara novos investimentos. Através da Secretaria de Estado da Saúde vai construir uma lavanderia, brinquedoteca e sala escolar. “Como o hospital está crescendo muito nós estamos concluindo o projeto para realizar no próximo ano a ampliação da UTI de 9 para 20 leitos, construir uma terceira sala de cirurgia  e aumentar 30 leitos na enfermaria”, anuncia o diretor.

Urologia pediátrica começou no Piauí em 1979

O responsável por implantar a urologia pediátrica no Piauí foi o médico José Antonio Sena Noronha. No Hospital Infantil teve início em 1986. É uma especialidade importante que pode ser realizada tanto pelo urologista de adulto como pelo cirurgião pediátrico. “Os dois podem fazer uma imersão, aperfeiçoamentos na parte urológica e realizar o procedimento, no entanto, nós recomendamos que a cirurgia seja feita por um cirurgião pediátrico, por que ele é, durante 3 anos, treinado pra tratar criança. O urologista de adulto durante três anos é treinado para operar adulto. É vidente que aquele que tem uma formação para criança está mais apto para operar”, afirma Ednaldo.

Por Hérlon Moraes