Uma boa notícia para quem tem cães: o teste de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) tornou-se mais rápido e confiável. O novo protocolo está sendo implantado pelo Ministério da Saúde em todo o país e a IV Coordenação Regional de Saúde do Piauí iniciou na manhã dessa segunda-feira (25) o treinamento para supervisores de Endemias de vários municípios.

O treinamento é ministrado pelo coordenador estadual de Leishmaniose, José Gregório, juntamente com o laboratorista de Parasitologia da Universidade Federal do Piauí, José Henrique Furtado. Durante a capacitação os profissionais contam com aulas teóricas e práticas sobre procedimentos padrões do Teste Rápido, além de discussões sobre a doença, situação epidemiológica, prevenção e controle.
 
O Teste Rápido para diagnóstico da LVC permite maior agilidade na obtenção do resultado e, consequentemente, melhorias na tomada de decisão. “Antes, todos os exames eram realizados em laboratório. Desde o ano passado, o diagnóstico começou a ser realizado na presença do proprietário do animal, com o teste rápido, em campo”, afirma o coordenador da IV Regional de Saúde do Piauí, Vinícius Oliveira.

O teste rápido Leishmaniose Visceral Canina oferece resultado em cerca de 20 minutos. O produto dispensa estrutura laboratorial e equipamentos, facilitando o uso no campo. Possui uma tecnologia de alta sensibilidade, o que agrega precisão ao diagnóstico da LVC em sangue, soro ou plasma. Por ser um teste de triagem, permite que apenas os casos positivos sejam levados para confirmação, desonerando, desta forma, o laboratório.



Quando o teste rápido detecta casos positivos, entretanto, é necessário outro exame para confirmação, chamado Elisa, feito por meio de análise de amostra de sangue em laboratório. Antes da mudança, o Elisa era utilizado como triagem e identificação dos animais doentes e, em caso positivo, a confirmação era feita por meio de uma reação de imunofluorescência indireta (Rifi), também com análise laboratorial.

"Essa nova metodologia de diagnóstico da LVC possibilitará resultados mais práticos e rápidos, contribuindo para que os animais infectados, que são os principais hospedeiros da doença, sejam afastados da comunidade, diminuindo, assim, novos casos de transmissão para os humanos", enfatiza Vinícius.

Segurança

Para o coordenador Estadual de Leishmaniose, José Gregório, a novidade deverá ajudar a minimizar as desconfianças quando cães que não apresentam sintomas da doença tiverem resultados positivos. “Ele reduz a praticamente zero as chances de sacrificar um animal saudável, o que era motivo de polêmica até então. Agora, haverá uma tranquilidade maior para os donos de cães que precisarem ser eutanasiados”, diz.

Distribuição

De acordo com o técnico em Vigilância em Saúde da IV CRS, Antonio Luiz, os kits para realização do teste rápido estão sendo distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde e, neste primeiro momento, estão sendo certificados os municípios de Palmeirais, Altos, União, Lagoa Alegre, Miguel Alves, Monsenhor Gil, São Félix do Piauí, Barro Duro, Alto Longá, Lagoa do Piauí, Nazária, Prata e São Miguel da Baixa Grande. A intenção é de que a capacitação seja realizada ainda nesse semestre para todos os municípios da IV Regional de Saúde.

Doença infecciosa crônica tem origem em protozoários

A leishmaniose é uma doença infecciosa, que tem por agente de origem diferentes espécies de protozoários parasitas do gênero Leishmania sp. Trata-se de uma moléstia crônica e potencialmente letal se não for tratada antes do aparecimento dos sintomas. Sinais clínicos da doença incluem indisposição, anemia, febre, perda de peso e inchaço no baço, fígado e gânglios linfáticos.

A leishmaniose visceral é uma zoonose cujos principais reservatórios domésticos do parasita são os cães, animais fundamentalmente responsáveis pela manutenção da transmissão da doença. Os vetores das leishmanioses são insetos conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos e, em linguagem popular, como cangalhinha, mosquito-palha ou birigui.

O Ministério da Saúde preconiza a eutanásia de cães infectados, identificados por meio de teste sorológico, como uma das medidas de controle para a transmissão da doença. Este procedimento tem provado ser uma importante etapa do controle empregado no Brasil, visando prevenir a infecção do vetor e, consequentemente, a transmissão do parasita ao homem.

Tratamentos para leishmaniose visceral em humanos são considerados muito difíceis. Já para cães e outros reservatórios do parasita, não é indicado nenhum tipo de tratamento - somente a eutanásia. O objetivo é diminuir a possibilidade do surgimento de resistência parasitária aos medicamentos.
 

Por Michele Furtado