Na manhã desta segunda-feira (9), a idosa Maria do Livramento se prepara para entrar no centro-cirúrgico do Hospital Getúlio Vargas (HGV). Lúcida, ela fala de como deseja voltar às suas atividades normais em sua casa, no município de José de Freitas. A cena parece comum num hospital que recebe, diariamente, idosos, vítimas, sobretudo, de quedas com fratura de fêmur. No entanto, a paciente Maria do Livramento tem 108 anos de idade e está confiante no sucesso da sua recuperação.

A cirurgia será realizada pelo ortopedista Wilson Rodrigues. Para o médico, trata-se de uma cirurgia de alta complexidade, que somente é realizada no HGV. Ele explica que com o aumento do envelhecimento populacional, a queda é a ocorrência que mais acomete o idoso acima de 65 anos de idade. “O tratamento cirúrgico é quase obrigatório, pois as pessoas idosas devem levantar da cama e voltar à atividade sem demora, caso contrário não conseguiremos evitar complicações pulmonares e escaras de decúbito. Mesmo nas fraturas incompletas (quanto o paciente pode ser capaz de andar) é perigoso deixar sem tratamento, pois essas fraturas podem tornar-se completas ou luxarem”, explica o ortopedista.



O diretor-geral do HGV, Carlos Iglézias Brandão, ressalta que a complexidade da cirurgia deve-se porque além da fratura de fêmur, a idosa está com uma fratura supracondiliana grave em dois locais, o que será necessário afixar uma placa bloqueada no quadrial (prótese no quadril). "Esse tipo de cirurgia somente é realizada aqui no HGV, porque possui profissionais e estrutura adequada para o procedimento”, disse.

Segundo dados do Ministério da Saúde, quedas acontecem todos os anos, acometendo uma em cada três pessoas com mais de 65 anos. O risco de queda – e seus problemas relacionados – aumenta com a idade. Fraturas causadas por quedas em idosos podem ocasionar internação em hospital e incapacitação. Geralmente, as fraturas relacionadas a quedas em idosos acontecem na pélvis, quadril, espinha, braços, mãos e tornozelos. 90% das fraturas são causadas pela queda.

O ortopedista afirma que quanto mais velho, maior a chance de cair. Alguns idosos apresentam episódios recorrentes de queda.   Assim, em um idoso que cai, o risco de cair novamente nos seis meses seguintes chega a 67%. As quedas são frequentes nos idosos de uma forma geral, com um predomínio entre as mulheres, quando comparadas aos homens, de mesma idade, diz o ortopedista Wilson Rodrigues.

O especialista ressalta que o importante para os idosos acometidos por algum tipo de trauma é o retorno da independência, encorajando-os nas atividades da vida diária, o retorno da autoestima, proporcionando melhor qualidade de vida.
 

Por Fátima Oliveira