No sábado (06), o serviço de captação de múltiplos órgãos e tecidos para transplantes do Hospital Getúlio Vargas (HGV) realizou mais um procedimento. Em um período de quatro dias, foi a segunda captação feita pelo Hospital, que é o único no Estado que conta com uma equipe de profissionais para fazer esse tipo de processo cirúrgico. As doações aconteceram mediante a autorização das famílias.

A doadora do sábado foi a dona de casa I.R.F, 36 anos, natural do município piauiense de Hugo Napoleão. Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HGV e teve morte cerebral em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O fígado foi enviado para Recife (PE), de onde veio um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) especialmente para buscar o órgão. Os rins e as córneas irão beneficiar pessoas que estão na fila de espera no Piauí.

Na quarta-feira (3) foram captados os rins, fígado e córneas do aposentado F.C.S.D, 38 anos, da cidade de Teresina, que teve morte encefálica confirmada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) em consequência de um traumatismo craniano provocado por uma queda. Por não haver receptores compatíveis no Estado, um dos rins foi para Recife (PE) e o outro para São Luís (MA). Já o fígado teve como destino Fortaleza (CE). As córneas (tecidos) ficaram no Piauí.

“O fígado teve como receptora uma jovem de 17 anos, que tinha o transplante como única esperança de tratamento para sobreviver. Era uma corrida contra o tempo. Já entramos em contato com o hospital de Fortaleza, onde aconteceu o procedimento. Recebemos a informação que o transplante foi um sucesso. Ela está estável e evoluindo bem. São nesses momentos que percebemos o quanto é importante a doação”, explica Gilson Cantuário, vice-coordenador da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos para transplantes (OPO) do HGV.

Segundo Gilson Cantuário, é necessário ampliar as campanhas de conscientização sobre a importância da doação. “Somente com essas duas doações, muitas pessoas receberão a chance de uma nova vida; mais saudável e de qualidade. É um momento de esperança que surge em meio à dor”, enfatiza. Ele diz que não existe qualquer documento que comprove o desejo de ser um doador. Apenas os familiares podem autorizar a captação dos órgãos depois de confirmada a morte encefálica. 

Desde o início do ano, o Hospital já fez oito captações de múltiplos órgãos e 61 de córneas. Com destaque para o mês de maio, que registrou 16 captações de córneas, o maior número já registrado desde a implantação da OPO, em 2010.

A Organização de Procura de Órgãos e Tecidos do HGV tem a função de identificar possíveis doadores. O processo inclui, além da abordagem da família, a realização de exames clínicos e confirmatórios e o acionamento da equipe de captação para retirada dos órgãos e tecidos.

Por Solinan Barbosa