O secretário estadual de saúde, Nazareno Fonteles, convocou uma entrevista coletiva, na manhã desta segunda-feira (13/10), para anunciar que seis auditores do Ministério da Saúde já estão no Piauí, com o objetivo de iniciar o trabalho de investigação de corrupção e fraude de procedimentos em 74 hospitais públicos e privados do interior do Estado, que desviaram recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) nos anos de 2001 e 2002. “A situação é gravíssima. O que eu ouvi dos auditores, que fizeram o exame inicial ainda não detalhado, é realmente um escândalo, mostra uma espécie de crime organizado na saúde do Piauí”, disse o secretário, durante a coletiva. Nazareno informou que chegou a ouvir de um dos auditores do Ministério da Saúde, que tem mais de 32 anos de experiência em auditoria, a seguinte frase: “Eu nunca vi coisa igual. É um caso de escândalo nacional”. Esse auditor citou como exemplo a constatação de que uma mesma mulher foi submetida a três partos no mesmo dia e na mesma unidade de saúde, sendo que a mesma nunca teve trigêmeo. A situação é tão grave que o próprio secretário não deu maiores detalhes sobre nomes dos envolvidos para que não prejudique o andamento das investigações e também para preservar a vida dos envolvidos. “Não podemos arriscar porque essas pessoas são “arquivos vivos”, além disso, os envolvidos ainda não estão presos”, esclarece. De acordo com Fonteles, pelo menos 20 pessoas estão implicadas nesse processo, sendo que já foi confirmado que o esquema de corrupção contou com a participação de um diretor de hospital. Os principais municípios do interior que foram citados pelos auditores são: Picos, Parnaíba, Campo Maior, Paulistana e São Raimundo Nonato. Já as principais irregularidades dizem respeito à adulteração do sistema de informática para falsificação de Autorização de Internação Hospitalar (AIH), existência de procedimentos cirúrgicos e clínicos que nunca existiram, além de pacientes que nunca foram internados. Estão envolvidas nesse escândalo, empresas de informática que fazem o faturamento dos hospitais. A auditoria vai apurar se essa falsificação de procedimentos era feita com ou sem a conveniência de outros diretores de hospitais. Secretário pediu ampliação da auditoria realizada em Teresina Antes da entrevista coletiva, os auditores conversaram com o secretário Nazareno Fonteles para solicitar a liberação da prestação de contas dos hospitais. “Estaremos disponíveis para entregar todas as informações necessárias para que esse desvio seja esclarecido e os culpados sejam punidos. Os auditores podem olhar tudo o que é de documento porque o meu único compromisso é com a verdade e a Justiça”, frisou Nazareno. Na oportunidade, os auditores entregaram uma lista contendo faturamento em nome de médicos. A secretaria vai averiguar se todos que estavam na lista eram realmente médicos. Outros auditores do Ministério da Saúde já realizaram outra auditoria esse ano, mas ela foi realizada apenas em alguns hospitais de Teresina. O secretário comentou que já solicitou que seja feita uma investigação maior nos hospitais de Teresina, após a conclusão desta auditoria. Ele lembra que na auditoria realizada em Teresina foi constatado o envolvido de três pessoas que trabalhavam na sede da Secretaria: uma ocupava cargo comissionado; a outra era serviço prestado e foi dispensada em março desse ano; e a terceira é servidora, mas está de licença. “A Procuradoria Geral do Estado vai adotar todas as medidas legais necessárias quando essas pessoas retornar à secretaria”, afirma Nazareno. Depois da conversa com o secretário, os auditores se reuniram com os procuradores da República, Tranvanvan Feitosa e Carlos Wagner. Eles irão permanecer duas semanas em Teresina