O secretário estadual de Saúde, Nazareno Fonteles, visitou na manhã desta quarta-feira a Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), visando dar apoio a todos os membros da diretoria, que estão sendo pressionados, por alguns servidores, a deixarem o cargo. Eles alegam como motivo das manifestações públicas, que estão acontecendo há mais de uma semana, o fato de não desejarem ser transferidos para o Hospital Universitário, e ameaçam fazer uma greve na próxima segunda-feira. O secretário de saúde diz que não vê motivos para esta greve, tendo em vista que ainda nem foi formada a comissão que irá avaliar a viabilidade dessa transferência. “Todos os interessados serão ouvidos, inclusive os servidores, durante todo esse processo", afirma Nazareno. De acordo com o secretário, não existe, a curto prazo, recursos para fazer uma nova maternidade em Teresina, mas a Secretaria Estadual de Saúde já colocou no Plano Diretor de Investimentos (PDI) recursos, na ordem de R$ 4 milhões, para construção de uma nova sede da MDER. “Agora se eu tenho um prédio pronto, que é o Hospital Universitário, com equipamentos que podem melhorar a questão da própria UTI neonatal e de adultos da maternidade, além de um consultório que pode atender a parte ambulatorial, e ainda existe a possibilidade de levar os recursos humanos para prestar os mesmos serviços à população, então não vejo porque não agir com bom senso e prudência. E depois, com calma ainda podemos fazer a construção de um novo prédio para maternidade”, argumenta. Segundo Nazareno, nem mesmo o tipo de direção muda com essa transferência, ela continuará sendo compartilhada como é hoje, ou seja, será indicada pelo governador do Estado, e diretora geral continua sendo ocupada por uma professora da Universidade. “As parcerias com as outras escolas vão continuar existindo, com a Uespi e faculdades privadas. Então eu não sei porque essa grande preocupação agora, ou que outros interesses podem estar por traz disso, isso tem que ser revelado”, declara Fonteles. O secretário refere-se ao fato da habilitação do Estado em gestão plena representar algumas mudanças que podem prejudicar os interesses econômicos dos profissionais de saúde que se beneficiam com o atendimento prestado através de convênio. “Um dos problemas de muito protesto, antes dessa questão da transferência da maternidade para o hospital universitário, foi o anúncio da habilitação do Estado em Gestão Plena implicar no cumprimento da Lei 8080/90, que rege o SUS, no que tange ao fato do hospital público da administração direta, como é o caso da maternidade, terem uma única porta de entrada para os usuários. Não vai ter a porta de acesso às enfermarias para os pobres e nem a porta de acesso dos ricos para os apartamentos, porque esses hospitais não irão atender através de convênios privados, mas apenas através do SUS. E isto vai de encontro ao interesse de muita gente que se beneficia com o dinheiro dos convênios. Mas o que desejamos é que os hospitais públicos sejam públicos de verdade, atendendo a todos de forma igual”, enfatiza Nazareno. Os servidores também alegam maus tratos por parte da diretoria e exigem a demissão de todos os membros da diretoria. “Em nenhum momento esta Diretoria praticou maus tratos contra qualquer servidor. A todos é sempre dispensado um tratamento cortez, respeitoso e de forma humanizada. Ocorre que a bem da moralidade no serviço público, medidas de controle, foram implementadas, acarretando contrariedade de interesses individuais”, enfatiza a diretora geral Oneide dos Santos Rocha. Ela cita como exemplo, a questão do ponto eletrônico que obriga os servidores a cumprirem horário. Nazareno propôs aos servidores que formassem uma comissão para se reunir com ele no final da tarde desta quarta-feira, mas o presidente do sindicato, Bartolomeu Gaspar, disse depois que não tinha mais interesse em conversar com o secretário.