Pesquisa divulgada ontem (terça-feira) pela BBC de Londres apontou que a população brasileira está sim, bem informada sobre os riscos de transmissão da Aids, o que representa um avanço significativo da política de prevenção e direitos humanos traçada pelo Governo Brasileiro para enfrentar a epidemia. A pesquisa traz resultados bastante positivos para o Brasil, sobre o nível de conhecimento da população a respeito das formas de transmissão e tratamento da doença. Quase a totalidade dos entrevistados na pesquisa da BBC, 99%, responderam que o HIV é transmitido por meio da relação sexual desprotegida com uma pessoa infectada e com o compartilhamento de seringas contaminadas. O resultado reflete o conhecimento da população sobre as principais formas de transmissão e conclui que os brasileiros sabem sim evitar o vírus da aids. Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada pelo Ibope no início de 2003, reforça esse dado. Quase 80% da população sexualmente ativa no Brasil relatou o uso da camisinha nos últimos seis meses com um parceiro eventual. 57,8% usaram o preservativo em todas as relações. Esses dados são superiores à mesma pesquisa realizada em 1998. Sobre o dado de que 61% dos brasileiros não acreditam que a aids é uma doença fatal, o Programa Nacional de DST/Aids entende que a pergunta feita na pesquisa não pode ser entendida como grau de informação do brasileiro. “Trata-se, muito antes, de um reflexo de como o brasileiro vê a aids. E vê de uma forma muito diferente do que via no início da epidemia”, afirma Alexandre Grangeiro, coordenador do Programa Brasileiro de DST e Aids do Ministério da Saúde. Para Grangeiro, o dado apresentado na pesquisa é resultado do sucesso da política de tratamento iniciada pelo governo em 1996, com a distribuição de medicamentos anti-retrovirais para pacientes com aids. “Devido à essa política, os brasileiros hoje sabem que a aids é uma doença que tem tratamento no país e que é possível garantir a manutenção da qualidade de vida de seus pacientes. O estigma de doença que mata em poucos dias, comum no início da epidemia, foi trocado pelo reconhecimento dos cidadãos brasileiros de a aids está deixando de ser uma doença fatal, para ser um doença crônica, passível de tratamento”, completa. A política brasileira de prevenção também explica o fato demonstrado na pesquisa que 72% dos brasileiros sabem que o HIV pode ser transmitido da mãe para o bebê durante a gravidez, dado que colocou o país, neste ponto, somente na frente da Índia, Líbano e Rússia. O Programa Nacional de DST/Aids esclarece que as campanhas de prevenção à transmissão vertical não estão sendo feitas hoje para a população em geral e sim focadas em gestantes e profissionais de saúde. Nos próximos dias, o Ministério da Saúde espera divulgar pesquisa mostrando os resultados já alcançados no tratamento de gestantes HIV+ no Brasil. Mesmo sabendo quais as principais formas de transmissão do vírus, 23% dos brasileiros ainda responderam que compartillhar objetos pessoais, como xícaras e toalhas, pode-se pegar o vírus. A política adotada pelo governo tem como objetivo focar a informação sobre o que efetivamente pode transmitir o vírus. Não é objetivo do programa destacar cada uma das atitudes que não influenciam na disseminação da doença, como compartilhamento de toalhas, roupas, xícaras, banheiro, cortar cabelo, entre outras. Se fosse adotar essa lógica, seria necessária uma série sem fins de campanhas. Reconhecendo as principais formas de transmissão - relação sexual sem preservativos e uso de seringa com sangue contaminado - o Programa Nacional de DST/Aids considera que o objetivo das campanhas - mostrar ao brasileiro como evitar a transmissão - está sendo alcançado com êxito. Mas reconhecendo que ainda persiste esse tipo de pensamento, a política de direitos humanos em relação ao HIV/Aids adotada pelo governo brasileiro sempre teve como foco nesses 20 anos de enfrentamento da epidemia a discussão em torno da aceitação, garantia de qualidade de vida e cidadania, quesitos que não foram considerados na pesquisa. Fonte: Ministério da Saúde