Quando se pretende entender sobre determinado assunto, nada melhor do que buscar quem tem vivência nele para alcançar esse objetivo. Por isso, o Hospital Areolino de Abreu está sempre de portas abertas para dialogar, trocar experiências e romper tabus sobre transtorno mental. Na rotina da instituição, visitas e rodas de conversas permanentes são feitas sobre a temática, como ocorreu na última segunda, dia 2, com a visita de estudantes de uma escola particular.

Além da troca de experiências, essas visitas têm efeito positivo não só para o visitante como também aos pacientes, como relata Ivana Cavalcante, enfermeira do Hospital. Esse tipo de visita “é extremamente importante para os pacientes, porque os ajuda a sair do quadro de desânimo, já que, com a interação, eles sentem que alguém se interessa pela história deles”, conta. 

“Eu costumo dizer que antes de você conhecer um hospital como o Areolino sua visão de mundo é uma, depois você passa a dar valor a coisas simples e respeitar as pessoas, o que é muito bom, sobretudo para um adolescente”, disse Ivana.

Outro fato importante “é que esses estudantes estão se formando multiplicadores junto ao seu meio social, como família, escola e amigos, no sentido de desmistificar tudo em volta da saúde mental, principalmente combatendo o pré-conceito”, afirma o professor-orientador da turma do 9º ano no ensino fundamental, Leonardo Silva.

Os alunos fizeram uma visita guiada e conheceram a estrutura física, fluxo de atendimento e tratamentos disponibilizados pelo Governo do Estado. Mas, o momento mais marcante foi a interação com os internos do hospital, quando puderam vivenciar o mundo dos pacientes.

“Viemos conhecer mais sobre a saúde mental e entender como são aqueles que passam por isso para explicarmos aos visitantes da nossa feira de ciências. Além de fazermos companhia porque sabemos que eles se sentem muito sozinhos, não é uma doença fácil”, disse Ângelo Marques, estudante.

Atendimento

Como ajuda às pessoas portadoras de transtornos mentais, o Hospital Areolino de Abreu dispõe, gratuitamente, de tratamento psicológico e psiquiátrico à população do Estado.  Através de equipe multidisciplinar, o hospital oferece dois tipos de tratamentos: ambulatorial, para casos leves e o intensivo, para internação integral.

O ambulatorial, que são as consultas, é oferecido a todas as pessoas que necessitem desse tipo de treinamento, com psiquiatras, que fazem o primeiro atendimento; as enfermeiras dando suporte técnico; assistente social, encaminhando para o recebimento de benefícios, auxílio doença e a equipe da odontologia que presta esse serviço ambulatorial.

A marcação da consulta é feita como qualquer outro hospital da rede hospitalar de saúde. “A pessoa deve ir até o posto de saúde mais perto da sua residência, pega o encaminhamento, vem até o Areolino e marca a consulta no ambulatório”, explica a psiquiatra e diretora clínica do Hospital Areolino de Abreu, Krieger Olinda.

Quanto ao tratamento intensivo, o hospital dispõe de 20 leitos (10 masculinos e 10 femininos), com direito a acompanhante. “A diferença é significativa porque é uma internação mais breve que visa controlar o surto no menor tempo possível”, disse.

Para esse atendimento, não há necessidade de marcação, funciona em regime de plantão médico 24 horas. “Ao chegar, o acompanhante preenche a ficha de admissão e o paciente imediatamente atendido por um psiquiatra. Caso seja encaminhado para internação, passa por uma avaliação inicial, realizado por enfermeira, que verifica todos os sinais clínicos vitais, como pressão e batimentos cardíacos”, informa a psiquiatra. Depois de controlado o surto, o paciente é encaminhado para o CAPS da região em que reside.

Por Samara Augusta