Acolher mães na Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), com recém-nascidos em tratamento de sífilis. Este é o intuito do projeto Permanecer, lançado hoje, 7, na Instituição Hospitalar. Formado por uma equipe multidisciplinar, o visa desenvolver ações de sensibilização sobre sífilis congênita e fortalecer atitudes de adesão ao tratamento, minimizando os sofrimentos decorrentes da hospitalização prolongada. 

Com esse objetivo, a equipe trabalhará, dentre outras ações, com informações sobre a importância da continuidade do tratamento após a alta da Maternidade, além de promover reflexões sobre a prevenção em gravidez posteriores, bem como apontar os riscos do não tratamento. Também serão abordadas as demandas decorrentes de internação prolongada e dos sentimentos decorrentes do tratamento do bebê.

Dentre as metas, estão a redução à resistência das usuárias em permanecer com seus recém-nascidos que recebem tratamento através de punções à base de penicilina, redução do estresse e angústias causadas nas parturientes decorrentes da internação prolongada.

De acordo com Adna Alves, psicóloga da MDER, a ideia surgiu ao perceber que muitas mães portadoras da doença, pelo fato de ter que permanecer para o tratamento de sífilis, passavam por uma situação dolorosa, inclusive, em muitos casos resistiam permanecer para o tratamento do filho. 

A assistente social Josiana Alzira apontou que a orientação é essencial . “Muitas vezes essa resistência das mães acontecem porque elas realmente não sabem o que é a Sífilis. E o mito maior: que a doença não tem cura”, destacou Josiana, ressaltando que o equipe do Serviço Social tem como orientar, esclarecendo o que é a Sífilis, qual o tratamento e a importância da intervenção junto ao bebê.

Para executar o Permanecer, uma equipe multiprofissional está envolvida, como assistentes sociais, psicólogos (as), enfermeiros (as), médicos (as), além de estagiários (as) de Serviço Social , Psicologia e Medicina. O local escolhido para o Projeto piloto será a sala de enfermagem da Ala B e acontecerá as terças e quintas–feiras, às 9h. 

A responsável Técnica da Ala B, enfermeira Mary Karla, esclarece que após o tratamento na Evangelina, as crianças retornam a cada três meses até completarem 18 meses, como o objetivo de acompanhar o tratamento. Segundo Mary, a metodologia será com a identificação dos casos, com visitas diárias para informar quem são as mães que têm a doença e quais os bebês que terão que ser submetidos ao tratamento. “Na identificação, chamaremos as mães para um a roda de conversas para as principais informações que elas precisam ter”, declara a enfermeira, ressaltando que muitas não têm nenhuma ideia sobre a doença, que deveriam ser passadas pela atenção básica durante a gravidez. “Nem sempre isso acontece, então vamos fazer esse resgate”, completa.

Aulas, discussões e momentos com os profissionais e pacientes para uma conscientização de que essa doença existe que é de fácil tratamento, diagnóstico e condução, alertando para que a sociedade seja conscientizada sobre a sífilis, e assim poder barrar o crescimento da doença que vem sido registrado.

Casos de Sífilis
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)  aponta um aumento nos casos de sífilis no Piauí, como está ocorrendo em todo o país e em algumas partes do mundo. A doença adquirida, passando a ser de gestante, passa a ser uma sífilis congênita (no bebê). As repercussões podem ser leves ou graves nos recém-nascido.  

Em 2017, foram 420 casos de sífilis, aumento considerável em relação ao ano de 2016, quando foram registrados 193 casos.

Astrid Lages