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28 de Setembro de 2007 | Atualizado em 05 de Outubro de 2024
Por Assessoria de Comunicação SESAPI - secsaudepi@gmail.com
A dor que salva vidas
A doação de órgãos ainda é vista por muitos com preconceito e precisa ser incentivada.
A pequena Joelma dos Santos, de apenas sete meses, nasceu com um problema grave nos olhos, glaucoma congênito. A menina tinha perda total da visão, por isso precisava se submeter a uma cirurgia delicada, e só então poderia fazer o transplante.
Para a felicidade da sua família, com somente cinco dias na fila de espera, Joelma conseguiu um doador para fazer o transplante de córnea. “A Joelma entrou na fila de espera numa sexta-feira, no domingo a córnea apareceu e na segunda ela já estava pronta para o transplante. Infelizmente a gente desconhece o doador, só sabemos que o nome dele é Francisco, mas nós gostaríamos muito de agradecer a família dele por ter proporcionado essa felicidade para nós e principalmente para a Joelma”, conta Sofia Carioca, amiga da família.
Casos como o de Joelma também aconteceu com o aposentado Antônio Nascimento, que hoje aos 62 anos, tem uma nova vida graças ao transplante de fígado. “Eu era muito doente, andava aéreo. Se eu saísse de casa eu não voltava mais só, as pessoas iam me encontrar longe. Hoje a minha vida é maravilhosa, Deus me deu uma nova vida.”, relata.
Ontem, 27, foi comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos, e para marcar a data, a Central de Transplantes do Piauí promove uma série de atividades, é o que explica a Coordenadora da Central de Transplantes, Lourdes Veras. “Nós temos uma programação durante toda a semana. Ontem, nós tivemos uma missa e logo após uma confraternização. Hoje, 28, nós vamos ter uma panfletagem no ambulatório do Hospital Getúlio Vargas e a tarde uma caminhada na Avenida Raul Lopes para estimular a doação de órgãos. Na próxima semana teremos atividades dentro da rede hospitalar de Teresina. A Secretaria Estadual da Saúde tem uma meta, que a partir de então nós possamos estar realizando campanhas mais freqüentes, pois nós observamos que a nossa grande ferramenta de trabalho é a conscientização da nossa população”, afirma.
Se por um lado, alguém ganha uma nova vida, mas por outro tem gente que sofre com a perda de um ente querido. Dona Alzirene Sousa perdeu um filho, vítima de morte cerebral, mas ela percebe que tomou uma atitude correta no momento em que imagina a alegria estampada no rosto das pessoas que receberam os órgãos do filho. Emocionada ela conta sobre a decisão. “Não foi uma decisão que nós já tivéssemos planejado. Deus tocou no meu coração. Era um momento muito difícil para mim, mas eu sou muito grata a ele por ter me ajudado nessa decisão, em poder estar ajudando outras pessoas. Eu estou muito feliz e eu tenho certeza que meu filho também está muito feliz com a decisão que nós tomamos”, conta.
A carência de órgãos para transplante é enorme no Piauí. No período de 2000 a 2007 a Central de Transplantes do Estado recebeu 118 doações de córneas e 51 de múltiplos órgãos (rins e coração). Este ano, até o mês de agosto, somente 19 doações foram feitas no Estado, entre córneas e múltiplos órgãos, um número pequeno, considerando que há uma grande demanda de pacientes a espera. No total são 638 pessoas que aguardam por transplantes de córneas, 385 por rins e 02 esperando um coração.
Nájela Duarte, 21 anos, começou a fazer hemodiálise aos treze devido a problemas que tinha nos rins. Segundo ela, foi um tratamento difícil, mas que valeu a pena para a sua melhora. “É um tratamento muito dolorido, feito três vezes por semana. Durante o tempo que eu fiz a hemodiálise foi muito complicado para mim, eu perdi um ano na escola. Foi um tratamento que me ajudou bastante”, afirma.
Durante quatro anos Nájela esteve na fila da Central de Transplantes a espera de uma doação. Mesmo com todo sofrimento, ela não desanimou, e agora faz um apelo. “Mesmo na minha não tendo ninguém compatível para a doação eu não perdi as esperanças. Com o transplante agora eu estou feliz e muito melhor do que antes. A fila para transplantes de órgãos cresce constantemente. É preciso que as pessoas se sensibilizem com a dor de alguém que necessita de um órgão para dar continuidade as suas vidas. Você é a extensão do outro”.